100nada

e começo a trazer os livros

que cheiram a livros e isto de os trazer, oferecidos, aflige-me. É organização apenas, eu sei, nada mais que isso, nada mais que isso…

Lembro-me de ficar chocada com as pilhas no chão, há um ano ou dois. Que se tinham que tirar dali e todos em montes no chão. Quando eu tinha a tua idade também era capaz de ter ficado chocado (não, quando tinha a minha idade, já tinha vivido tanto, tão mais que eu, não tinha nada ficado chocado), aliás comprei-os e li-os, mas são maus, não prestam. Não vale a pena guardá-los. Queres? Leva, mas aposto que não os vais ler. É lixo, e eu chocada, mas a aprender. (tá a ver, ainda estou a aprender). Não há tempo para ler todos os que gostaríamos, mesmo que tivéssemos todo o tempo, aprendo. Trago sacos, mesmo assim, escolho das pilhas, esse é uma porcaria, para que é que levas isso? Só vai ocupar espaço, trago sacos ainda naquela ideia (infantil, é um conceito infantil)

[desculpe, eu sei que é católica praticante mas isso é catequese da terceira classe; pode ser o que lhe ensinaram mas não é isso que significa]

(iguais os dois, ateu e jesuíta)

quase aposto que os outros voltaram para as estantes

naquele conceito infantil que os livros, mesmo os maus, não se deitam fora. E cresço muito depressa, cresço muito depressa (embora tenha ainda os sacos algures, agarrada a uma livreira “catequese da terceira classe” da outra que fica branca com aquela resposta) mas percebo

é o primeiro passo para interiorizar, parece-me

ainda não sou capaz de ser ateu ou jesuíta

e os oferecidos guardo mesmo bem.