Da Nova Zelândia para a Patagónia (um entre capítulos)
Ou de como um barquinho de papel se transforma numa canoa de casca de árvore
Eram seis da tarde quando vi o último coral. Era azul, pintado de sombras da noite a flutuar sobre o mar e, na altura, terei pensado, que ideia idiota fazer-me ao mar ao anoitecer. Dá azar, tinha garantido o flamingo, que o tinha puxado até à corrente, quando os remos se desfizeram, de tanto mergulhados em água. E o fundo do barco, não é de papel também, perguntara-lhe eu, com o meu eterno medo da água; ao que o flamingo respondera, mas tu reparaste bem no fundo? E eu olhei. O barco era todo branco, mas o fundo não. O fundo tinha letras. São poemas, explicou o flamingo; quando os tucanos dobram as folhas em barco, reforçam o fundo com poemas de amor: toda a gente sabe que esses não se apagam com água. Mas tem cuidado, avisou ele, não são imunes a água salgada, por isso estão escritos do lado de dentro. Lembra-te disso…e desapareceu quando a corrente pegou no barco e o levou para lá do coral, esse que era azul e era o último.
Depois, caiu a noite e eu adormeci, levada por um ponto branco na água. Se alguém visse ao longe, seria isso, nada mais que um ponto branco: mas como era noite, na realidade, o ponto branco era da mesma cor. Ninguém me veria ao longe. Talvez com a tranquilidade de me saber invisível tenha dormido tão bem. E quando acordei, continuava invisível: o mar agora era branco.
(à suivre)
- Vou inventar uma merda qualquer assim pró sério
- Pequeno momento de auto-comiseração
Ainda não tinha dado pelo seu regresso, mas fico muito contente. Sentia a falta de uma das minhas vizinhas das mais antigas – embora seja mais jovem que aqui a Vi.
Que fique por aqui enquanto tiver vontade, e que a vontade leve muuuuuito tempo a desaparecer
Querida Vi, também gosto muito de a poder receber outra vez por estes nossos lados. A nossa rua é muito simpática e tive muitas saudades, tantas que voltei…:)
Eu gosto, podes continuar á suivre…
Agora é tu laite!!! 😉
Este teu post merecia ser emoldurado. Já guardei no baú das relíquias. Queria hoje responder-te assim com muita água, mas tá vazante para este lado e a corrente quase me leva… Acho que me vou largar à deriva até que um barquinho de papel mágico me dê boleia.
Amei a história.
Xi
Oh!
Por aqui também está vazante, mas logo se enche de mais histórias. jinhos! 
E as letras continuavam nos poemas?
Quando as letras desaparecerem, Du, o barco afunda, não é?
Mas isso é palha para outro capítulo…;)