O (único) post do ano
Com um copo de tinto ao lado. Coisa rara, quase tão rara como escrever aqui.
Vinha agora a pensar em frases tipo “em vez de presentes no Natal, ofereça o seu tempo às pessoas da sua vida” e depois pensei mais coisas mas não interessa aqui.
Tenho a cadela enrolada no chão ao lado. Ter um cão é uma trabalheira e ao mesmo tempo tão simples. Tão bom.
Há três estrelas seguidas – agora não as vejo daqui – não faço ideia que constelação sejam (ou sei mas não me lembro e também não interessa) que todas as noites de céu limpo, me guiam. Estrelinhas que vos guiem…sim, conheço a expressão, neste caso em auto qualquer coisa, em auto-modo, vá, porque isto é mesmo assim. Uma pessoa guiar-se pelas estrelas é coisa do passado e talvez pouco fiável, mas uma pessoa guiar-se serve para quê, exactamente? Para não errar o caminho para onde? É um bocado estúpido, não é? Portanto aquelas três estrelas servem perfeitamente. É o momento em que fumo um cigarro em silêncio e olho para o céu. A cadela sempre ao lado. Acompanha-me na minha pequena viagem diária e silenciosa pelas estrelas, às vezes a roer um brinquedo, às vezes a dormir, às vezes a olhar para mim com uns olhos meio amarelos e brilhantes, um ar de lobo feroz cheio de dentes, em versão sou tua e tu és minha, vou contigo. Mesmo que não saiba para onde, mesmo que não saibas para onde, vou contigo. É cão, não lhe interessa o resto, é tudo muito simples. Qualquer caminho.
E eu também, um pouco assim, qualquer caminho.
Talvez seja esse o meu, aquele que tento sempre, o da sabedoria ou lá o que for, talvez seja esse o meu: à deriva, qualquer que seja a direcção, umas vagas estrelas, um cão; ir andando.
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