100nada

No semáforo vermelho

Olho para o relvado (grama? erva aparada? depende da altura eleitoral em que foi colocado) ao lado, estão, conto-os, seis homens com um enorme pano ou plástico – metros e metros dele – estendido no chão. Estão a dobrá-lo. Primeiro não percebo o que é, parece-me coisa insólita, penso, será um pano para andaimes, mas o prédio mais próximo ainda está longe. Depois é que vejo o outdoors, mais acima, espetado na encosta. Um enorme painel à entrada de Lisboa, sem nada anunciado, apenas uma estrutura nua. Os homens estão a dobrar publicidade. Tento lembrar-me do que seria, não me lembro. Amanhã estará outro. Publicidade para uma cidade, urbana, pensada, com mensagens subliminares para vender qualquer coisa que, aparentemente, não tem nada a ver. Lembro-me então do outro cartaz, numa estrada de província, em Agosto: uma fotografia de um leitão trespassado por um espeto a anunciar uma qualquer festa. Enquanto a citadina em mim ainda está a pensar, credo, que coisa tão crua! já a matarruana se pergunta se o pau será de alguma madeira especial para dar ainda melhor sabor ao assado.

0 thoughts on “No semáforo vermelho

  1. Rita Q.

    Claro que o espeto tem ciência. Espeto de loureiro é que é! (já quase não há quem o faça assim, que até o pobre do leitão sofre os efeitos da urbanização)

  2. carlos

    Pelo menos na Bairrada é assim que se assa o leitão. Empala-se o grunhito e vai ao forno de lenha.
    Xicoração.
    p.s.ainda bem que voltaram os comentários.

  3. mana

    che, é doentio presumir haver merda em todos os semáforos. às vezes um cagalhoto de cão e tal, mas não é obrigatório. de qualquer modo a merda costuma passar a verde quando está oxidada ou coberta de varejeiras. é só ficar sentado lá ao pé e esperar. pode ser que sobre alguma coisa, ou que a experiência seja gratificante.

  4. espumante

    St. Agustin grass, Kykuyu. Nome portuga comum, escalracho (só podia…) es-cal-ra-cho. Gramínea ou, mas prosaicamente, monocotiledónea vivaz. Propaga-se por semente ou rizoma. Prefere terrenos areno-argilosos e agradece adubações azotadas de baixo teor em potássio. Muito exigente em oligo-emementos, sobretudo magnésio e boro. Pouco ou nulo valor nutritivo para a alimentação do gado. Quanto ao pau especial para dar gosto ao leitão, vais ter que continuar matarruana que eu de leitão só sei comê-los.
    :)

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