Eram quase oito da noite

Cai uma carga de água daquelas valentes e o trânsito pára. Nada de estranho no facto.
Quando a chuva acalma, no fundo da descida, a uns duzentos metros, tudo parado. Não se vê bem depois, com a chuva e o brilho dos faróis mas parece não haver carros…e de repente, nem se acredita no que se vê. Chamas até ao céu. Está um carro a arder, está a chover e está um carro a arder na autoestrada! Ali mesmo à minha frente, putaquepariu! Um carro a a-r-d-e-r.

Amigos, não é como nos filmes. É que não é mesmo. Tem chamas muito mais altas, altas mesmo. Pensamos que era um camião cisterna, mas era um carrito pequeno, vimos depois quando reabriram a autoestrada, vinte minutos depois. Nesses vinte minutos passaram ambulâncias, carros de bombeiros, polícia, as motos a travarem todas na faixa de emergência, toda a gente a sair dos carros…um cheiro a borracha queimada, o céu cheio de fumo…e um aperto tão grande no coração de não saber se alguém estava lá dentro, que não consigo outro tom que não este, frio e c(l)ínico, para contar a estória.

• ← Tudo no mesmo cesto
• Mais um chá nocturno (3) →