Post politicamente incorrecto sobre o Ballet Gulbenkian
Trespassa-se companhia de bailado completa, incluindo programação para a próxima época. O Estado, através do seu Ministério da Cultura ou qualquer outro organismo que proteja o património nacional, tem a oportunidade única de adquirir esse magnífico item.
Não quer? Como não quer? Péra lá, mas esse Estado não somos nós todos? Não são todos aqueles que se insurgem e chamam nomes a uma fundação privada por ter acabado com a dita companhia?
Tanta conversa e dedo apontado à iniciativa privada, mas quando toca a passar o cheque público, não há verba, nem vontade, pois é.
(nota: se há alguém que colocou o nome de Portugal na Europa – através da Europália – sem ser como país fornecedor de mulheres a dias e porteiras, foi Emílio Rui Vilar, pessoa que terá sempre a minha imensa admiração)
- A ser verdade
- Gastar o euromilhões (1)
Apoiado. Também tenho debitado amplamente a minha opinião acerca desse assunto. (talvez pudesse ter havido maior tacto a comunicar a decisão, não sei.)
Também admito que sim, que terá sido – de acordo com o que se sabe – repentinamente demais. Mas sabes, ontem peguei numa revista qualquer e li uma notícia sobre não interessa agora o quê (era uma coisa económica): o que interessa é que nem os factos mais básicos eram verídicos. Estou a falar de factos, nem sequer é de opiniões. Mas ao jornalista deu mais jeito colocar a coisa de outra forma, totalmente falsa, para rematar a conclusão do artigo dele. Portanto cada vez tenho mais dúvidas em tudo o que leio e não faço ideia se terão havido avisos anteriores, neste caso.
E custa-me imenso ver arrastado pela crítica um nome de uma pessoa como o Rui Vilar, que até à véspera tinha feito TANTO pela cultura em Portugal…as memórias são mesmo curtas, neste país.
Por outro lado, o Estado é tão mau que as pessoas até confundem o público com o privado, exigindo aos privados aquilo que não exigem ao público. Se em vez de andarem atrás da Gulbenkian para voltar atrás na decisão, fizessem pressão no MCultura para ficar com aquele património, faziam melhor figura.
Mas o Rui Vilar respondeu à altura: que se a Câmara de Lisboa (em respostas às pressões de Santana Lopes) e o Estado quisessem formar uma parceria para acolher a companhia, a Fundação daria todo o seu apoio.
E respondeu muito bem.
Mai nada!
A pulverização dos subsídios e patrocínios dos privados à cultura parece ter vindo para ficar nos tempos mais próximos, não fugindo a essa regra a Fundação nem a PT.
Convém não esuqecer, que no legado de Calouste Gulbenkian fala-se de apoios à aprendizagem de jovens criadores, nomeadamente no estrangeiro e à produção de eventos locais permitam um melhor acesso à fruição e à formação dos públicos. Nada é dito sobre a constituição ou manutenção de de artistas ou companhias a tempo inteiro.
Exacto, Carlos.
E alguém viu a entrevista que Rui Vilar deu hoje a Ana Sousa Dias? Nesta ficou bem claro o modo como a G. actua: privilegiadamente em sectores onde há um sério caminho a desbravar. Já foi assim no ballet; já não é.(Recordo agora que R.V. esteve na origem de outra das instituições que vieram retomar os caminhos da G., a Culturgest… onde, precisamente já vi a Vera Mantero, que foi bailarina da Gulbenkian) Particularmente interessantes são os projectos que começaram a desnvolver para educar populações em áreas de conlito, como aquelas habitadas por etnias diferentes (periferias das cidades). E aqui, realmente, o Estado não actua. É que o dinheiro é mesmo gasto a educar as pessoas para a cidadania. E isso faz indubitavelmente muita muita falta.
Só não desato aqui a disparatar porque sempre me segui pela máxima: “Posso não concordar com o que dizes mas lutarei sempre para que o possas dizer”. Neste caso acrescentaria…disparates!