“Enerva-me isto: o Isaltino Morais era um excelente autarca. Não sei o que faça, nem sei se quero discutir isto por posts e comentários, já estive para escrever sobre o assunto milhares de vezes mas parece-me sempre que não estou para me meter nisso, nem teria tempo depois para acompanhar a (inevitável) polémica. ”
(eu)
” Cat,
é uma pena não podermos votar no Isaltino, mas não podemos MESMO. Um gajo que se está a cagar para a justiça, não merece votos. E já basta que o Valentim, Avelino e a Fatinha vão ganhar aquilo. Porque a malta em Oeiras, tem mais responsabilidades do que os gondomarenses, figueirenses e etc. : somos o terceiro concelho em poder de compra (é uma pena mas é verdade), em nível de instrução andaremos também por ali, não dependemos da câmara para ganhar a vidinha, em suma, não temos razão nenhuma para não votar livremente. Por isso, o Isaltino que volte quando o tribunal o declarar inocente, e eu volto a votar nele. Agora não.”
NG
(caixa de comentários de um post abaixo)
Eu não queria nada escrever sobre este assunto. Já discuti a coisa até à conversa quase estragada, já dissequei argumentos e mais argumentos, já estou farta e continuo sem conseguir decidir o que fazer no dia 9: a verdade é essa.
Eu vivo aqui há cerca de trinta anos, com um intervalo de alguns em Londres. Vi tudo isto mudar para melhor com o Isaltino. Nem preciso de começar a enumerar coisas, as ruas, as estradas, os jardins, os parques, a criação de emprego, os parques dos Poetas e Tagus e montanhas de coisas mais pequenas como os buracos nas ruas tapados, as lâmpadas mudadas quando se fundiam, o lixo que não se amontoava, enfim: bolas o homem era um excelente presidente da Cãmara. Ok, há quem o deteste, quem deteste os charutos e a pose e a barba e sei lá mais o quê, eu não o conheço de lado nenhum, mas também nunca me fez grande mossa encontrá-lo a ler jornais no Nicola do Oeiras Parque ao sábado de manhã, nem lhe vi arrogância de maior na meia de leite ou lá o que fosse. E também há quem diga que está mais por dentro e que ele era assim ou assado ou frito e grelhado. Eu não me meto em trica política: há obra que serve a população ou não (e por aqui também há da megalómana, claro, como o estúpido Satu, que se tivesse bilhetes a 20 cêntimos em vez de dez vezes mais, era capaz de chegar ao break-even mais depressa, mas isso é lá com a gestão da coisa), há a eficiência da gestão diária do lixo e das lâmpadas e dos escorregas novos nos parques infantis e o resto, se me sinto bem servida, penso que a parte dos meus impostos que ali será aplicada, é bem entregue. Eu, que nem me sinto PSD por aí além, lá fui sempre votando no Isaltino porque achava que ele era bom naquilo que fazia. E continuo a achar: é um excelente profissional de gestão camarária.
Agora podem dizer-me, mas achas que é um bom autarca um tipo que mete a unha no dinheiro dos contribuintes em benefício próprio? e eu posso responder duas coisas:
1, a resposta cínica e pragmática: se ele mete, os outros também metem e ao menos este concelho funcionava bem;
e
2, a resposta mais complicada: pois toda a gente pode saber de fonte segura que o homem é mais que corrupto. Mas eu não sei. Não sei mais do que os investigadores lá das coisas de que o acusam, não sei mais que os juízes, não sei e hei-de saber: mas agora não sei. Nem sei se é culpado que eu não me arrogo o direito de julgar quem quer que seja só porque li umas merdas nos jornais e porque é acusado. Acusado não é culpado. Dir-me-ão, isso é desculpa – mas não é. Qualquer pessoa pode ser acusada de qualquer coisa e só depois, em instâncias próprias, será pronunciada a culpa ou inocência da tal pessoa.
E agora vejo-me neste dilema: ainda me resta uma sobra (já pouca, muito pouca) de fé na humanidade em geral e em alguns valores que o ‘povo’ (a gente todos) pode mudar com o seu voto. Posso ser cristalina e dizer, como o NG, acima: quando fôr considerado inocente, a ser, volto a votar nele. Mas e isso, não é julgá-lo eu mesma? É esta porra deste dilema: eu prefiro acreditar na justiça e acreditar que o poder judicial não está ainda podre como o poder político deste país. Prefiro esperar para saber, dando não um voto de julgamento popular, mas um de dúvida. E o homem, caneco, o homem era um excelente autarca…mas por outro lado…
…não sei o que fazer.