100nada

O Efeito João Miranda

O EJM (Efeito João Miranda) é um problema para a blogoesfera: assim que ele escreve alguma coisa, um gajo sente-se logo tentado em discordar. Há anos que tento descortinar uma côdea que seja com a qual consiga concordar: é-me totalmente impossível. O rapaz não tem culpa e atá admito que não escreva bacoradas; mas a minha opinião seja lá no que fôr, consegue sempre ser exactamente a oposta.
Essa porra é um problema, porque cria hábitos. O João Miranda escreve qualquer coisa, um gajo já nem lê; só pode ser mais um dislate e quem sofre de EJM senta-se logo do outro lado da barricada. E quem diz senta-se, diz atira uns pedregulhos.

Pois eu, a contragosto, desta vez concordo com o João Miranda. Em parte, em parte. Mas no essencial, sim. As listas suckam. As listas são uma hipocrisia. As listas são uma medida popularucha para enganar o incauto que aponta logo o dedinho ao mau da fita, aquele não pagou! ah cabrão criminoso, que andas a viver à conta dos meus impostos! Quantos destes indignados terão declarado as suas sisazinhas, hum? Gostava eu de saber, mas adiante.

Eu sou conta a coisa. Só quem não percebe nada do que se passa no tecido empresarial deste país, em que centenas de empresas com dificuldades têm como maior cliente esse mesmo estado que agora se arma em credor choroso e afixador de listinhas e que não cumpre as suas obrigações é que engole este isco. Não é esta lista que eu quero ver. Eu quero é ver a lista de todas as empresas que faliram porque o seu maior cliente não pagou a tempo e horas. Mas essa, posso esperar sentada.

0 thoughts on “O Efeito João Miranda

  1. jpt

    está aqui um lamentável erro de raciocínio. ao misturar o joão miranda no assunto fica-se num beco sem saída: a) o homem não é concordável [dogma? não, lei natural – ou seja, lei económica]; b) o homem está contra as listas (de devedores ao Estado); c) [evidentemente] concorda-se com as listas [agora, e portanto, de pulhas]

    porquê evitar a lógica quando até se tem tendência para isso, catarina? francamente, volta lá à razão

  2. catarina

    Não consigo deixar de concordar, jpt. Estou farta de matutar sobre isto. Se existir um (UM) único nome naquela lista que não é um caloteiro e é um tipo de bem apanhado num embróglio como aquele que eu tento explicar no post de cima, já é razão suficiente para eu ser contra isto.

    Pá: ainda há bem pouco tempo fiquei a chamar medievalismo ranhoso a umas certas listas de devedores que se afixavam numas certas portas de igreja num certo país, e que me diziam ‘ é a única forma de os apanhar’. Mas nesse país não há leis, jpt, nem instituições.

  3. Jorge

    “EJM” está lindo! De facto aquilo dá sempre vontade de discordar. Mesmo quando não passam de provocações, o que me parece ser mais vezes do que aparenta.

  4. catarina

    Jorge, acho que sim, em certos casos. Noutros parece provocação mas se calhar é mesmo a sério…é aquele ar do “The Day of Doom is Upon Us” que me tira mesmo do sério.

  5. Jorge

    A mim faz-me sempre lembrar a sensação de “mas este gajo tá parvo?” que me despertavam certas crónicas do Pedro Arroja há uns bons anos na TSF!

  6. catarina

    Joege, não faço ideia quem seja esse Pedro Arroja, mas já vi um comentador no Blasfémias com esse nome! (tem tudo a ver, portanto).

    E agora, jpt, estás a sofrer de EJM ou E100N?

  7. catarina

    Deixa lá, só custa a primeira vez. O rapaz até deixou outro post no Blasfémias (sobre a Gisberta) cujos comentários são sérios, sem palermas à mistura. O mundo pasma.

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