Mais um chá nocturno
Arrisco o título. Arrisco o post.
Há cem, duzentos anos atrás, talvez Outubro, talvez Novembro, quando as folhas amarelas cobriam os cantos dos passeios, acompanhava os meus chás com um piano melancólico, mas sereno. Em repeat mode (sou tão obsessiva!) a banda sonora do Goodbye Lenine, Yann Tiersen. Como se as folhas caissem outra vez, só por voltar a ouvir. Como se o ar se enchesse de folhas planadoras, escritas em desenhos ilegíveis, como se os outonos regressassem com a sua tristeza doce feita de lareiras pequenas e os primeiros fumos das castanhas.
Mas varrem-se as folhas amarelecidas, meias podres de chuva que escorre pelas ruas, transformam-se numa pasta mole e escura que vai enchendo sargetas, à mistura com beatas desfeitas. Algumas talvez se partam em pedaços. E talvez alguns desses pedaços, quase microscópicos, ainda voem neste céu de inverno. E talvez, talvez, um, um apenas, tenha atravessado um ar cinzento e sem vento e se tenha quedado, sem eu dar por nada, dentro da minha chávena de chá (agora quase frio) de hoje.
- Não é que eu não goste de ralis, pá!
- Hoje
As folhas transformaram-se em turfa, depois em lignite, a seguir em hulha e por último em antracite. Carvão. Carvão que apesar de um tanto ultrapassado, foi o combustível da revolução que mudou o mundo. Quimbóios. :-)))
Hm…para mim qualquer momento bom serve para ouvir yann tiersen… =)
Inté quim fim, issa!
É, Du…e mesmo na horinha de me ir embora. Mas hoje de manhã ainda consegui ler o teu comentário…:-) Beijinho.
Grande Filme e grande banda sonora. Parabéns pela escolha.