100nada

A questão existencial dos bloggers

Já devia saber, mas continuo sem resposta e, de vez em quando, lá me volta a clássica pergunta (não é, Leonel?)

Para que serve um blog se não podemos escrever nele o que queremos?

Quase 5 anos de blogsfera, já deveria saber. Aprender sim, isso é simples, não podemos escreve neles o que queremos e ponto final. É racional, é perfeitamente lógico e faz todo o sentido. Escrevemos, quando muito, “de lado”: uma coisa qualquer paralela que só nós verdadeiramente entendemos o sentido ou a razão. E o resto enche-se com tralha. Quando não se tem nada atravessado, a tralha dá imenso gozo escrever e preenche o espaço que é preciso preencher (em nós, não no blog; e agora estou a pensar se será preencher ou esvaziar, mas para o efeito é o mesmo) quando não se escreve o resto.
Com o tempo, essa prática torna-se habitual e já nem faz qualquer diferença. Entre a tralha que dá gozo e os posts de ladecos, uma pessoa já nem se lembra que provavelmente não seria bem aquilo que se quereria escrever.

Mas de vez em quando, foda-se, um gajo até se morde de não escrever o que verdadeiramente lhe apetecia. Um berro qualquer, fosse de absoluta alegria, o grito no cimo da montanha, Mundo! EU estou YESSSS! ou um valente IDEBUSFUDERE e num me chateiem caneco! É que um gajo, sabendo que não pode, rói-se mesmo todo. E nessas altura o resto da tralha sabe a pouco, sabe a alternativa. Eu não sou de alternativas. Posso ser de posts de tralha vária e posso ser de posts de ladecos. Mas coisas que me sabem a alternativa, a ok então antes isso, a compromissos de escrita, isso não. Prefiro então ficar uns tempos mais quieta, fazer outras coisas, escrever noutros lados.

Ou então, escrever um post onde tudo aquilo que me apetece escrever acaba por estar escrito. 😀

0 thoughts on “A questão existencial dos bloggers

  1. Leonel Vicente

    Inevitavelmente, acaba por ser uma questão recorrente.

    Nestas alturas, o blogue parece revelar-se como uma coisa inútil e sem ponta de interesse (para nós próprios, ou para os outros)… a não ser que se dê a volta à questão, como neste ‘post’…

    E pronto, finalmente, serve para alguma coisa (o blogue)…

    Beijinho.

  2. Cool Mum

    Não gostas então que te perguntem ‘coca-cola não temos, pode ser pepsi?’ ou ‘pão de leite já não há, pode ser um pão de deus?’
    (Never mind, I am divagating.)

  3. ZaraVelho

    Olha… a gente adapta-se… é que é mesmo assim… em tudo… quando não se pode dizer o que se quer, diz-se o que se não quer, quando não se pode f****, manda-se … os outros e quando não podemos de pé também lá se vai de joelhos… mas…
    Foda-se pá, a mim ninguém me cala!!!
    :)

  4. PreDatado

    Pois! (com eu gosto de dizer frases bonitas, e este “pois” é uma frase linda). E a auto-censura chama-se cagunfa. Porque quem tem cu (num sei se leva acento) tem medo! Olha que eu não sou de me calar, digo eu, mas também engulo sapos.

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