Há uns anos
tudo isto começou com um post sobre o silêncio de uma noite em que faltou a luz. Não foi aqui e pode dizer-se que foi noutra encarnação ou galáxia, tal é a distância que me separa dessa criatura que se atreveu a escrever, escrever de repente e de seguida, aquilo que até aí ficava em pedaços de papel espalhados até se perderem.
Não foi um post sem consequências. Foi o calhau no lago. O calhau no lago…para não dizer a experiência atómica no atol. Estou carregada de consequências, marcadas na pele pelo malfadado post e a puta daquela ideia. Paciência. A criatura transformou-se em eu-agora, quer eu queira quer não. E eu, criaturinha medonhamente narcisista e egocêntrica, quero. Quero sempre ser aquilo que sou.
Na altura, aquele post foi arrancando outros. No fim daquela série, por várias razões, zanguei-me. E meti um post, que supostamente representava o fim da minha participação ali naqueles moldes, que se chamava
o tempo do silêncio
e não tinha nada escrito.
O título deste não é uma escolha despropositada.
Que seja um tempo de silêncio para mim, que quero ser aquilo que sou. Eu. Eu. Eu. Sei (eu eu eu) que o silêncio é só uma ilusão. Mas com o som desligado, talvez seja possível ouvir o que (eu eu eu) quero realmente escrever.