Olha! A cimeira Norte-Sul!
Encontrei isto agora! Lembras-te?
Lili, Agente Secreta Zero Zero Imenso Sete, desligou o motor. Tinham chegado ao local de encontro (um deles, mas este devidamente divulgado a seu tempo, não se tratava de paragem estratégica para atestar de café). Um solzinho de Inverno batia no vidro, pardais cantavam, e o Chefe abriu a boca, pela primeira vez na viagem: saímos do carro? Lili e L’Etranger concordaram.
Lili hesitou entre deixar o casaco no banco ou vesti-lo, mas o gaulês, já fora do carro e a meio de um cigarro, informou, não está frio nada, muito bom sol, podes sortir com vontade não tens porblema.
Lili saiu do carro e acendeu um cigarro, enquanto admirava a vista. De um lado a estrada, que é sempre o começo de uma longa viagem, basta por-lhe um pé, já dizia o Bilbo. Do outro lado a portagem. Era também uma vista. Não há mais nada a dizer.
O Chefe abriu a boca outra vez e resmungou, os outros? Atrasados como sempre. Até aqueles batedores…contrataste-os no Jornal Ocasião? Lili deu uma passa no cigarro, decidiu que aquilo não era a França, abriu a porta do carro, tirou o casaco, embrulhou-se na pele e respondeu: não, Chefe, foi uma destas noites no mirc. Eu logo vi, respondeu ele, esses conhecimentos de net, já se sabe, nunca dão nada de bom. Lili ficou calada a ouvir os jactos ao longe. Os pardais também se calaram.
Eram os batedores. Um deles investigou a cabine das portagens, o outro a Via Verde. O gajo a atravessar assim à frente das portagens arrisca-se a levar com um carro em cima, disse o Chefe, que se tinha tornado menos monossilábico. Há um parque de estacionamento mais à frente, retorquiu ela, mas quem o conhece é o Altar e esse não vem hoje.
Os motores pararam e voltaram a ouvir-se os pardais. Quem é que falta? perguntou BC. Já só falta um, respondeu Lili. O Paladino da Inbicta telefonou duas vezes, está a tomar o pequeno almoço no parque de estacionamento do local da cimeira. O Espião Binário também lá está, mas até agora não sabemos se estabeleceram contacto.
E nisto um clarão. O único automóvel que se encontrava nesse momento parado na portagem, fazia insistentes sinais de luzes. É ele! O Duque Fraga Truta! Ligou a dizer que estava aqui dentro de um quarto de hora, isto há três deles atrás, deve ter confundido Gaia com Antuã, murmurou o casaco de peles onde estava escondida Lili (o sol de Inverno é bonito mas tem poucos watts). O carro arrancou e parou no parque de estacionamento, atrás da carrinha ‘Devils Héldio Karting Team’, que aparentemente se encontrava vazia. Uns minutos depois, detrás da carrinha, aparecia o Duque himself…estou atrasado, sorriu ele? Nada, nada, respondeu o coro de mão estendida. Então, vamos lá ao leitãozinho que são horas.
BW entretanto inspeccionava a portagem. Lili, apontou ele, com o sorriso de instalação de paranóias, aquele carro, conheces? Muito lentamente, ao som do silêncio súbito dos pardais, acabava de passar a Via Verde uma mancha negra, com labaredas pintadas dos lados…
Ía lá esquecer a minha agente favorita… ;-))