100nada

No semáforo quero lá saber de que cor é!

E não quero saber porque está um gajo giro no carro atrás de mim. O carro também é giro. Parece um facto normal mas digam-me lá, minhas amigas, quantas vezes é que o carro ao lado (ou atrás) é um carro giro com um tipo giro ao volante? A probabilidade de um carro fixe ser guiado por um qualquer estafermo entretido com o interior de um ouvido ou o gajo giro passar de bicicleta e só se conseguir tirar medidas às pernas é muitíssimo mais alta ou então sou eu que ando pelas ruas erradas (nesse caso, a caixa de comentos está aí para me gêpêéssarem devidamente). De qualquer forma estou a ver o gajo giro no carro giro a acender um cigarro pelo espelho retrovisor, enquanto acendo o meu, o semáforo logo se verá e não levo uma apitadela, o que também me parece bastante simpático. Mas enfim, não se pode ali ficar o dia todo e lá sigo e o tipo giro atrás até ao semáforo seguinte onde se mete ao lado, o que dá duas coisas: mais jeito para ver melhor e mais nas vistas, mas o canto do olho de uma gaja como nós consegue virar 360 graus sem mexer uma pestana quando a coisa parece interessante. Parece e é e do lado do carro giro também parece qualquer coisa do mesmo género, que inclui um sorriso lindo.
Por momentos suspeito que o tipo giro está com a ideia de se picar e a acelera que todas nós temos dentro mesmo que não confessemos, imagina uma corrida à filme (mas em câmara lenta, que é hora de ponta) pelas avenidas de Lisboa, mas o semáforo vira verde e o meu híbrido ainda está a pensar se arranca ou nem por isso enquanto o carro giro já desapareceu na esquina.
Oh, dirão as leitoras, mas assim não tem graça nenhuma. Nada mais errado. O que tem graça é o momento instantâneo. O resto seria uma história e o tempo entre semáforos não dá para tal.

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