Palavra que tento, mas…
Não se pode dizer que não tenha lido nada na vida. Li muito, não faço disso estandarte. Não se pode dizer que não saiba ler: sei. Bastante bem até.
Depois vejo indicações assim: isto é bom. E eu vou ler. E palavra que tento, mas tropeço nos enfeites, nos adjectivos, nas imagens tããlindas, na beleza muito penteada, na intenção do bonitinho. E já nem sei o que estou a ler. Perco-me em todos estes obstáculos – a escrita não flui, a leitura fica pelo caminho, desinteressada.
E, muito arrogantemente (mas sem qualquer problema), confesso: não é de mim. É desses textos. Não são bons. São medíocres. São para quem é bacalhau basta. Frutos da falta de discernimento e da ignorância de quem lê, da adulação a quem escreve. Da preocupação em transformar uma coisa que até eventualmente poderia ter sido original em mais uma rendinha de crochet porque o parolo leitor assim o requer.
É pena, realmente (mas não tenho nenhuma).
Adenda: estava aqui a pensar que não tem a ver com a minha mania do despojamento: isso é uma mera preferência. Não desdenho a escrita gongórica per se. Talvez seja porque a tal rendinha tape apenas a falta de conteúdo.
- Pagar para ver, de Ana Roque
- O sistema de comentários hoje
Como te compreendo, Cat! Oh, se compreendo…
Poizé…(nem vale a pena)
Pois, nem mais.
Acontece com os textos o mesmo que com as pessoas. O excesso de adereços e de esforço de embelezamento (que raio de palavra) distraem, cansam, e fazem esquecer a pessoa que está por baixo, e que se calhar até é interessante. Despida. Mas as piroseiras não nos deixam lá chegar. E realmente deve ser uma pena deve (também não tenho nenhuma).
Pois, nem mais.
Acontece com os textos o mesmo que com as pessoas. O excesso de adereços e de esforço de embelezamento (que raio de palavra) distraem, cansam, e fazem esquecer a pessoa que está por baixo, e que se calhar até é interessante. Despida. Mas as piroseiras não nos deixam lá chegar. E realmente deve ser uma pena deve (também não tenho nenhuma).
E eu juro que só escrevi aquilo uma vez! :\
(o sistema de comentários hoje não está a funcionar muito bem, Patricia. Eu não consigo responder a quase nada, a ver vamos agora)
Bom, há pessoas que melhoram muito assim mais organizadas e arranjadas…;) (lá está, o material de base também não seria grande espingarda, para começar…)
Mas a escrita, prefiro-a mais crua e despida, realmente.
por alguma razão eu não sou muito adepto de maquilhagem 😉
Ai mulher tu não me digas que te aconselharam a Margarida Rebelo Pinto. 😉 Hum… ou terá sido algum Paulo Coelho (está na moda, pá).
E ainda não leste nenhum blog!?… Ah!Ah!Ah!
A blogoesfera é o paraíso dos “rodriguinhos”, mas com muitas excepções.
A rendinha só cansa se, depois de aberto o bonito saco de plástico, não houver mais nada. O problema está naqueles que não dominam a palavra e se esquecem que nem a renda é boa nem disfarça a falta de conteúdo. Faz lembrar o ensaio do Dr. Evans Prichard (seria este o nome?!) no “Clube dos Poetas Mortos”, em que um poema se qualificava em termos de forma e conteúdo, num gráfico bidimensional cuja área (forma vezes conteúdo) media a grandeza do poema. Ou seja, não escrevem sobre nada de jeito e tentam embelezar tudo com adjectivos e rodriguinhos. Acho que a melhor renda é aquela que valoriza o conteúdo.
Concordo. Mas não se passará o mesmo com “caralhadas” a mais ?
1 bj Cat
Em todas as formas de expressão há “enfeites”, resta ao autor saber se os quer usar (os que apenas são copistas não entram na categoria de “autor”). Quando não há nada para lá do enfeite é sinal que a embalagem vinha vazia e nós que a comprámos por cheia ficamos aborrecidos com vontade de pedir o nosso dinheiro de volta.
Duende:
Pois eu, até nem acho que a MRP e o PC sejam uma bom exemplo dos “rodriguinhos” a mais que escondem uma escrita medíocre. No estilo kitsch-para-donas-de-casa-e-afins-carentes-e/ou-dadas-ao-místico, eu até acho que eles são muito bons naquilo que fazem, além de que a sua escrita denota empenho e trabalho. Para mim, são verdadeiros “escritores”, no sentido em que fazem da “escrita” o seu ofício. Eu posso não gostar de os ler, não me chega, quero mais, mais profundo, mais original, mais etc., mas não os acho “medíocres”.
Acho que a mediocridade versus qualidade tem que se aferir num dado contexto, em função dos objectivos propostos e do trabalho incorporado: nenhuma das duas vale “per si”.
Medíocres, para mim, são todos esses escritores “wannabes” que pululam pela blogoesfera fora, que escrevem textos pedantes e cheios de rococós, que se levam muito a sério (nos quais, se calhar, até me incluo), e que facilmente abrem a torneira para criticar as MRP e os PC desta vida (gente que tem sucesso, não por um qualquer golpe de sorte, mas porque faz o seu trabalho de forma competente e empenhada).
Então 100nada, está aí é para o bota a baixo ou é um pouco de irreverencia, gostava de perceber! Um abaço
um colega meu uma vez comprou um livro. leu-o e nao gostou. escreveu uma carta à autora a dizer que nao tinha gostado do livro e porque razoes.
conheço bastante gente com “tomates e vontade” para escrever mails e cartas e telefonar a queixar se se compraram um yogurte ou um pacote de leite ou uma garrafa de vinho e nao gostaram. Mas quem se queixe porque nao gostou dum livro so conheço este, e é estranho porque os livros sao caros e implicam um gasto de tempo muito grande…
(e, para variar, que raio tem isto a ver com o assunto?)
pseudo-escritores barrocos. e lugares comuns. essa é que é.
Eu gosto muito do meu Evans-Pritchard, é um problema isto. E de bacalhau – uma expressão hoje dúbia do anacrónico que ficou. Dúbio=rodriguinho?
Pois… como te entendo. Não sei se é de mim, se da falta de prática, se do que raio, mas ultimamente tem-me acontecido por diversas vezes, deixar um livro a meio… (ou ainda antes do meio, confesso). Será que o mal é meu?
E queres saber o que me fez lembrar essa metáfora do naperon??? Alguém se lembra dos desenhos que deixavam qdo os levantavamos??? Aquele rendilhado de pó… Bastava soprar para desaparecer… No mínimo triste!!!
A pedir desculpa, que isto não se diz a uma senhora. Mas aqui não s(t)e está(s) a queixar dos textos alheios e sim da idade própria. O fastio da leitura feita. Sem problemas, acontece aos outros também,
É isso tudo aí de cima. (como eu já escrevi o que penso, parece-me parvoíce escrever outra vez o mesmo; estou cansada, nota-se muito?).