100nada

Quatro dias (2)

Mas porque nao perdi o fio à meada e porque depois me hei-de lembrar de outras coisas e depois nao escrevo este post:

Esta contagem é uma ocasiao para reflexao. Foi escolhida por mim, podia ser noutra altura qualquer, mas pareceu-me ideal para isso. Nao é coisa que me tire o sono; mas obriga-me a, pelo menos uma vez por dia, ir organizando ideias. Nao as escrevo todas, claro, provavelmente nem escrevo nenhuma, mas nao faz muita diferença: o que interessa é que và cristalizando uma série de coisas vagas que estavam desarrumadas. Na verdade, as razoes até nem terao nada a ver com a data, calhou assim. E calhou bem.

O tempo é uma coisa que me fascina. De todas as coisas que se podem controlar, esta é das poucas que escapam. E da qual nao se pode escapar. Nao se trata de medo de envelhecer ou qualquer coisa estupida dessas: trata-se da sua passagem e da nossa por ele, esse tempo difuso, dos dias a correrem, dos ponteiros do relogio que mal se movem quando olhamos para eles. De nao se dar por isso, de ser tao volàtil e palpàvel ao mesmo tempo. E ha um dia, um qualquer, em que se nota que os ponteiros se mexeram na direcçao de um fim do tempo; e que jà nao se vai ter tempo suficiente para tudo o que se quis fazer. Creio, aliàs, que nunca foi, é ou serà, suficiente. Uma vida so nao me chega para tudo quanto eu queria. Chato…

0 thoughts on “Quatro dias (2)

  1. predatado

    Olhei para o calendário e reparei que na próxima sexta feira é dia 2 de Abril. Se fosse viva a minha querida Avó faria, nesse dia, 112 anos. Morreu há 30, em Agosto de 1974 com 82 anos. Afinal o tempo… o que é o tempo? A memória.

  2. catarina

    Mas as minhas memorias, se forem escritas, depois doem a quem le; mais uma coisa para reflectir…e nao é coisa nova.

  3. Maré

    Upa Upa! O tempo montado num unicórnio alado é leve, mágico, imtemporal… em viagens de mil cores com sabor a alegria. Filosofar demais funde-nos a cuca e ela precisa é de ser regada com sorrisos.

  4. carlos a.a.

    Catarina, o tempo e o espaço são ainda dimensões que o humano não consegue abarcar, nem sei se algum dia o conseguirá, pois não são passíveis de aferição que não seja a muito pessoal sensação que cada um de nós é capaz de isolar num dado momento, numa série de anos ou, no máximo numa vida. No entanto, esta vulnerabilidade humana não nos impede de vivermos nos nossos espaços e nos nossos tempos nos rítmos que im primimos e nos imprimem, deixando marcas, arranhões, saudades, encantamentos ou aflições tão reais quanto o sonho que é viver.

    Um beijinho muito grande por este post que escreveste e, já agora, pelo que és.