No semáforo vermelho
(meio da Av.Berna, hora de ponta)
Oiço um carro a apitar e não ligo nenhuma. Mas depois percebo que são buzinadelas seguidas, compridas e que não param. Olho para todos os lados e começo a ver, pelo espelho retrovisor, um carro a tentar avançar pelo trânsito (compacto), sempre a mudar de faixa. Alguns carros afastam-se e deixam-no passar e, aos poucos, cada vez mais carros se afastam a abrir a quarta faixa destinada a ambulâncias, carros de bombeiros e afins. Passa por mim, sempre a apitar, bastante depressa, das pessoas dentro apenas distingo o condutor, de óculos escuros e cara crispada. Os restantes passageiros vão no banco de trás.
Perde-se lá para diante, sempre a mudar de faixa quando não o deixam passar e eu fico ali, alarmada e angustiada, com o que se passará naquele carro, que não pode esperar por ambulância e que avança num desespero de buzinadelas contínuas, em hora de ponta. Coitado, coitados! penso, desgraçados, espero que cheguem ao hospital ou onde for depressa, a tempo.
E só na A5, depois de terem passado algumas ambulâncias do costume e de ter ouvido outras ao longe é que reparo que me angustiei com aquele carro, mas cada ambulância que passa apenas me preocupo com ter espaço para sair da faixa. E nunca, nunca me lembro que, dentro de cada uma delas, está a acontecer mais uma história de tempo contado, porque a isso já estou habituada.
- Os orgasmos auto-inflingidos causam dores de dentes?
- Sósias e assim
então?!?! … vamos ao que interessa
não me digas nada…a primeira tentativa, no meio da Uma Thurman e afins, aparecia o John Glenn (e já careca). Acho que aquilo está avariado…
assim não vale … é à primeira … ou estamos na era do revisionismo estético?
ainda bem que o semáforo está vermelho, a gente tem que esperar
Qual revisionismo estético, eu sou gaja, pá! Claro que não vou escolher uma foto que me faz parecida com o John Glenn!
gaja ou gaija? nunca acerto
eu penso sempre: “lá vai mais um aflito(a)”
Gaijas são as que não sabem soletrar 😀
@na, eu não…é o reconhecimento da minha indiferença ao hábito.
Olha, um semáforo (há quanto tempo o não via)! É verdade é, o “habitual” às vezes já não nos faz pensar.
desde que estive do lado de dentro da ambulância com a minha cat que todas elas se/me lembram
acordei da indiferença quando vi um INEM a trepar a rotunda da Estefânia. “bateu-me” quando percebi que era para levar um miudo ao hospital, em desespero. dez anos depois angustio-me a cada sirene e lembro-me do olhar do condutor, na sua ansia de salvador. não há ambulância que passe que eu não lhe agradeça.
Pois é, Crezia…
Cool, eu também estive dentro de uma com o R. . Uma aflição, pois é mesmo. Mas a pessoa habitua-se a tudo (vê-las a passar ao lado) e já nem liga, o que é muito mau.
Mermaid, eu entendo. Mas a indiferença, na rotina, acaba por distrair (ou então somos nós que desligamos para não querer pensar)