As minhas amigas
Juntam-se em cantos e segredam-se, encostadas umas às outras (mesmo em sítios separados mas ligadas nas conversas), dizem coisas misteriosas e riem muito, mesmo que estejam quase a chorar porque a outra sabe sempre (sempre!) e mistura a coisa errada com outra que seja engraçada e são assim as mulheres realmente amigas. Contam histórias e preocupam-se e depois segredam segredam, sabes que a mim, pois tá claro e tens toda a razão e depois ia na rua e ouvi a mesma coisa e não sejas parva só tu é que não vês e mesmo com óculos e lá se foi o meu zen não sejas assim olha que nunca mais vais ter essa parte e ainda bem ainda bem que não somos só nós e não te reconheço e tem calma e conta-me essa parte a sério com toda a gente perto e preciso é de coisa leve e preciso é de repensar isto tudo e preciso é de um corte de cabelo e não estás bem a ver e por acaso também achei isso tal e qual e não sejas tonta claro que é assim e não realmente não podes e que parvoíce não há paciência e preciso é de me distrair conta lá e não digas isso não é nada assim e
misturam-se as amigas e baralhamos e tornamos a dar para que se reconheçam sem se reconhecer e para, acima de tudo
agradecer.
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A cumplicidade e o carinho tão bem (d)escritos! Obrigada pelo texto, pelo (re)conhecimento, Cat.
Exactamente.
É uma solidariedade muito forte e aqui muito bem descrita. Não é por acaso que existem várias séries de êxito com o tema desta enorme ‘amizade feminina’ que é muito cúmplice e solidária.
Um dia vou tomar café contigo, e garanto-te que se tu não fores tal qual escreves, assim, sem parágrafos, nem virgulas, nem tempo para respirar, vou ficar muito lixada, porque é assim que (te) imagino, a falar, falar sem dar tempo de respirar. E mesmo assim dizer coisas com sentido (ou pelo menos algumas 😉 ).
(ninguém escreve tão bem com tão pouca pontuação – Cat rules!)
A amizade feminina, tenho para mim, que conhece dois momentos altos, a adolescência e a maturidade (chamemos-lhe pós-trinta), vivida de forma diferente em cada uma, mas intenso e indispensável em ambas.
Boa, Catarina!
(eu não acredito que me tenha chamado “madura”, risca lá isso fáxavôr)
hehehehehehe…
belo texto.