100nada

Chá em copo ou chávena

Ainda pensei (e em estado de cof e tudo) ferver água e experimentar um dos chás novos que comprei quando me vi a braços com a chegada do Outono, com o qual insisto em manter esta nova relação de ódio, coisa que me é quase anti-natura, mas fica mais giro assim, gosto mais. Gosto de ir contra mim e inventar razões e ver se colam, é a chamada auto-embirrância

– Tu adoras o Outono, minha parva!
– Sim, mas porque raio não hei-de eu odiá-lo por escrito?
– Nisso não vais conseguir.
– Estás parva? Eu sou capaz de escrever sobre qualquer coisa e…
-…convencer quem te lê?
– Estás a chamar-me manipuladora?
– Eu??
– Estás a ver aqui mais alguém?
– Estou a ver ali uma data de leitores muita caladinhos que ainda não sabem o que vai sair daqui.
– Agora inventas os leitores só para fugir com o rabo à seringa!
– Abre o sitemeter logo vês.
– Estás a chamar-me viciada nas visitas?
– Olha, não chateies, vai mas é acabar o texto.
– Ah pois agora disfarça!
– Já nem tou cá.
– Nem os leitores…

:DDDD

(não consigo escrever uma porra séria, caneco! :DDD Nem acabei a parte do chá!)


Era "cof" mas já não é

O que eu cá vinha escrevinhar era apenas uma breve nota sobre “cof”, uma rúbrica de sempre aqui do tasco, que tem direito (também sempre) a alguém mais exigente reclamar sobre o interesse (ou a falta dele) que possa ter para o leitor o facto de eu ter começado a ter tosse (normalmente mando pastar e ler um dos milhares de blogs que existem para lá do meu, sendo meu aqui a palavra-chave, tal como a tosse é minha).

E acabava o post e ia-me deitar não sem antes agradecer os simpáticos comentários que não consigo responder e não é por falta de vontade mas, por exemplo, neste preciso momento tenho umas toalhas azuis escuras na máquina a tentarem tingir as meias vermelhas ou o contrário, mal que seria evitado se, em vez de estar aqui a escrever, estivesse a estender. Escrever, estender, é sempre essa a opção. Um dia até me queixei em jeito de versinho

os meus vizinhos dão festas no quintal
no meu tenho um estendal
(podia fazer um rap com isto, tem potencial)
iô.
(no fim é iô, certo?)

Mas esbarrei-me contra isto, à má fila, diga-se: tive logo que ligar o som e depois já não me apetecia escrever sobre tosses e, se o fiz, foi só para engonhar, gastar espaço na folha, gastar o espaço todo e as folhas todas
é o mal
da página virtual
(iô)
não tem – que se veja – um final
É preciso colocar-lhe um sinal
uma espécie de estendal.


Continuação da saga dos "tubos"

Resolvido que ficou a parte do passe por cá
Passei por lá
E encomende os tubos
Encomendei
(vou buscá-los ao fim da tarde, quando voltar a passar por lá, é só um desvio de mais uma hora entre o ir e o voltar)
Ainda me faltava outro tubo.

Ontem:
Ligo para o representante desses tubos (loja em Lisboa):
– Bom dia, eu sei que são os representantes do tubo tal e tal, queria saber se vendem os tubos aí nessa loja…
– Vendemos, vendemos!
– E têm esse tubo assim assado?
– Temos, temos, não tem problema nenhum!
– E estão abertos à hora de almoço?
– Claro que sim, pode passar por cá quando quiser.

Bom, este telefonema parece-me mais civilizado, o problema é estacionar ali perto.
Peço ajuda a um motard (o co-responsável pela existência do esquentador, chamemos-lhe assim)
– Podias lá ir, paravas a moto em cima do passeio.
– Épá!
– Iadaiadaiadaiadaiadaiada!
– Tá bem, tá bem, eu vou.

Hoje: hora de almoço, sms:
“ aquela merda ta fechada hora de almoço fdx”
Apurados os factos com mais detalhe, aquela merda tem um papel na porta a dizer “fechados para almoço, das tantas às tantas”
Lá suplico uma nova ida depois de almoço, com mais uns iadaiadaiadas.

Não têm o livro, perdão, o tubo.
Só para a semana.
Talvez.


(mas)

Oiço, é certo.
Mas edito, edito. Arrumo em porto seguro, abrigado de tempestades de palavras. Não o reduzo a uma pequena dimensão (poder-se-ia pensar, mas nada de mais errado), antes pelo contrário: abro as mãos e deixo tombar, voar (o que seja, o que vier a ser).
Oiço, é certo. Não me faz mal nenhum. Mas não tenho a certeza que me faça bem.
(Embora seja irresistível.)

E não me consigo impedir de pensar que sou mais nova agora do que (na altura) quem me ensinou – tão bem! – a desprezar todos os enfeites e adornos dos textos medianos. Mas que os construo, que os imagino a esvairem-se das pontas dos meus dedos, vestidos de imagens e adjectivos, que os vejo fugirem-me rindo que já me apanharam, apontando, viste, viste? Não nos consegues impedir, vamos sempre existir nem que seja dentro da tua cabeça, ao jogar ao empurra para ver quem sai primeiro

mas eu calo-os, calo-os, porque sou tudo ou nada
e se for preciso nunca mais oiço para não cair na tentação
da mostra pública da mediania.


"Passe por cá"

É das coisas que mais me enervam. Os lojistas deste país estão sempre ocupados demais para dar informações ao telefone; já os clientes, esses, como não têm nada que fazer, podem sempre deslocar-se ao estabelecimento onde serão então devidamente atendidos. É o hábito português do “passar por lá”.

– Boa tarde, fala da loja tal e tal?
– Sim, diga, minha senhora.
– Os senhores são representantes dos esquentadores Aquece ao Máximo, não é?
– Depende de próqueé.
– Eu precisava de saber se têm uma peça…
– Assim ao telefone não lhe sei dizer.
– Mas olhe que eu tenho as referências todas.
– Pois mas assim ao telefone não lhe sei dizer.
– É o tubo nº 3 do veio de aquecimento, marca Aquece ao Máximo, para o modelo inteligente no 76, referência 7897 e o dito tubo tem a referência 9876.
– Ah esse.
– Então têm essa peça?
– Assim ao telefone não lhe sei dizer. O melhor é a senhora passar por cá.
– Mas eu precisava de saber se têm.
– Se não tivermos encomendamos.
– Então se me disser que têm ou não têm, fica já encomendado.
– Pois, mas assim ao telefone não lhe sei dizer. A senhora passe por cá.

Passo por lá.
Não têm.
Compro outras coisas que preciso, mas aquele tubo não têm.

– Então e posso encomendar?
– Sim. Mas eu se fosse à senhora ia ver ali naquela loja de esquina que também vende esses tubos.
– Para o mesmo esquentador?
– Não, para outros, mas pode ser que tenham.
– Então e se não tiverem?
– Nós encomendamos. Até calha bem que ali o Zé vai ao representante na segunda feira.
– Ah. Mas eu deixava já aqui a minha encomenda…
– Mas olhe que ali na loja ao lado têm quase de certeza.
– Então se não tiverem, posso depois telefonar a encomendar?
– Era melhor passar por cá.

Não encontro em mais loja nenhuma.

Segunda feira:

– Bom dia, eu estive aí na sexta passada à procura do tubo tal e tal.
– ah sim sim.
– Como me recomendaram outro lado mas não o encontrei e sei que vão hoje ao representante, queria encomendar.
– Assim ao telefone não lhe posso ser útil. Tem que passar por cá.
– Mas eu estive aí há dois dias. Disseram-me que iam hoje ao representante e não tive tempo de passar por aí.
– Não se preocupe! Afinal o funcionário só vai amanhã! A senhora pode passar por cá ou hoje ou amanhã de manhã a encomendar!
– E depois passo outra vez à tarde para ir buscar?
– Sim.

(substitua-se o tubo por livros escolares, vai dar ao mesmo, mas não vá dar azar, fica a história disfarçada…)




Outono, hein?

Ainda nem estou em mim. Anda um gajo finalmente a habituar-se ao Verão, a pensar, qualquer dia até vou à praia e tudo, já vai pra cima de dois/três anos que não ponho lá os pés, metade dos vestidos nem sequer sairam das caixas onde estavam guardados, só anteontem é que foram encontradas as sandálias favoritas ainda dentro do saco da loja, finamente acertou-se com a cor das unhas dos pés e pimba, esta surpresa assim sem aviso nem nada. Tá mal pá! As estações do ano deveriam ser fixadas num dia certo. Faz de conta, dia tal ou assim, pronto, era Outono. Agora um gajo levar com Outubro nas trombas sem mais nem quê, só vos digo, estou zangadíssima e não desculpo!