Um post de moda que não quero tar blog out.
Hoje, em conversa com amiga, a passear sacos de lavandaria e supermercado, perguntei-lhe se ainda olhava para as montras (é um desporto que fazemos há muitos anos, este grupo de amigas, à hora de almoço, enquanto debitamos parvoeiras e poupamos rios de dinheiro em ansiolíticos e anti-depressivos).
[nota de rodapost: viram aqueles dois ahs na frase acima? um com agá e outro sem? É assim, viram? É assim! Não é complicado!]
A minha amiga respondeu que, sinceramente, com tanta coisa e tanta crise e tanta chatice e tanta conta (acho que não disse isto tudo, mas era a ideia), nem lhe apetecia. E a mim também não, realmente. Nem vale a pena, para não nos aborrecermos ainda mais, concluímos na altura.
E fiquei a pensar naquilo. Não olhar para montras porque não se pode comprar. Não entrar nas lojas porque não se pode comprar. É deprimente, é uma tristeza. Para uma gaja, vamos lá ser honestos, é uma verdadeira tragédia emocional. É o caminho seguro para a depressão. Não pela parte da auto-estima, mas porque toda a gente sabe que, a nível molecular, nada consola tanto como um par de botas ou um verniz novo.
Não pode ser. Não nos podemos entregar à miséria do nem olhar para não ver. Isso é o fim do mundo, do universo e é certinho que, passados uns tempos, se não se pode ver, não se pode fazer nada sobre o assunto e então nem vale a pena lavar o cabelo, sujo também serve. Estão a ver aquelas criaturas que estão ao nosso lado nos semáforos a atravessar as ruas? Assim, todas mal enjorcadas, com falta de banho e meio encardidas na roupa e na alma? Arriscamo-nos a ficar como elas. Qual de nós, confessem lá, qual de nós não saiu de casa de manhã, furiosa porque a roupa não servia/era feia/velha/não tínhamos nada que vestir e já que era assim também não secámos a franja? De birra, de zanga com o mundo e as putas das calças apertadas e o borboto na camisola, ai é? se estou mal, então vou mesmo mal, porrapaisto! E o dia todo enervadas, não tou bem hoje, que maçada, não quero ir almoçar, não quero ver montras, o mundo é mau e assim também não gosto dele!
Não pode ser. É uma crise muito grande, aliás são logo duas. A outra, a que nos rodeia até ao tutano passando pelas tripas e esta, de valores mais estéticos. Esta podemos resolver. Podemos resolver a ver montras. A ver com muita atenção, porque em três segundos chegamos à conclusão que o casaco que lá temos em casa há onze anos é igualzinho àquele, só precisa de cinto ou que as botas têm cano e e sola salto e…também são mais ou menos iguais e que se usa o azul petróleo e o cor de laranja, mas espera! também se usa o vermelho e o preto e o branco e todas as cores, mais misturadas. Ou menos. Porque a diferença, minhas amigas, a diferença não está na montra, nem na roupa, nem nos sapatos. Está – tcharam! – no cabelo. Está no bom aspecto, que é uma coisa que algumas das miúdas das lojas que usam a roupa que vendem, ainda estão para descobrir o que é, porque se esqueceram de lavar a cabeça. E o bom ar, então, nem sabem o que é.
É ver montras. Com parvoeiras, com ideias, com alegria. E depois ir lavar o cabelo (em vez de escrever posts…)
[o cabelo é uma metáfora para uma data de coisas; se não sabem o que é, estão no blog errado, mas o que não falta por aí são blogs de moda]
- 168.888
- Foda-se que já queimei o frango!
tive uma vez um namorado que quando me pedia para eu ir bonita, apenas pretendia que eu fosse bem disposta e alegre…
Opá mas é que é isso mesmo. ‘Smelivre de deixar de ver montras só porque não posso comprar, faltava mais nada. Olha, lembras-te da Odette de Saint-Maurice? Há um livro em que a Ana Margarida de Ribatorpes diz que vai desenterrar os tesouros todos para que as raparigas da Fundação se habituem a ver coisas boas e bonitas, e depois nas suas casas se não pudessem ter loiça da Companhia das Índias teriam outra coisa qualquer, mas já iam com o gosto pela beleza. That’s the spirit.
(e agora vou ali lavar o cabelo LOL)
não consigo ler nada, tenho os olhos a picar do shampoo!!
Reparei na nota de rodapost, vi os dois ahs. Tem razão, não é complicado.
Gosto de mulheres cheias de metáforas
(Não vou ao barbeiro)
Ahahaha, é o cabelo!!