E um gajo tem mais é que aproveitar o (escasso) tempo disponível.
Andei a pensar em meter uma placa aqui a dizer fechado para balanço ou inventário ou o que quer que seja que se aplique ao final dos exercícios. Ou fazer um relatório e contas, mas sou tão desorganizada que não faço nem ideia e não me apetece ir buscar estatísticas, ora bem já vai em não sei quantos posts e não sei quantas visitas, essas merdas assim, que se costumam colocar em datas que marcam efemérides. (desculpem, mas agora tive um ataque de riso a escrever efemérides, eu já continuo assim que recupere)
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(mais um bocadinho)
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(acho que já consigo agora)
e prosseguindo, também podia escrever uma coisa de ir às lágrimas e com muita jarrinha e florinha e obrigadinha, o (sniff) meu querido blog e os (sniff) meus queridos leitores que tanta (sniff) companhia me fazem e que me (sniff) apoiam tanto e iadaiadaiadaiada; o problema é que estou com mau feitio. Tenho mau feitio, aliás. E ainda tenho pior feitio quando estou cansada e sem tempo. E quando estou com este feitio de merda, sou muito realista e muito pragmática e o meu querido blog não passa de uma porra de um blog, uma ferramenta onde escrevo umas coisas para me entreter. Quando começou
porque é essa a (hahahahaha) efeméride que estou a festejar com dois dias de avanço porque, da forma como anda o meu tempo disponível, quase que aposto que no dia, depois de muito post escrito na cabeça, iria ter tempo para escrever 100nada-dois anos e pouco mais; mas também, pensando melhor, chegava e sobrava.
Só que eu gosto de debitar estas coisas, estes posts em que vou escrevendo sem ter a menor ideia do que vai sair, vai andando para a frente e tenho uma vaga ideia de que, a dada altura, quereria escrever qualquer coisa como
se há mérito naquilo que eu escrevo (estou a lembrar-me daquelas eternas discussões sobre as várias caras que apresentamos quando não damos a nossa verdadeira e que, regra geral, tentamos sempre que sejam mais perfeitinhas) é que este blog se foi aproximando muito daquilo que eu vou sendo. Não é daquilo que eu sou, mas daquilo que sou naquele momento. Como estava a escrever, quando me interrompi ali em cima (é extraordinária a capacidade de self-interrupção que certas pessoas têm, eu incluída, o que desorganiza tudo), quando começou não era assim. Era uma coisa assim pró mais bonitaço, uns textos mais alindados, umas coisas com mais tempo e mais delete-reescreve e tiro dali aquela palavra meto antes esta e só escrevia aquilo que achava que era melhor. Como se uma pessoa tivesse algum discernimento no que é melhor ou pior naquilo que escreve…tem uma vaga, muito vaga ideia, sabe o que é realmente mau e pouco mais. Não se consegue ser crítico sobre si mesmo e quem pensa que é, está completamente enganado e tem um ego completamente offline. (Há carradas de gente assim, mas deixá-los, chega sempre o dia do alfinete no balão). Ora, como eu sou uma criatura que não faz a mais pálida ideia do que é melhor ou pior no que escreve, mas por outro lado é suficientemente segura de si mesma para não se envergonhar de escrever seja o que for, vai disto e o blog foi mudando de bonitinho para MEU. Não é que goste ou desgoste dele: nuns dias gosto do mundo e o blog fica incluído no todo; noutros abro a janela e mando tudo à merda e claro, o blog não escapa, até serve a sua função de saco de boxe e serve muito bem (pelo menos a mim serve).
Voltando atrás que isto já está confuso q.b., se há mérito ou diferença naquilo que escrevo (porque há dias para me choramingar que é tudo mau e eu só estou a pregar meias capas em sapatas de letras e outros em que reconheço que a coisa podia ser pior e que – isto agora o cúmulo da cagança – às vezes apetecia-me ler um blog como o meu e não há nenhum) é que eu não apresento cara melhor do que a que tenho. Apresento uma data delas, que as tenho como toda a gente e são felizes, tristes, chateadas, aborrecidas, furiosas, danadas, feias, com montes de defeitos; outra cagança, confesso: eu gosto de defeitos e também gosto de quase todos os meus; e ainda bem já que quem tem que viver comigo o tempo todo sou eu e se andasse a moer-me o juízo a mim mesma com tudo o que supostamente está mal, estava feita e já tinha metido a cabeça debaixo da linha do comboio. Mas temo que o comboio descarrilasse e a única coisa que me acontecesse fosse ficar um bocadinho despenteada, portanto não me preocupo assim muito e aplico na prática aquela velha teoria do quem não gosta que meta à borda do prato e não me tenho dado mal com ela. Talvez seja por isso que não me preocupe com o que aqui escrevo (o blog é meu…). Na verdade, estou-me mesmo nas tintas. É o que for, nunca será completamente eu, de qualquer forma. Sobro para os lados e isto é apenas um pedaço de tempo livre. Mas é simpático, serve-me tal como é e se ainda entretem quem lê, melhor.
Agora devia aqui meter uma conclusão, mas não me ocorre nada. É contínuo, um blog, continua sempre, é mais ou menos isso; e, sem se dar por nada, um dia um gajo pensa, bolas! Já ando com isto há quase dois anos (e claro, não se consegue impedir de pensar em tudo o que não fez enquanto aqui esteve, mas adiante).
Pesadas as coisas, valeu a pena. (E afinal consegui escrever uma conclusão.)