O regresso (e despedida) da Etelvina
Em Julho passado, tendo eu já desistido de fazer grandes limpezas em casa, não por preguiça mas pelo facto de todos os instrumentos utilizados nessa faina terem como attachement uma criança de quase cinco anos (pois é!) a berrar eu é que faço! eu é que limpo isso!, o que, sendo um bom treino e de pequenino é que se começa e tudo (pensamento que nunca terá ocorrido a certas sogras, mas adiante), não abona nada na parte da eficiência das referidas limpezas, ora como eu ia a dizer, em Julho passado, recrutei os serviços da minha Etelvina, já de pezinho na pré-reforma por invalidez (dores nas costas), durante dois dias. Justiça lhe seja feita, não comentou nada sobre o estado caótico da casa, da invasão do pó, cotão e grãos de arroz cozido já secos, talvez porque todas as superfícies passíveis de serem lavadas com lexívia estivessem impecáveis, que a linha da porcaria tem a sua fronteira nas portas da cozinha e casas de banho.
No primeiro dia, a Etelvina gastou uma hora a beijar e abraçar efusivamente o seu menino, coisa que nos deixou a todos (especialmente a ele) muito felizes (que esta coisa de quem nos cria no primeiro ano deixa marcas para a vida e a Etelvina foi uma avó diária, extremosa e amorosa, cuidadosa e maravilhosa, para o meu filho e isso nem eu nem ele esquecemos).
Mas no segundo dia, tendo também gasto essa hora de beijos e abraços, gastou outra, que começou assim:
Menina Catarina, isto assim não pode ser, a menina precisa de empregada e eu já lhe arranjei uma. Já combinei que ela cá vem amanhã ou depois para se conhecerem e agora não me venha cá dizer que não pode pagar a uma mulher uma tarde por semana, que é quanto é preciso para dar uma limpeza geral na casa e ainda lhe passar a roupa a ferro.
Ó Etelvina, pensei eu: se uma tarde bastava, porque raio não troquei eu de carro em vez de lhe pagar uma fortuna e mais dez tostões para a ter cá todos os dias a fazer sabe Deus o quê; pensei eu, mas não lhe disse nada: em onze ou doze anos nunca a Etelvina tinha posto as mãos no lume por ninguém e agora estava a pôr, pareceu-me coisa para não desperdiçar e a verdade é que a esfregona com o miúdo pendurado no cabo já me andava a moer o juízo à séria.
Conheci a moça (é uma moça) nora de uma vizinha da Etelvina, moça trabalhadora, honesta, séria e baixa (nota: comprar escadote mais alto). Pareceu-me simpática. Não precisamos de organizar grande coisa que a Etelvina, que a trouxe pela mão, depois de fazer as devidas apresentações, lhe mostrou os cantos à casa e lhe explicou que a máquina da roupa tinha o puxador da porta partido (esforço conjunto do meu filho e da minha sobrinha) e o secador tinha o puxador da porta partido (esforço, embora eu esteja em crer que não foi com grande esforço, individual da Etelvina) e mais umas coisas, dizendo sempre que nada daquilo era trabalho árduo e num instante – que é como quem diz, quatro horas por semana – a moça daria conta da lida doméstica (vislumbrei mais uma vez uma, que de outra forma teria sido possível, carrinha Astra, por um canudo).
Tudo isto e mais metade da minha hora de almoço (que também está num canudo, o almoço de hoje) para explicar que a vou iniciar na tal lida daqui por meia hora. Desejem-me felicidades e podem sugerir nomes para a moça.
Resta dizer que a despedida da Etelvina foi chorosa (da parte dela e da minha) e amuada (da parte do meu filho). Ficaram promessas de visitas futuras e ficam todas as recordações que aqui fui exagerando na personagem que construí. A pessoa, essa, guardo-a no meu coração, passe a piroseira da expressão.
- Esta porra de ter um blog
- Inquérito: é uma boa dona de casa?
Sê bem vinda!!!
vamos ter saudades da querida Etelvina, ela que vá aparecendo para umas visitas também por aqui.
e estamos doidos para conhecer a nova doméstica, olha agora a imaginação foi almoçar, mas depois volto cá com as propostas para o nome da dita
Pois é uma pena a gente apartar-se assim de uma pessoa da nossa estimação, lá isso é… Agora assim prà nova baixinha, pois prajá seja bem-vinda, inda mais que é pra aliviar a carga da minha boa amiguinha e deixar-lhe mais tempo livre pra bloganças e afins; quanto a nomes, pois Francelina, Marcolina, Adelaide, Idalete, Sónia Margarida… qualquer um deles bem bonito e cheio de potêncial.
Seja bem regressada, beijinho.
Adelaide é um nome que por estas bandas tem dado muita sorte. Votos de muitas felicidades!
Oi.
Rebeca.
Etelvina jr.? Etelvina, the younger? Etelvina 2? Caramba, as possibilidades são imensas!
Ermelinda
Beijinhos à Etelvina, prazer em conhecer à Ermengarda e um grande olá à Catarina.
eu cá acho que Etelvina já significa empregada doméstica, pois que chamo (não a elas directamente, claro), Etelvina à que tive até Fevereiro, Etelvina à que tenho actualmente, Etelvina à da minha irmã… só escapa a da minha mãe porque já a temos há muitos anos, por isso tem o nome dela mesma. Isto para dizer que acho que devias continuar a dizer o nome Etelvina (podias acrescentar um “a nova Etelvina” ou a Etelvina Jr.). Se bem que, achei ali o Ermelinda sugerido pela Ruiva um nome bem catita, e dá um ar mais jovem à “coisa”…
Bem vinda, Catarina!
Chegaste cheia de energia, da Katrina às limpesas, temos a nossa Cat de volta no seu melhor estilo!
Gosto imenso deste teu tipo de posts. O meu voto quanto ao nome ia para Adelaide, porque para mim a Etelvina – para além desta tua – é a do Sérgio Godinho. E talvez, com a nova Adelaide se possa mesmo trocar de carro, não? Também, 4 horas semana não é a ruína de ninguém…
maria das virtudes
sogras… humpfh…
Cátia Vanessa.
Só pode.
Olá a todos!
Só para responder a correr, não às sugestões que muito agradeço, mas apenas para updatar a informação: quando saí de casa já tinha tudo quanto tinha levado mão de Etelvina Jr. (por enquanto fica assim) fora do sítio. Tá bem, quer dizer que limpou o pó por baixo…:)))
Beijos a todos.
And we have a winner, quer-se dizer, mais ou menos, ou…whatever!
A Etelvina Jr tem que aprender os sítios das coisas. Dá-lhe tempo. E às vezes a mudança é benéfica. A minha Etelvina (mais conhecida por Lila) já me avisou que se cansa de ver as coisas sempre no mesmo sítio e se de repente elas mudarem de sítio para eu não me assustar!!!
Cat,
Enviei-te um mail por causa da Pública…. já o leste?! Mandei para o Hotmail.
Aviso à Ruiva. Ermelinda é o nome de uma tia minha que tem um mau feitio ainda pior que o da Catarina. Talvez fosse melhor não.
Desejo que tenhas mais sorte nessa nova aventura que aquela que temos tido ultimamente…
ISALTINA, minha querida, ISALTINA.
vou ter saudades da Etelvina…venham daí as histórias da Jr.
e acabo assim a minha ronda por este canto que tanta falta fez!
Iolanda. E, se a moça for/passar por ucraniana, Irina. E se for/passar por brasileira, Jocilene. Beijinhos & welcome back!
duende LOLLLLL (essa do mau feitio :P)…
Boa! voltaste! e escreveste uma data de posts que eu agora tenho que ler! bah! não pode ser só um por dia ? :))
Mais um obrigada pelas sugestões (e restantes considerações sobre maus feitios LOL!)
Lyra, é assim, tirei a barriga de misérias, mas prometo ser mais comedida daqui em diante.