100nada

Esta culpa estúpida por estar vivo

É tão difícil voltar a rir, a comer bolachas, a dizer disparates. Ou não é nada difícil, é fácil até: o que me faz sentir ainda pior.

0 thoughts on “Esta culpa estúpida por estar vivo

  1. KooKa

    Quando foi do 11 de Setembro, senti isso exactamente durante muito tempo.
    Infelizmente, hoje estas coisas começam a ser tão “banais”, tão “habituais” que já não sinto isso.
    Senti ontem.
    Hoje já não.
    E confesso que me sinto “culpada” por isso.
    Mas a verdade é que todos os dias somos bombardeados com notícias de atentados no Iraque, em Israel, na Palestina.
    Londres. . .foi “só” mais um.
    Desta vez “apenas” mais perto.

    Não sei explicar. . .sei que não consigo sentir o que senti em 2001.

  2. catarina

    Eu não é bem isso, Kooka, até porque Londres é para mim uma segunda casa. Sinto muito mas a vida continua e isso traz-me sentimentos de culpa também.

  3. Nelson Santos

    Não é difícil não Catarina. E é precisamente por fazermos isso que estes filhos da puta podem matar 10, 100, 1000 ou 1000000 que nunca vencerão. NUNCA!

  4. KooKa

    Eu nunca estive em Londres, mas não sei porquê sei que lá “é o meu lugar” (não me peças para explicar, acho que não tem explicação possível).
    A vida continua, sim. E tem que continuar.
    Há 4 anos atrás chorei todos os dias. De medo, de culpa, de incerteza, de..sei lá do quê.
    Culpa? Muita. Senti-a, sim.
    Trabalhava na altura numa empresa americana e morreram centenas de colegas meus. A sede da empresa foi totalmente destruída.
    Senti “na pele” as mudanças.
    A culpa esteve sempre lá.
    Culpa de quê? De ser humana, talvez, como todos somos, incluindo os que cometem estas merdas (tal como já disse num comentário ao teu post anterior).
    É essa a única culpa que sinto, infelizmente.
    Mas a (cruel) verdade, é que não podemos fazer nada. . .
    A não ser, talvez, continuar a viver.
    Por nós e pelos que, estupidamente, perderam a vida nestas merdinhas de “jogos de tabuleiro” (porque é isso que parece, “agora ataco eu e depois atacas tu”. . .)

  5. catarina

    É, Nelson, mas a minha dúvida é se esse sentimento vem da coragem e da não-aceitação do terror como controle de vida ou da indiferença. Quero acreditar que seja da primeira.

    Kooka, entendo que tenhas sentido na pele e por isso tenha sido tão mais doloroso. Quanto ao resto, já te respondi abaixo: não somos humanos iguais aos que cometem estas atrocidades. Porque nós não as fazemos e eles fazem. Não aceito isso.

  6. aNa

    Catarina
    a culpa não existe. isso é invenção da nossa religião.
    quanto muito há responsabilidade. que, no caso de ontem, não temos nenhuma!
    a que temos é de tentarmos ser cada dia que passa melhores pessoas, sem mesquinhices na cabeça, e tentarmos que isso se reflita nos que nos rodeiam.
    porque na verdade a vida continua. e assim tem de ser, senão este mundo já tinha acabado há muito!
    o que não impede, obviamente, que nos sintamos consternados e amachucados por dentro.
    um grande beijinho.

  7. duende

    Mesmo quando nos bate à porta, mesmo quando é connosco, há que continuar. Com o sentimento de culpa de que poderíamos ter feito algo para o evitar, mas o olhar é para a frente. 😉

  8. Nelson Santos

    Catarina, sei que há muita gente que fica indiferente. Mas acredito, quero acreditar e enquanto acreditarmos estamos a vencer estes FILHOS DA PUTA, de que o sentimento que temos, além da repúdia e da raiva é um de, se não de coragem pura, pelo menos de sentir-mos que não nos farão mudar de vida, para o que eles consideram correcto, só porque fazem estes atentados.

  9. luis

    Nao te preocupes, por aqui voltou tudo a normalidade, parece que nao se passou nada, toda a gente esta a usar o metro outra vez, etc. Eu, que passo todos os dias, de manha, em Liverpool Street e King’s Cross, ontem fiquei com os cornos na cama a dormir. Em dias de eleicoes, dias de G oitos, e cenas do tipo, e melhor um gajo nao se mexer muito… Achei piada a um artigo do DN, em que o jornalista se queixava que as tv’s ingleses nao mostravam as cenas, os feridos, etc! Se a TVI estivesse por aqui… Que grande festa seria! Nao se falava de outra cosa durante um mes! Acho melhor assim.

  10. catarina

    Luis, é isso que mais admiro nos ingleses, para além do estoicismo e coragem: a discrição e o respeito pelas pessoas. O anti sensacionalismo. É um povo muito digno.

  11. duende

    Têm ainda algo daquela famosa soberba insular, mas neste aspecto poucos os batem. A dor é privada. Obrigada Luis pelo que nos deste a saber.

  12. riquita

    du
    é com essa atitude que se constroi um país como o deles.penso que se acontecesse noutro país do norte da Europa seria mais ou menos igual, nada que se paraça com o circo que os latinos gostam de montar :( como o luis referiu.

  13. Biranta

    Acordem! A única forma de cortar o passo a estes facínoras é gorar-lhes os objectivos. Um deles á a manipulação. No meu blog existem vários artigos, com links para sites que analisam e relatam factos desconhecidos, que permitem “ver” melhor o que se passa. É a nossa segurança colectiva que está em jogo; é o futuro do Mundo e da Hummanidade que nos arriscamos a comprometer. Quem tem praticado todos estes atentados são os serviços secretos do ocidente, com a CIA à cabeça (que foi quem executou o 11 de Setembro). Ignorar estes factos, por covardia, não adianta nada, só prejudica.