Hidden things
O melhor esconderijo é sempre aquele que fica à vista de toda a gente. É sempre a mesma imagem que me ocorre, sempre a mesma (verdadeira, tirei-a eu) fotografia: uma coisa simples, duas pessoas à procura de uns envelopes num jardim, as duas dobradas a levantarem pedras e folhas; ao lado, uma grade, os envelopes encaixados nos quadrados de metal. Completamente à vista, absolutamente escondidos (eu sei, escondi-os eu). É assim que melhor se escondem as coisas, completamente expostas, absolutamente silenciosas.
Não é enquanto se fala, é quando se cala (ou qualquer coisa assim, nunca me esqueço de nada, nem quando o tempo cobre de betão as memórias, a frase não seria essa, mas troco-a aqui pela versão curta); é esse silêncio. Não é o silêncio manso do que não tem palavras, mas o silêncio das palavras cortadas, censuradas. O silêncio de decibéis surdos que cresce até se tornar quase insuportável.
E nessa altura, quando só existe uma imensa vontade de fugir com as mãos a tapar os ouvidos, faz-se uma coisa muito simples: agarra-se nesse silêncio e
faz-se qualquer coisa, que não sei o que é.
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- O lançamento do livro do Luis Ene
Querida Catarina. Pouco comentarista mas atento leitor. Contnuo a encantar-me com os teus escritos e com o teu humor.m beijo.
Faz-se barulho. Fala-se.
Um beijinho, Victor e obrigada.
É uma boa opção, Isabela.
A tal história de esconder a árvore na floresta e tal.
… agarra-se nesse silêncio e berra-se com o Mundo.
Continua-se a caça ao tesouro