As árvores do meu Pai
Cada vez que vejo arder uma árvore, penso no meu Pai. O meu Pai planta árvores nas horas vagas. Durante anos pensava nas árvores que iria plantar, enquanto ia plantando outras que também queria plantar (desconfio que tem uma parte do cérebro sempre ocupada – e preocupada – com as suas árvores). Algumas são objecto de grande reflexão na escolha e no sítio; vai estudando composição de solos, quantidades de água e vai plantando árvores, algumas novas, outras desenraizadas de outros locais, como as oliveiras do Alqueva, ‘sabes que aquela ali tem mais de mil anos?’ e é extraordinário pensar nisso, uma árvore que tem mil anos. É também essa quase eternidade de algumas árvores, esse mistério de longevidade, a assistência silenciosa ao passar dos séculos, que encerra um encanto muito especial, que fica para lá da beleza do verde, da imponência e sobriedade de uma árvore.
Quando vejo uma árvore a arder, penso no meu Pai. Penso que poderiam ser as árvores dele. Penso que são as árvores de alguém que as pode amar dessa forma, com o amor e a alegria que o meu Pai, toda a vida, passou às filhas e passa agora aos netos.
E todos os anos, todos os anos, todos os anos, ardem mais. Arde tudo. E toda a gente se está nas tintas até as chamas baterem à porta. Há uma eternidade atrás, vinte e muitos anos, andei no Liceu de S. João do Estoril. Lembro-me de ter havido uma acção de sensibilização para pedir voluntários para ajudar os bombeiros. Eu, cheia de vergonha, fui oferecer-me. A Presidente do Conselho Directivo ou o que passava por isso, chamou-me e eu fiquei em pânico, que tinha eu feito de mal? Afinal nada. Era só para me conhecer – num liceu com milhares de alunos, só tinha havido uma miúda (que nem força para agarrar numa mangueira teria e que não servia para ajudar coisa nenhuma) que se tinha dado como voluntária. Isto não faz de mim melhor ou pior, creio eu. Faz só de mim filha do meu Pai.
- Está tudo a arder
- Fumo
A campanha passou ao lado, mas mesmo assim depois passou a ter resultados. Não para pegar nas mangueiras (há que reconhecer limites), mas para levar leite e outras ‘pequenas’ tarefas.
E há alguma coisa melhor que ser-se filho(a) de um Homem bom?
“People often see you as
being a very dark and cold person”
“wow. you are MEAN”
Claro que sim! claro que sim, sua batoteira dos testes 😛
Bom, mas comentando o post: A minha mãe é assim como o teu pai. Planta árvores e plantas em todo o lado. De vez em quando até se limita em agarrar restos de plantas que encontra no lixo (plantas que as pessoas deitam fora por estarem “mortas” ou quase) leva-as para casa e enfia aquilo na terra. acho sempre que aquele pauzinho com folhas secas não vai dar nada, mas a verdade é que quase tudo a que ela mete a mão sobrevive (ou revive).
Depois marca datas. Existe a minha árvore, a árvore da viagem X, a árvore da viagem Y, a árvore da minha irmã, a árvore das netas, etc… sabe a idade das árvores todas porque as “marca” com essas datas… é impressionante. Mais impressionante é eu só ter pensado nisto desta forma depois de ler o teu post… Estás a ver como tu és? estás? estás? Fazes posts que trazem ao de cima o melhor das pessoas (e o pior, de vez em quando 😉 )
chuack
´
++~
ii nb9
_,.
–
l
lksdn-vfj9
0´1
po
–º-º.
nbaqds
(tr. Para ti tambem, Beatriz.)
Não tenho vergonha de estar indiferente pelas percas dos outros, eles também fariam o mesmo se não lhes tivese tocado a desgraça á porta.
Não me apetece vir discutir no blog da Catarina, mas Mário, repara bem no que disseste. Só tens sentimentos se forem retribuidos?! Não é isso que querias dizer, pois não? Até porque nunca podemos saber o que é que “os outros” sentem.
Eu, não o sei. Admira-me que tu saibas.
fazer de ti filha do teu pai, que assim às 1as me parece uma excelente pessoa, não é nada pouco!
fazer de ti filha do teu pai, que assim às 1as me parece uma excelente pessoa, não é nada pouco!