O amor e os pequenos delitos
Se calhar não sou muito dada a angústias de amor. Oh sim, já as tive, como toda a gente, uma pessoa passa sempre por fases mais parvas (é como as vejo agora daqui) mas as fases mais parvas sempre passaram muito depressa por mim. E depois, já sabendo que as fases mais parvas passam sempre muito depressa por mim, as fases mais parvas passavam realmente muito depressa por mim.
Nem é o caso agora, não sofro, de todo, de angústias de amor. Sou uma sortuda (tenho um gajo cinco estrelas etc e tal) e não falo no assunto porque é assunto arrumado. Sofro de outras coisas, de saudades e distância, para mim indizíveis, mas tão maravilhosamente descritas pela Sofia Vieira no post que me dedicou no seu Um Amor Atrevido que seria redundante escrever mais uma palavra que fosse sobre isso.
Mas não é sobre mim, este post, é sobre os blogs dela. O Um Amor Atrevido (que imediatamente reconheci à primeira leitura, ainda com dois ou três posts) era (e é, pois dentro da Sofia continuam a estar todas as coisas que escreveu e que escreverá, consoante lhe apetecer) um blog magnífico. Que eu lia assim que aparecia mais um post, uma e outra vez. Mas sempre com algum distanciamento: reconhecendo a enorme capacidade de traduzir todos aqueles sentimentos em palavras, mas não sentindo eu aqueles sentimentos. Falha minha e não da escrita da Sofia Vieira; aquilo que mexe mais comigo é a realidade, os factos. Aquilo que mais me comove, talvez, é a vida, a brutalidade dos dias e das coisas que acontecem às pessoas. É é por isso que estou vidrada nas Crónicas dos Pequenos Delitos. E, aquilo que nunca me aconteceu com o Um Amor Atrevido acaba de me acontecer agora, com estas crónicas: as lágrimas a correr pela cara abaixo ao ler, esta, a de “o angolano de olhos de ponta-e-mola“.
- Isto é demais!
- Fico a saber