Poesia de fim de tarde
Fim de tarde e eu já em casa. Passa uma barcaça Tejo acima. Não é realmente uma barcaça, é um porta-contentores, mas gosto da palavra “barcaça” e uso-a, uma barcaça carregada de contentores, todos às cores. O fim do sol a bater no barco, o céu azul cinzento, uma árvore quase sem ramos no caminho do horizonte. E eu, contentores,
contentores, desembarque, bill of lading, créditos documentários, créditos documentários de importação, não, espera, o barco está a entrar com os contentores, são importações, CDI’s para cá? Não, CDI’s é mais para lá, o importador do exportador português, porque isto será uma importação e o importador português é que pagará e portanto talvez não, ou então já teremos a credibilidade do pagamento de importações tão má que necessitemos de documentos que garantam também o recebimento para o exportador dos nossos bens importados, talvez realmente, não me tinha lembrado, agora estou curiosa, hei-de depois ver isso
e depois passa um helicóptero, o barco já desapareceu e eu estou na minha varanda mas (pelos vistos) não estou.
- As revistas de gajedo e eu
- O problema de pagar a escola pública ou a privada
Essa varanda é uma privilegiada.