Consumismo, moral e natal
Ora então, umas comprinhas…larálárá…eu sou tão consumistazinha…
Não tenho a mais pequena pachorra para o natal politicamente correcto do contra-consumismo, do não-se-devia-dar-prendas-porque-há-tanta-gente-que-precisa-e-não-tem e a solidariedadezeca-moral-com-os-pobrezinhos-e-tal-só-no-natal. Tudo isso me cheira a estado novo, a eu-tenho-um-pobrezinho-só-meu, a vergonha de estar mais abonado que outros. É uma vergonha? Não. É uma realidade. E então? Querem ver que não há lugares nos aviões para Darfur, com a carrada de voluntários, não é? Bof.
As misérias do mundo existem. Podemos fazer uma parte por elas, uma muito pequenina parte. Já não seria mau se cada um fizesse a sua. Mas de resto, temos obrigação de ser felizes.
Para mim as compras de natal são uma excelente desculpa para encher de presentes as pessoas de quem eu gosto. E para me dar o gozo imenso de escolher, pensar, rir-me para mim mesma a imaginar a cara delas. Sejam crianças ou adultos. Porque o natal é das crianças – mas sejamos nós mesmo crianças por uns dias: que exista o deslumbramento das bolas e estrelas e fitas e laços e árvores e presépios e belhoses, curiosidade a rasgar papéis às cores, alegria e palmas felizes a dar e receber coisas bonitas, escolhidas com carinho.
No natal eu tenho cinco anos.
- Mudança de planos
- Produção Natal (1)
eh pá, eu não diria que tu no natal eras assim tão crescida.
Posto o que só me resta desejar um Santo e Feliz Natal.
Sim e não Cat…
Gosto de comprar presentes para quem gosto e se tivesse mais dinheiro comprava exactamente o que sei que daria prazer a todos mas, por outro lado, dói-me na alma saber que podia usar esse dinheiro para matar a fome a alguém. Já há uns anos que me deixei das compras e tento fazer algo meu para oferecer.
Mas claro que para as crianças abro sempre excepções e adiro ao consumismo
Pois eu cá também é um estragar de dinheiro que é obra.
Dirias quê, mana, três e meio? 😉
Obrigada SCita. Igualmente. (eu sei que sou uma desbocada e brutinha, mas eu escrevo o que penso, isso não me tira a consciência social. Só que…oiço muito mas vejo pouco *feito*.)
Jacky, eu também faço coisas eu (estou aqui a braços com uma tarefa hercúlea…olha, uma ideia tua, btw, aqui há uns tempos no outro blog…:))). E claro que gostava de ter mais capacidade financeira. E sei que esse dinheiro poderia matar a fome a alguém…mas a minha questão é: e toda a gente que diz isso, faz? Pega no orçamento destinado a presentes de natal e entrega numa instituição de caridade? Pois, é que eu acho que não. E ficar-se pelo sentimento de culpa e boa intenção, não adianta a ninguém. Mais vale então fazer-se menos mas fazer-se alguma coisa, dar o que já não serve, o que é a mais, por exemplo.
Duende, o meu voa todo. Posso ficar a tenir o resto do tempo, mas quero lá saber!
catarina (gosto do teu nome, é igual ao da minha maninha) concordo quase em absoluto com o que disseste. Depois de vários anos em África em diferentes países, de tudo o que vi e vivi, acho um piadão a muito do que se apregoa aí na nossa “terra” LOL. Mas não te vou estragar aqui os comentários. Acima de tudo, aprendi que devemos fazer os possíveis e impossíveis para que os que nos rodeiam e as pessoas de quem gostamos sejam/se sintam felizes. O resto, só no nosso dia-a-dia através da nossa acção é que permite alterar alguma coisa…
Finalmente, alguém que vejo estar 100% «sintonizada» no Natal!!
Saudações
è a minha vez de concordar a 100%, Miguel.
(desde que me apareceu um dia um saco com embalagens de arroz para Africa, que mandei imediatamente de volta, embora sabendo que claro que nunca terá chegado ao destino, que o meu desencanto ficou empedrenido.).
De resto, claro que não estragas comentários alguns!
Eu sou natal até à raiz do cabelo, Carriço.
E eu (comentadora estreante), tenho a dizer que concordo plenamente! Se é para fazer alguma coisa, faça-se! O sentimento de culpa provocado pelo sermãozinho pseudo-moralista que só vem à memória de alguns por alturas de Dezembro, também não matam a fome a ninguém! E mai nada!
Bom Natal e beijinhos.
3,5 parece-me mais em conta, sim
hoje não consigo abrir caixas de comentários sem as desconfigurar, mana. só aqui. o que é mais uma prova de que o teu foi abençoado.
Não, perdoem-me se for caso disso, mas Natal com filas p’ra tudo e p’ra nada, prendinhas por obrigação (ou será que não tens?…), pais Natal pedurados na janela por uma corda e musiquinhas ridículas em qualquer espaço comercial, rádio e televisão, não, obrigado! Quando à caridade, se for para quem conheça, com certeza, agora para Áfricas e quejandos, sabendo um poucochinho do que se passa, estamos conversados. Não é preciso um dia dos namorados para fazer feliz quem se gosta, pois não?!
Gosto especialmente da frase:
“temos obrigação de ser felizes”.
É isso mesmo!!!
Não nos devemos privar daquilo que gostamos.
Viva o amor-próprio.
Viva o achar que “eu mereço”!
VIVA O NATAL!
(E viva o meu pobre cartãozinho sempre aos saltos
na carteira, a querer sair e passar nas máquinas!)
Ora até que enfim!!!
Eu ando a pregar, um bocado, esse sermão lá para as bandas do meu estaminé desde há uns dias. Porque o pior é que há quase unanimidade entre a malta minha amiga, nesse discurso tipo ” quem me dera saltar este período que só me angustia; porque é que não acordo só lá para meados de Janeiro; o Natal devia ser todo o ano; isto é uma hipocrisia.” etc, etc. Sentia-me sempre a ovelha negra.
Cá por mim, se o Natal fosse todo o ano, não era Natal nenhum! E se não gosto do consumismo desenfreado, adoro dar prendas ( e receber, já agora!) Puxo muito pela imaginação e acho que as minhas prendas são mesmo diferentes e muito pensadas.
Quanto à história dos pobrezinhos, é como o menino que não queria a sopa e a mãe dizia “Tens de comer! Há para aí tantos meninos com fome…” e ele respondia “Boa! Ó mãe vai-lhes dar a eles!”
é o tipo de coisa que a mim me cheira a mesmo a coisinha farisaica ( farisaica? sonsa, digamos assim…)
Li o 1º parágrafo e já achei motivo para falar B)
‘O pobrezinho só meu’ – leste a crónica de Lobo Antunes? ; ) Não é que seja para rir, é para o que for, mas é comoventemente sarcástico.
Beijo, dp comento o resto do texto, je suis très vagarosa, madame, tha’s why my name is Vague, Rose Vague.
Pois eu gosto muito do Natal, mas não do sentido consumista que tomou. Acho que é demais. Acabei de o escrever, lá na minha “tasca”.
1. não chegou a dizer o que é isso da felicidade
2. as crianças não fizeram o natal
3. ninguem sabe o que tem a nao ser que o perca
4. nunca se perde para ninguem em particular
5.perder nao é deixar de encontrar
6. encontrar nao resolve
7. feliz aonde?
8. o sofrimento nao é uma mais-valia, nem um desconforto. É um abjecto da vida. está aqui porque todos estamos,
7. Seja, gaste,compre. Só não justifique. Fica-lhe mal
8. o resto fica sempre para amanhã
Bom Natal
Mesmo entre pares a reciprocidade não existe porque cada um só se ouve a si mesmo.
Excelente post, Catarina. Ainda por cima, concordo com tudo.