Pa(i)ragem
Escrevo. Mais um (um quê? post? texto? carta?) atirado ao ar, escrito com dedos perdidos nas letras a encontrar palavras e frases. Como se algumas fizessem sentido, com se as frases fizessem sentido, não têm de fazer sentido, é prosa solta, um texto atirado ao ar, ao vento, ao lixo no fim. Um texto sobre
pairar.
Como um peixe voador, pairar em segundos para depois voltar a mergulhar. Não gosto de ser pássaro, não quero voar, o que me atrái é o medo do mar. O que me atrai são os medos, os cantos escondidos dos armários por detrás dos fatos, os fundos das malas esquecidas nos sotãos da imaginação, as árvores retorcidas em noites silenciosas. As vozes difusas que se ouvem ao longe, os cães a ladrar no meio do sono, os pesadelos acordados em quadradinhos de menos-escuro, as sombras soltas dos corpos adormecidos. Os brinquedos que fogem para debaixo das camas, os ramos que se movem sem vento, as ervas pisadas por nadas que riem às gargalhadas.
O que me atrai são os sonhos das linhas dos limites, as horas que nunca batem, os mistérios de olhos fechados-abertos, os momentos desatentos quando se para e
paira.
- Por mero acaso
- Maria
Nada me espanta na tua escrita, nem um chocolate de supermercado, nem um ataque de tosse, nem um foda-se bem mandado, nem um lilizada, nem um texto lindo como este. Por isso eu por aqui… pairo.
Uma espécie de fora de nós em nós, talvez. Dir-te-ia outra coisa, mas vou-me ficar pelo sentimento. beijo
Obrigada, Pre.
Vanus, é isso. Beijo.
Resumindo gostas do cão dos Baskervilles.
Ás vezes tem que se pa(i)rar. ;-)))Lindo…