100nada

Não estou grandemente para aqui virada

ou melhor, até estou, mas não é neste registo. O último draft é sobre Moçambique…portanto já se vê que há aqui uma nítida confusão entre o dia e a noite, um não conseguir desligar daquilo que digo que é demais e me põe doida e a dizer palavrões e aos berros mas no fundo, no fundo, me motiva e entusiasma e que faz parte do meu dia-a-dia em work-mode. A verdade é que me apetece escrever coisas que, se calhar talvez fossem úteis, trocar por miúdos coisas que parecem complicadas, dar dicas, explicar coisas que deveriam ser básicas e que acho que ajudavam, mas isso seria misturar as coisas e toda a gente sabe que eu não misturo trabalho e conhaque, para além do meu imenso horror à difusão generalizada daquilo que faço e que considero que é privado. Giro isto, o blog é que é privado, mas privada aqui é a minha vida profissional. Adiante.

Mas caneco, que me lixa depois este coiso do pulise, pá. Sim, touta dedicar o postal, ó melguça! Agora querias aqui um semáforo vermelho ou assim? Eu também queria, pois claro que queria. Até vou escrevendo os meus posts nos semáforos e em tantos outros lados, ali, na minha cabeça, enquanto espero que mude para verde ou a fila do supermercado avance ou o médico atenda ou a coisa ande. A coisa anda e eu escrevi, interrompi, andei. Um gajo anda anda anda anda vai-se a ver, fez sete máquinas de roupa e alapou com vários sacos de supermercado e anda anda anda e depois na verdade está sempre no mesmo sítio, é como as camas, que detesto fazer, porque todos os dias se desfazem e nunca se faz senão a cama e desfaz-se e torna-se a fazer. Não, não me queixo da rotina nem da vida que é, no geral, boa, não me queixo de nada, aliás, que não há razão. Mas a vida é real, é muito real, é real demais até, não tem espaço para flores ou mesmo espinhos literários sobre a porra dos semáforos. Não há nada nos semáforos senão gente que anda a pé e gente que não anda a pé, mais umas motos, poucas bicicletas, uns carrinhos de linhas, umas formigas em filas e os tipos que se vestem com placas de jornais gratuitos. Não há nada a dizer sobre essa gente toda, há a escrever na cabeça e depois publicar na cabeça o draft e nunca mais lembrar da coisa. O meu blog é o meu disco feito de mioleira e, ao menos esse, esse apaga-se mesmo. A malta depois de escrever na net, parece que aquilo ali não ocupa espaço, parece até bonitinho inserido no template e tudo. Ao menos, quando era papel, mesmo que não se rasgue, que é tão mais fácil, ao fim de uns tempos a letra já não se percebe. Pelo menos a minha, que levei anos a aperfeiçoar uma letra de médico que fosse mesmo fixe e longe das vogais redondas de miúda parva. Em certa medida, consolo-me: a escrita ilegível, consegui manter aqui.

12 thoughts on “Não estou grandemente para aqui virada

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  3. monalisa

    Como acho que os emails teus que tenho estão todos desactualizados..fica mesmo aqui..PARABÉNS (embora um bocadinho atrasados)
    10 anos…O tempo passa,não é???
    Tudo de bom,minha querida, felicidades e beijinhos para os dois.

  4. Maria

    Olá Catarina, bom dia
    Desculpa estar a servir-me da tua caixa de comentários mas não consegui localizar o teu e-mail.

    Depois de umas pesquisas pela net, já percebi como se cria uma página de Comunidade no FB.

    A questão reside em saber se também esta página pode ou não ser atacada pelos anónimos da vida e com isso ser desactivada. Se sim, então não merece o esforço. Se não, se é algo que não pode ser denunciado por pura malvadez, então aí valerá seguramente a pena.

    Obrigada pelo teu carinho e pela tua sugestão.

    bj

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