100nada

Amílcar Carrapato

Pois é. Estava eu no google à procura do post anterior (não guardo nada do que escrevo, muito menos na usenet) e lembrei-me deste gajo! O Amílcar! Meu Deus, que saudades tenho do Carrapato!

O AC foi das coisas que mais me fez rir. O meu melhor troll. Vou guardar ali na extended entry meia dúzia de palermices, na altura dedicadas a vários amigos. Quem quiser saber o que é um troll…;-)

Era cá um palerma, o Carrapato…que saudades de um bom insulto…


O Unicórnio (jul.2002)

Eis meus senhores o corno por excelência! O corno marialva, o corno rijo, o corno monárquico, diria até mesmo, o corno real! Sim, o corno real, o rei do corno, aquele que reconhece todos os tipos de cornadura, da espessura à dentadura, do tamanho ao desempenho, da destreza à realeza! O corno que aponta o seu real enfeite a passeantes e viajantes, a prostitutas e marafutas, a gregos e – porque não dizê-lo? – a troianos. Reparem senhores no esplendor do seu triunfante sacudir do corno, na magnífica grandiosidade com que maneja o seu apêndice. Anos de prática, de experiência, de carinho e atenção ao seu maior orgulho fizeram dele aquilo a que todos assistimos hoje: o corno-mor!

Com os meus melhores votos de continuação das arremetidas com que nos tem
brindado, subscrevo-me com admiração,

Amílcar Carrapato

Caro amigo

As suas considerações sobre a natureza da amizade, que (acredite!) mereceram a minha melhor consideração, deixaram-me num lamentável estado de melancólica tristeza e absoluto arrependimento. Ao ler as suas palavras, vieram-me à memória inúmeros episódios de maus tratos, violência psicológica e até alarves traições que cometi, tendo por vítimas os meus amigos, os pobres que sempre tudo me perdoaram…ah, mas não me perdoo eu a mim mesmo! Todas as velhacarias, as sacanices, as mentiras, o carrascão dentro das garrafas de Barca Velha (é certo que não notaram a diferença…), a minha tão afamada sorte ao jogo que não passava de alguns truques aprendidos na Republika-Trumfus-Douro, as perseguições às criadas (ainda hoje o Boaventura não me perdoa ter tido que mandar a cozinheira para o Brasil, recém casada com o mais novo dos Caselas…fazia cá umas trouxas de ovos…), ah como agora me arrependo! E as minhas amigas…eu sei que sempre me preocupei com o dinheiro para o taxi, mas se calhar devia ter telefonado, não passam muitos aqui em São Barlavento de madrugada…não passo de um, sim, diga-se a palavra bem alto, de um canalha!

Mas, meu estimado amigo, a coisa estranha que sucede, contrariamente a si, é que os meus amigos e as minhas amigas contam-se pelos dedos das minhas mãos e pelos das deles…pois se é certo que sempre os maltratei, também é certo que sempre me maltrataram a mim. Nada disso faz mossa na amizade que nos une. É assim que se distinguem os verdadeiros amigos: são aqueles a quem não passaria pela cabeça maltratar quem não lhes diz nada. Quanto mais se gosta, quanto mais se ama, mais se bate e mais se leva, nunca ouviu dizer? Eu só maltrato quem realmente gosto. Os outros não merecem sequer a minha atenção.
Melhores cumprimentos e muitas felicidades para a sua busca da mesma

A. Carrapato

—Exmo Sr.

Verifico (com grande tristeza minha) que o senhor é uma daquelas criaturas com as quais o prazer do diálogo é totalmente inexistente. Para começar, o senhor tem o sentido de humor das pedras da calçada sendo também que a estas, embora cumprindo o seu papel de chão a pisar, não lhes é reconhecida qualquer sagacidade.

Depois, o seu discurso (pobre e soluçado que é), faz lembrar o daquelas santas almas que, em tempos idos e até nestes mais actuais, construíam uns tribunais e, armados da absoluta razão e verdade incontestável de que eram detentoras, destruíam tudo aquilo que era contrário aos seus dogmas. O senhor, à falta de uma pilha de lenha e uma caixa de fósforos, aprendeu a dizer a palavra .merda’; cada um usa aquilo com que melhor lida, talvez até aquilo que mais tem.
Permita-me, no entanto, dar-lhe um conselho: a utilização do palavrão como insulto é uma arte cujo perfeito domínio é uma meta absolutamente fora do seu alcance. Dedique-se àquilo que se afigura ser o seu perfil: o de dirigir carroças, ficando à sua escolha se à frente da mesma ou se sentado atrás.

Quero ainda aproveitar esta oportunidade para enviar um rasgado cumprimento a quem a minha resposta era de facto dirigida: ao A. que manteve um digno silêncio como resposta à minha pequena brincadeira. Trata-se obviamente de um rapaz inteligente (embora um pouco lírico, mas isso será devido, com certeza, ao facto de ser um rapaz ainda muito novo), e que aparenta saber soltar umas valentes gargalhadas ao reconhecer um momento de nonsense.

Finalmente, fique a saber que não há regra sem excepção e por vezes se perde tempo com quem não merece a nossa atenção. Mas não faço disso um hábito.

A. Carrapato

0 thoughts on “Amílcar Carrapato

  1. Carlos

    É mesmo espectacular, o Amilcar. Será que ainda se consegue apanhar mais alguns textos dele?

  2. catarina

    Não há muitos que o troll durou pouco. O resto é mais respostas no pt.conversa (um newsgroup da hierarquia portuguesa da usenet). É fazer a pesquisa no google groups, pt.conversa, por ‘amilcar carrapato’.
    Bem, fico contente por alguém ter gostado do AC. Qualquer dia apresento aqui o Oscar Avelho…:-)