100nada

Os perigos da net e outros assuntos desagradáveis

Há imenso tempo que vou roendo ideias sobre várias coisas relacionadas com os blogs, em especial com os babyblogs (e já escrevi sobre isso).
Hoje, como tenho mais tempo, vou ver se consigo organizar as ideias e referir algumas mesmo desagradáveis. Não é um post que me dê gosto escrever, mas às vezes acontece e tem mesmo de ser.

A net é um sítio muito perigoso. Que não existam ilusões sobre este facto. Não é paranóia, é a verdade absolutamente nua e crua. Neste mundo virtual há a mesma dose de gente má e doida que existe no mundo real: talvez um tudo nada mais informada, mais técnica, mais abonada, mas nem por isso menos mal formada. Mais: o anonimato oferece às pessoas um alargar de limites naquilo que escrevem e que fazem – no mundo real muitas dessas coisas (as menos graves) seriam resolvidas com um par de estalos. Aqui não é possível. Nem sabemos quem são as pessoas. Mas isso é matéria para outro dia: o que está em causa neste post não são os perigos do anonimato, são os perigos da inocência.

No meio deste mundo selvagem cheio de monstros que é a net, existe esta pequena ilha de quase paz e sossego civilizado que é a blogsfera. Há umas discussões, umas pegas, umas flames, mas nada de grave comparado ao resto.

Há dois tipos de bloggers:

Bloggers que já têm experiência de net. Que já andaram por outros lados antes de abrirem blogs. Não falo tanto do IRC, que é também um mundo um bocado agreste, mas com muita miudagem à mistura, uma grande salganhada onde uma das maiores diversões é tentar deitar abaixo os outros pc’s e coisas parvas dessas. Refiro-me mais a grupos de discussão, os newsgroups e outros foruns, onde participam adultos que na vida real têm uma cara civilizada e ali, a coberto do anonimato, fazem as coisas piores do mundo uns aos outros. Sei que quem andou por eles percebe perfeitamente do que estou a falar. Fazem-se as piores coisas do mundo. Não é exagero. Quando a coisa descamba, vale tudo. Como o mundo virtual suscita sentimentos muito intensos e a velocidade relativa do tempo é muito maior, os ódios, quando surgem, são viscerais e extremamente violentos. Perseguem-se as pessoas de todas as formas, incluindo na vida real, com chantagens e ameaças e um terrorismo sinistro que dá cabo das pessoas.
Os bloggers que já passaram e assistiram ou sofreram pressões destas, são bloggers cautelosos. Pelo calo que têm até podem deixar um pouco aquela forma de estar, sempre alerta, porque realmente a blogsfera, comparativamente, é um local paradisíaco de férias. Mas estão atentos e, de alguma forma, acabam por se proteger.

Depois existem os outros bloggers. Abrem um blog porque lhes apetece, debitam a vida toda para dentro do servidor, escrevem tudo e mais alguma coisa, muito inocentemente, protegem-se com um nick mas depois referem onde vivem, o que fazem, quem é a mãe, o pai, o gato, o piriquito, o papagaio, descrevem a rua, o restaurante onde almoçam, a vista da janela, o trabalho, os amigos, metem comentários noutros blogs com ips fixos, trocam emails e fotografias, conversam no msn, dão o nome, o telefone, a morada, enfim: adeus anonimato, só não sabe quem não quiser saber. Tudo e mais alguma coisa sobre a vida inteira desses bloggers.

Nesta categoria de bloggers inocentes e inexperientes, existe uma categoria complicada (e agora é que vem a parte desagradável mesmo): são os (ou mais precisamente ‘as’) babybloggers.

Eu tenho um babyblog há mais de um ano. E muitas dúvidas e indecisões quanto ao facto de o manter. Na realidade poderia escrever tudo aquilo em papel. Mas a verdade é que sou uma desorganizada do pior e nem escrevo e quando escrevo perco. A mesma coisa se aplica a um documento word. Tudo o que escrevi para lá do que está nos meus blogs, à conta de uma formatação ou outra, acabei por perder. Tenho um bocado de pena, claro: perdi as coisas maiores, contos, histórias, coisas que não queria escrever para o ‘público’, ardeu tudo ao longo dos anos, não sou dada a backups. Resta-me a solução de guardar as coisas online e claro, acabam por ser lidas. No caso dos babyblogs é impossível mantê-los em segredo: ou é um site com password, como fizeram os pais da Eva (leiam o post que lá está, que explica tudo muito bem), coisa que não domino, ou então, nem que seja através de pesquisas em googles e afins (que é como vão ter ao meu babyblog mais de metade dos leitores), fica tudo à vista. Daí aos links é um passo e pronto, ali está a nossa vidinha a nu. Do lado do flanco mais frágil, ainda por cima.
Só há uma forma de dar a volta a isto: é não debitar muita informação sobre coisas concretas. É o que eu tento fazer. É evidente que não sou exactamente a blogger mais anónima deste bidé blogsférico português, mas também não é toda a gente que sabe que aquele blog é meu, e lá vou tentando proteger o meu filho dos olhares mais cuscos e indiscretos, cada vez com mais dúvidas e indecisões sobre a minha vontade em manter aquilo (neste momento, mais de metade dos posts estão em draft, só ali guardados à espera do que eu decidir). Não é que a blogsfera seja um sítio de ‘maus’: não é. Mas continua a ser só uma ilha na selva-net. É preciso manter esse facto em perspectiva.

Tudo isto para chegar a uma coisa muito concreta e muito séria (este post vai longo e ainda não almocei): a questão das fotografias dos filhos nos babyblogs. Como se depreenderá do que escrevi para trás, sou absolutamente contra. Eu sei que há pessoas (mães e pais) de quem eu gosto mesmo muito (alguns até conheço pessoalmente e considero-os meus amigos), que não vão gostar de ler isto. Não é nada contra eles e peço desculpa de os incomodar ou magoar, mas isto é a minha opinião. Sou totalmente contra as pics dos miúdos nos blogs. Acho uma atitude irresponsável. Sei que as crianças são um bocado todas iguais, principalmente em bebés e para quem não as conhece pessoalmente, mas com que cara ficariam os pais se vissem essas fotografias em montagens porno, por exemplo? E isso é o mínimo que pode acontecer!

Ontem, a Papoila escreveu um post brutal sobre este assunto. Hoje foi apagado um blog. Não estou nada contente com isto. Mesmo nada. Estou tristíssima, para ser franca.
Mas não posso deixar de lhe dar razão na parte relativa à protecção das crianças e da sua privacidade.

0 thoughts on “Os perigos da net e outros assuntos desagradáveis

  1. Leonel Vicente

    Isto é o que se chama ‘pôr o dedo na ferida’… e deixa-me (a nós todos!) a pensar.

    Não obstante o anonimato, é difícil não deixarmos ‘escapar’ aqui e ali, detalhes (ou mais que isso) sobre a nossa vida.

    Como dizes, a blogosfera não será provavelmente um ‘antro’ de marginais, mas, por vezes, não será mau reflectir um pouco sobre o que se escreve em público…

  2. Karla

    OK. Está tudo explicado. Julgo que estamos a falar da mesma coisa, há pouco dei conta de que não conseguia entrar num blog… Por muito crua que tenha sido a Papoila, consigo perceber o ponto de vista dela e concordar até certo ponto. Acredito que quem coloca as fotos dos filhos nos blogues não o faz por crueldade nem por egoísmo ou egocentrismo, mas, citando-te, “não posso deixar de lhe dar razão na parte relativa à protecção das crianças e da sua privacidade”.

  3. catarina

    Leonel, não imaginas o quanto me custa meter o dedo nesta ferida. Custa-me tanto que andei semanas e semanas a adiar este post(e outros que ainda não escrevi).É que é uma ferida que hoje, para uma pessoa de quem eu gosto muito, é uma ferida mesmo real e vou magoar outras de quem gosto também muito.
    Mas achei que estava na altura. É preciso que se pense nestas coisas, sim.

  4. catarina

    Claro que não é por essas razões, Karla. É por inocência e desconhecimento do que é, verdadeiramente, a net.

  5. carlos

    Não costumo esconder nada (tirando um ou outro sentimento mais profundo) quando escrevo no meu blog. Mas eu sou um adulto, gajo batido. Agora a respeito de crianças e bebés todo o cuidado é pouco e, sejamos francos, este é um mundo cão. Penso que deve ser evitada qualquer tipo de exposição de inocentes na net. Um xicoração.

  6. Ginja

    Catarina, não tenho baby blogs, pois não tenho “babies”. Mas sofri “na pele” uma coisa parecida. Depois de quase dois anos com um blog “generalista”, onde assinava com o meu 1º nome, fui quase obrigada a fechá-lo. Isto porque pessoas houveram q o utilizaram como arma de arremesso no meu local de trabalho. É triste, mas real, fui obrigada a acabar com uma coisa q me dava mesmo prazer. Podia passar por cima, ignorar, deixar a poira assentar…mas depois do q me fizeram a “minha casa” era diariamente consporcada por visitas (não comentários, pois íam lá pela calada) de quem me queria mal. Quem é q continuaria a postar livremente depois de saber q tudo o q disséssemos poderia virar-se contra nós?
    Assim, para continuar uma actividade que adorava (estou no meu direito) tive q abrir outro blog, com outro nome e sob um pseudónimo. Quem me conhecia e lia perdeu-me o rasto. Mas preferi assim.

  7. Ginja

    Com aquela conversa toda esqueci-me de dizer que não poderia estar mais de acordo contigo sobre os baby blogs. Li o post da Papoila sobre isso e subscrevo-vos na íntegra. Bjs.

  8. António José Marujo

    Acho que se tem de ter cuidado com o que se escreve e se posta na net,também já tive um blog e acabei-o.Não concordo é com a forma como a blogger Papoila expõe os seus argumentos.Parece-me mais uma afronta pessoal do que uma defesa dos direitos das crianças.

  9. sara

    O problema é que há 1001 maneiras de escrever aquilo que se pensa. Sobre a protecção às crianças, nada tenho a dizer, já está tudo bem escrito atrás. Mas tenho quanto à forma como foi escrito o texto da papoila. É grosseiro, ofensivo e foi sobretudo um ataque pessoal muito baixo. Porque se o objectivo era salientar a necessidade de privacidade e protecção então podia tê-lo feito de forma geral. E já não foi o primeiro ataque, penso eu, à pessoa que hoje apagou esse blogue. A papoila tem o direito à diferença e penso que ninguém lhe pode negar isso, mas não pode ofender o mundo inteiro quando não concordam com a sua forma de pensar. E isso acontece frequentemente. O respeito existe e é bonito para toda a gente. Quanto à pessoa que hoje apagou o blogue, a qual leio desde quando ainda não existia sequer um feijão, tenho a dizer que embora raramente interferindo/comentando aquilo que ela escreve, podendo mesmo não concordar com algumas das suas ideias, sempre transmitiu a ideia de uma pessoa decente, serena e forte. E portanto hoje, mesmo que não a conheça (nem ela a mim), penso nela e desejo-lhe a força e serenidade que ela sempre teve, a capacidade de se concentrar no que é importante e ignorar aqueles que disfarçados de cordeiros, atacam como lobos.

  10. duende

    Bem, tu sabes o que penso sobre o assunto até porque ainda não há muito tempo o referi no meu pedindo para terem cuidado. Sou também absolutamente contra. Sabemos que as montagens são, mais do que uma realidade, uma realidade diária.

    E já agora mesmo não tendo qualquer interesse, informo que faço parte da primeira categoria de bloggers e confirmo. 😉

  11. duende

    E agora que já li o post da Papoila acrescento que também o acho desnecessariamente agressivo. É que a inocência de certos pais desconhecedores deste meio deve ser levada em conta porque é também uma realidade. Desculpa dizê-lo aqui mas lá não o posso fazer. Se a Papoila ler, melhor. Não gostei é tudo.

  12. Vi

    Minha boa amiga, tem resmas, carradas, contentores de razão!
    Há gente muito boa, e gente muito sensível mas também gente muito má e cruel na internet como em todos os outros sítios deste mundo desmiolado. E é sempre preciso muito cuidadinho com o que se escreve, o que se revela. Uma das vantagens dos bichos-do-mato como eu é que nem às paredes nos confessamos!
    É preciso lembrar, de tempos a tempos, que nem tudo é uma alegre e simpática vizinhança. O cuidado e a atenção têm que ser redobrados em relação a terceiros, sejam eles os nossos Arnaldos ou as nossas célinhas! Não se podem afrouxar os cuidados, nem descuidar a vigilância.
    Para guardar os pensamentos e sentimentos secretos, o melhor ainda é o velho diário com chavinha! 😉
    Eu cá nunca fui de chats, mas com cinquenta e um anos já apanhei tanta coisa aborrecida na vida que só não “jogo à defesa” quando estou com a família, com quem me conhece e já deu provas de que gosta de mim e me respeita – nem que seja só um bocadinho. Afinal, ter um blog é como estar numa montra da Baixa, a escrever num quadro gigante: só não vê e manda bocas quem não quer.
    Para animar o ambiente, é bom lembrar que amanhã começa abRRRRRRil com todos os RRRRRRR! Até os de buRRRRRRão daRRRRRRoso.

  13. Karla

    É. É muito agressivo e eu não percebi de início até que ponto era pessoal o ataque. Após reflexão, também não gostei. Tal como disse antes, não é por egocentrismo que estas coisas são feitas.

    E não tenho forma de fazer chegar à pessoa em causa a pena que sinto e a minha solidariedade. Alguém me faz o favor? Agradeço :)

  14. Patricia

    Também li o post da Papoila e também hoje me deparei com o blog apagado.
    Concordo que o post da Papoila é um pouco agressivo, mas às vezes a agressividade é necessária. Às vezes é preciso que as coisas sejam ditas a doer, até porque se assim não fosse, muita gente não se aperceberia dos erros que, inocentemente, na maioria dos casos, acaba por cometer.
    É compreensível que as mães e pais de bebés estejam a rebentar de orgulho e cheios de vontade de dar a conhecer ao mundo os seus rebentos, as gracinhas que fazem e mesmo os problemas que atravessam (as doenças, os problemas na escola, e por aí fora). Esse orgulho é normal, natural, e nada tem de condenável. Mas é preciso instalar um “filtro” entre esses impulsos e aquilo que efectivamente se atira cá para fora, para as feras.
    Ao blog apagado faltava-lhe o filtro (e o mesmo acontece com inúmeros babyblogs).
    O teu outro blog, Catarina, tem o filtro bem instalado.
    No fundo são iguais, espelhos da vossa relação com os vossos filhos, e o filtro só impede que pase aquilo que é totalmente desnecessário. O fundamental está lá.
    Finalmente, queria só dizer que adorei ler este teu post, principalmente sabendo que vai chegar a um enorme número de pessoas, muitas delas actuais e potenciais futuros babybloggers.

  15. Margarida

    Li o blog da Papoila e não concordo. Concordo com o teu, que expõe as coisas de uma forma mais racional. O objectivo dela era ofender a pessoa em questão e não defender uma opinião. Gostaria só de acrescentar que o outro blog era para amigos e que foi criado para isso. Eu era uma delas felizmente que já a lia em outro blog, igualmente bom.

  16. 1poucomais

    Fui ler o post da Papoila. Não gostei, acho de uma agressividade gratuita. Embora concorde com o princípio da protecção às crianças, e por isso com tudo o que tu, Catarina, escreves.
    Eu definir-me-ia como no meio entre os dois tipos de blogger. Não quebro o anonimato, as únicas fotos publicadas da minha filha não são inteiras nem permitiriam identificá-la. Só assim as coloquei.
    Penso que muitos babyblogs são escritos para a família e os amigos, sobretudo quando moram longe. O problema é que não são lidos apenas por eles, e entre os leitores há cordeiros, mas também pode haver lobos.
    O problema coloca-se, claro, também em relação a outros blogs (e quantas vezes eu já pensei sobre o meu). Mas quem é adulto e responsável por si encontrará maneira de lidar com a situação. As crianças não.

  17. Rita

    Há mais de dois minutos a olhar para esta caixa onde é suposto comentar, só comento para dizer que li este post e o outro de que se fala.
    Agora, respiro fundo e reflicto. Depois logo se verá.

  18. catarina

    Obrigada por todos os comentários. A minha posição pessoal face às duas pessoas em questão referidas no meu último parágrafo, já a fiz chegar em privado a cada uma delas. Peço um favor. Que se comente o que se quiser aqui: mas eventuais comentários mais personalizados relativos a essas pessoas reservem-nos para a privacidade do email, penso que é o mais sensato. Não está aqui em causa a boa ou má atitude das pessoas e eu tive o cuidado de apontar os factos apenas e de personalizar só o que me diz respeito a mim. Este meu post é de alerta e de reflexão (e para mim também, aliás) não é para servir para ajustes de contas. É só isso.

  19. catarina

    (nota necessária: não é que existam nos comentários acima alguma coisa que seja de ‘ajuste de contas’, atenção. Os meus comentadores são pessoas sensatas. Mas creio que este post pode eventualmente começar a ‘cheirar a sangue’ e isso atrai os abutres do costume. Era só para lembrar isso)

  20. Manuel

    Costumo ler este blog mas como na maioria não costumo comentar.Concordo com a sua opinião. Não concordo com o que a despoletou, no outro blog.Acho a forma de expor os argumentos bastante ofensiva.À parte isso cada pai e mãe é que deve agir em consciência e não devemos ser nós a emitir os juízos de valor.

  21. Mi

    não sabia que o outro post era um ataque pessoal
    como um alerta agressivo, pareceu-me importante
    sendo um ataque pessoal, parece-me hipócrita

    a questão de fundo, no entanto, tal como a expões aqui, é penosa mas merece uma grande reflexão. e não necessariamente em público.

  22. Mariana Carmo Amado

    Este post parece-me sensato.O outro é infantil na forma.Perde a pouca razao que tinha.Julgo que os blogs deviam ter a possibilidade de por passwords,era muito util para os abusos.

  23. catarina

    Mi: tocas num ponto lixado. A reflexão séria a fazer, se for pública, obriga as pessoas a pensarem nos seus casos pessoais – mas também se expõem se o escreverem. Complicado isto da protecção da privacidade, muito complicado.

  24. Mariana Carmo Amado

    Gostaria so de acrescentar que pelo facto de nao se concordarem com atiutdes e ideias dos outros da o direito de ofender gratuitamento.

  25. carlos a.a.

    Pois é, tá visto e revisto que há muitas formas de dar a volta, muitas mesmo, mas quem prestou atenção à 1ª parte do post da Cat constatará que a essência é uma só, seja na blogosfera, seja na vida real: quem pretender preservar a sua privacidade o melhor caminho é privar-se de a expor publicamente.
    A partir daqui serão tudo gradações que quanto se pretende ou não divulgar, de quanto precisamos ou não de “feedback” relativo a determinada situação.

  26. Mi

    Concordo com isso Carlos, mas eu vejo mais a questão do ponto de vista da preservação da privacidade de menores que são expostos pelos pais, não tendo uma palavra a dizer.

  27. ziza

    Deixa cá ver, Cat…fiquei um bocadinho assustada com este cenário. Apesar de informada, ando a leste de tanta crueldade. É exagerado, mas tens razão…será melhor prevenir. Por essas e por outras, vou apagar as (poucas)fotos que não resisti exibir nos meus blogues. Quanto à exposição da vida privada, ao texto da Papoila e à discussão do amor pais-filhos, já me parece um bocadinho demais demais tanta raiva (a dela). Cada um que cuide de si. Mas sim, a discussão é sempre saudável. Beijinho, obrigada pela estalada :)

  28. vieira do mar

    Eu, babyblogger assumida, me confesso:

    a minha vontadinha, mesmo, mesmo! era a de escarrapachar com fotos inteiras dos meus maravilhosos filhos (obviamente “mais lindos” que os outros todos!) no meu blogue. Das poucas vezes em que o fiz, pensei e repensei, porque a maldade do mundo (infelizmente) não é novidade para mim, que chafurdo nela no meu dia-a-dia profissional. A tentação era grande, e eu voltei a pensar.
    Uma vez, pus uma foto com vários anos, apenas do rosto de um deles, impossibilitando uma identificação actual; noutra, eles estão de costas; a terceira, cortei-a ao meio, para que não se visse a cara. De vez em quando, falo nos nomes, vulgares, que podem, ou não, ser verdadeiros. Tento proteger-me (a mim e a eles), arranjando uma solução de compromisso entre a necessidade de protecção e a vontade de exposição pública, que me compele a debitar coisas num blogue. Não sei se o consigo.

    Francamente, não acredito muito na inocência como desculpa, nos casos de exposição excessiva das crianças.

    O que penso sobre a questão concreta que despoletou tudo isto, interessará eventualmente às pessoas envolvidas e a mais duas ou três, pelo que por aqui me fico.

    Cat, gostei do post, achei-o muito equilibrado e sensato. Deixou-me a pensar ainda mais no assunto.

  29. carlos a.a.

    Regresso para responder à Mi, mas, que diacho, antes disso, gostaria de escrever 2 ou 3 coisas:
    1 – a hyper-comunicação é, feito todos os balanços, o um meio de comunicação excelente, seja através de fóruns, grupos ou blogues, que veio modificar todos os tradicionais padrões de relacionamento humano e social;
    2 – apesar de, se calhar, mais de 90% da comunicação ser lixo, o actual post da Cat é paradigma do bem e do bom que a hyper-comunicação proporciona, seja a nível da qualidade da escrita, seja no que ao conteúdo concerne.
    Dito isto, então é assim, Mi: em geral, como disse, o retorno da exploração da privacidade é, em geral, proporcional à sua exposição e, assim sendo, se cada um saberá o que pretende expor e expor-se, deveria haver legislação que impedisse a exposição da privacidade alheia, ainda para mais dos filhos.
    Eu leio 2 ou 3 blogues sobre relações inter-parentais e, vá lá a ver, há quem saiba fazê-lo com elegância, bom gosto, afecto e amor sem escarrapachar íntimas cumplicidades que só o serão se íntimas permanecerem! Não será assim?
    Disse o que disse usando de bastante largueza de espírito pois desconheço limitei-me ao texto que a Cat escreveu, desconhecendo em absoluto, os tais antecedentes que o terão originado. Espero, por isso, não ofender ninguém (não tenho a mínima intenção) tão-só abordar numa perspectica teórica a exposição da privacidade própria, alheia e respectivos retornos.

  30. Miguel S.

    Completamente de acordo catarina. Sobretudo no que se refere a fotografias nossas e dos nossos. Pensei e repensei muito relativamente a muito do que escrevo e mostro. Sinceramente estou-me nas tintas para uma eventual identificação e sobre a utilização do meu blog como arma de arremesso, embora já tenha reflectido sobre o assunto. Tenho alguns cuidados. A imagem defendo-a. Já me publiquei parcialmente há muito. Difícil de identificar. Por um lado porque não gosto de expôr-me a esse nível e, por outro lado, porque a minha irmã foi “utilizada” há uns anos quando ainda era uma teenager inconsciente… Agora que a net está cheia de maluquinhos está. Basta ver o que escrevem no google acabando por ir parar ao meu blog, por exemplo.

  31. catarina

    Mais uma vez, obrigada a todos. Comentários bestiais que me fazem sentir muito grata às pessoas pela qualidade do que aqui se escreve nesta caixinha. Montes de coisas para pensar.

  32. Mi

    Só para agradecer a resposta do Carlos. E concordo com a existência de legislação específica (não haverá já?).

    Obrigada, Catarina, por nos pores aqui a conversar, justamente, com o bom senso que transmites (quase sempre) :)

  33. josé dinis

    acho esta questão muito pertinente. mas fico chocado com a facilidade com que a papoila julga os outros.condena os baby blog por se postarem fotos de crianças mas aprova que outras mulheres abortem os filhos que não lhes dão jeito ter.para estas questões já não há direito da criancinha que lhe valha.

  34. Marion

    estou totalmente de acordo, pertenço ao grupo dos que abrem um blog porque lhes apetece, sem antecendentes, no entanto, (e daí o anonimato inquebrável) evito ao máximo que a minha vida trespasse, falo do meu filho (apenas na óptica de exprimir o amor que lhe tenho) e cuido-nos muito por uma razão – e confesso – medo, medo que alguém, por alguma razão nos venha invadir a vida (aquela sensação de que nos conhecem sem nos conhecerem, ilusões da web)….claro que se alguém ler tudo que escrevo e ainda os comentarios que deixo aqui e ali pode fazer um cenario mais completo (descobrir, por exemplo, a cidade onde vivo) mas mais do que isso acho pouco cauteloso e falta de cautela com as crianças pode resultar (em coisas tão más que nem acabo a frase) …

  35. Luna

    Levantas-te sem duvida aqui uma questão pertinente e com comentadores que deram um belo contributo. Em relação a este tema, deixa-me só acrescentar q quando comecei nestas lides fui confrontada com um comentador….que me fez sair do sério e confrontá-lo frente a frente…exactamente por pensar q se fosse uma filha minha…ou uma pessoa portadora de deficiência que tivesse o blog….estava completamente desprotegida perante tamanho filho da puta! Um beijo e obrigada por teres colocado esta belissima posta

  36. Luna

    só uma achega que vale o que vale, o comentador em questão era um homem de 54 anos!

  37. partilhas

    Li-te de manhã. Fui ler a papoila. Enviei-lhe um e-mail, dizendo o que penso. Fui o único texto que li dela. Pode ser dura, mas fez-me pensar. Tu és mais cautelosa, mais meiga. Talvez, seja exagerado, falar de liberdade e direitos das crianças, como se os próprios pais as violentassem…
    Talvez ela, não tenha os mesmos amigos, que tu tens por aqui… e seja menos cautelosa, no modo como diz as coisas.
    Ainda assim, fiquei a pensar no assunto. Tento ter cuidado, na minha identificação. Tento proteger a minha identidade, mas ao falar de mim, neste lugar (internacional e aberto), sei que corro riscos. Tento corrê-los de modo consciente, pelo menos o mais consciente, que me é possível, ou me parece ser.
    Tento resguardar o meu filho, sem deixar de falar nele.
    Tal, como tantos, sou nova nestas lides e são várias as pessoas, que conheci por aqui, que falam nos problemas, que existem por aqui… Tento evitá-los, muitas vezes não comentando, posts, mais “acessos” ou com possibilidade de se tornarem, agressivos ou demasiado pessoais. Não deixando links para o meu blogue, por exemplo. Tentando toná-lo, menos concorrido, mais intimista.
    Acredito, que o respeito, que mantemos pelos outros, passa por aquele, que gostamos, que tenham por nós.
    Fiseste-me pensar sério, sobre o assunto.
    Obrigada.
    um beijo.

    P.S. No safari, vejo-te Azul… :-)

  38. joao

    Mas que grande discussão! Sites (de familia, de festas, de viagens de amigos, de albuns fotograficos, de conferencia, etc) com imagens não faltam. Há risco em colocar imagens na net? Há sim. Há risco em ir apanhar o autocarro? Há sim. Agora, por favor, que não venham juridições a nos dizer como devemos Viver.

  39. Ana

    Não conheço a história que deu origem ao artigo da Catarina e ao da Papoila, mas deu para subentender o que se terá passado, assim por alto. No caso da Papoila não me parece que tenha havido intenção de atacar/ofender ninguém, mas de alertar as pessoas para uma situação grave que pode ser evitada. De forma dura, sim, mas para pôr os pais dos babyblogs a pensar na segurança e na privacidade das suas crianças, nem que seja pelo choque. Eu não tenho filhos mas percebo o babosismo dos pais (gostaram da palavra?) e realmente tem que haver limites quando se está a passar demasiado de nós daqui de casa aí para a net. Também gosto muito de falar de mim, tenho fotos minhas no blog, e pensando bem, acho que as vou tirar, há muitas anas mas também há muitos malucos…

  40. NOITE

    100% de acordo com o teu post. Se um adulto não se importa de ou pretende expôr-se, é livre de o fazer, mas há que respeitar a privacidade das crianças, pois para além de não terem ainda voto na matéria, são muitas vezes abusadas por aí (sim, uma simples violação do direito à imagem é um abuso).

  41. Mário

    Eu ontem tinha escrito aqui um testamento, mas depois isto empancou e hoje não me apetece repetir.
    A privacidade é muito importante, quem quer mostrar a alegria de ser mãe/pai que o faça, mas é preciso que se dêm conta que não é só a familia e os amigos que os estão a ler.
    No aspecto de protecção, o sistema LiveJournal permite entradas abertas/entradas só para utilizadores defenidos como amigos (só para contas livejournal) e entradas fechadas (só o autor as pode ver). È uma alternativa interessante para babyblogs por exemplo.

  42. catarina

    Mais uma vez obrigada a todos.
    (e uma excelente solução que desconhecia, Mário, a considerar realmente).

  43. catarina

    Não faço ideia, nem sei qual seja (não é nenhum dos ‘meus’ daqui da coluna do lado que são os que visito mais regularmente).
    De qualquer forma, na semana que vem, desaparece outro. Está decidido.

  44. Karla

    Olha, Catarina, nada mais posso dizer a não ser: compreendo mas tenho pena.

    Aproveito desde já para te perguntar uma coisa: relativamente aos textos que escreveste “para mamãs”, para os quais tenho um link no meu blog, podes deixá-los lá? É só porque acho que aquilo está cheio de conselhos excelentes que vale a pena divulgar.

  45. catarina

    Eu também tenho pena.

    Curiosamente Karla, o blog começou por ser apenas isso. Aproveitar o endereço que eu já tinha para colocar os conselhos, porque era mais fácil mandar as pessoas conhecidas e outras amigas de amigos irem lá ver do que estar sempre a enviar por email (não imaginas a quantidade de gente a quem enviei, algumas que nem conheço. :))
    Já pensei nisso: ainda não sei qual será o formato (se prossigo de outra forma, se acaba mesmo), mas esses textos ficam, ali ou noutro lado qualquer.

  46. Patricia

    Também tenho muita pena Catarina, principalmente tendo em conta que o teu é um babyblog como os babyblogs devem ser. Bonito, responsável e sem uma gota de exposição gratuita. Não representa nenhum risco para o teu filho. Mas compreendo a tua decisão, claro…

  47. Karla

    Não me esqueço de como lá cheguei: à procura de informações sobre a bomba da Avent. Li tudo avidamente e depois arrependi-me dos conselhos que não segui 😉
    Faço minhas as palavras da Patrícia :)

  48. monalisa

    Penso que o texto da Papoila não é nada duro..é “curto,claro e conciso” e aquilo para que muitas pessoas têm que ser alertadas,assim como o teu Catarina…essa história de que por “aqui” há muita gente que não tem sempre as melhores das intenções,é esquecido por muitos.
    Já agora, se me permites,o Sr.José Dinis anda a comparar o que não é comparável.

  49. Filhos

    Soco

    Ao ler isto parece que levei um soco no estômago… Mas pequenito, apesar de tudo. Penso que vou conseguindo manter os pés assentes na terra e os radares alerta. Fico contente por não ser um blog popular, por saber que…

  50. Filhos

    Soco

    Ao ler isto parece que levei um soco no estômago… Mas pequenito, apesar de tudo. Penso que vou conseguindo manter os pés assentes na terra e os radares alerta. Fico contente por não ter um blog popular, por saber que…

  51. Amnésia

    Um Assunto Complicado

    Como periodicamente publico neste blog fotografias da minha filha. não fiquei indiferente a este post da papoila, a este da 100nada, este da Ervilha Cor de Rosa, e a este da Filhos e porque é um assunto que me…

  52. m.

    Tem absolutamente razão no que diz mas não é apenas em relação a fotos que a questão se põe, quer-me parecer. O facto é que se a indiscrição (porque também é disso que se trata e, assim sendo, é falta de educação simples) respeita a adultos que dela têm conhecimento em nada se poderá fazer reparo mas pode manter-se distância. Quando me deparo com textos em que as pessoas divulgam, por exº, conversas privadas sem que os 3ºs envolvidos disso tomem conhecimento ou exploram a sua (e dos seus) intimidade fica delas feito um retrato que se assemelha muito a “sentido proibido” e tornam-se locais por onde não volto a passar.

    Mas há, também, gente que, não por ingenuidade mas por má-fé genuína, se torna lamentável por este mundo da net, gente que não tendo vida própria inventa uma assente em frustrações e obsessões porque mais não sabe fazer que iludir-se com a ilusão de iludir; e sobre esses/as, mais do que sobre os ‘ingénuos deslumbrados’ poder-se-ia escrever um tratado.

    Um abraço (e um pedido de desculpas pela intromissão e pela extensão do com’) [m.]

  53. ana

    Eh pah, desculpem, mas tenho de dizer isto. Acho que vocês andam a exagerar demais.

    Falam em violações de privacidade, que a net é um local muito fácil de tirar fotos, etc… até concordo, mas se formos pensar assim, é melhor nem andarem na rua porque outras pessoas podem tirar fotos (eu sei, sou uma wanna be fotógrafa).
    É melhor não deixarem os filhos nas creches porque não sabem o que se passa todos os minutos.
    É melhor nem sequer tirar fotografias aos nossos filhos e mandar revelar num laboratório porque não sabemos quem está do outro lado (para quem não viu, o filme One Hour Photo, que não sei o nome em português, mostrava mesmo isso).
    Tenho um blog que só os meus amigos (que eu conheço) e família sabem da existência… Podem ler tudo o que lá está, mas só quem tem uma password é que vê as fotos.

    Não sei da história toda. Não concordo nem deixo de concordar com o que foi escrito, dito ou feito. Mas não apontem os dedos quando não sabemos o que se passa nas nossas próprias casas.
    Violações de privacidade… dava pano para mangas.

    (não quero ser muito áspera, mas acho que vocês andam a tocar em pontos que não tem muita lógica. desculpem qualquer coisa)

  54. catarina

    Cara Ana: não percebi: afinal tem um blog com password só para família e amigos mas as outras pessoas são paranóicas por pensarem que existem perigos em colocar tudo abertamente online?
    E, que eu saiba, não apontei dedo algum senão a mim mesma e àquilo com que não concordo.
    (enfim, devo ter percebido mal este comentário)

    Já agora adianto que, depois do feedback que recebi, quer em privado, quer nas referências, de algumas pessoas que sabem bem mais sobre a internet do que qualquer um de nós, hei-de regressar ao assunto. Noutra altura.

    Obrigada por todos os comentários.

  55. ana

    Desculpe Catarina…

    Eu tenho este dom de não saber exprimir-me… acompanha-me desde sempre. Desde já peço desculpas. Vou tentar explicar-me.

    O que queria dizer é que muita gente aponta o dedo (não quis dizer no seu caso) àqueles que têm as fotos online. Que são violações de privacidade, etc. Que os filhos não deram autorização e sei lá mais o quê.
    Não quis chamar de paranóicos a ninguém. Quem sou eu para tal? O que quero dizer é que me parece que estão a fazer um bicho de sete cabeças.

    Sim, reconheço que o mundo da internet é muito mau. Nunca se sabe o que do outro lado está. Mas também não podemos ser radicais. Se for assim, porque saimos à rua ou fazemos outras coisas?

    Não deixei de ter um cantinho para os amigos e família poderem ver o meu filho. Tenho pessoas fora de Portugal que assim o ‘vêem’ mais facilmente (os mails sem sempre têm funcionado), mas também podem deixar comentários.
    Já o tive sem password, e por causa disso pedia para não o divulgarem muito. Mesmo agora faço-o.
    Não é ser paranóica, é ser cuidadosa.
    Não sei se é possível, mas até creio que haja maneiras de saber contornar a parte da password. Mas não deixo de dormir por pensar assim.
    O meu filho corre inúmeros perigos, como qualquer criança. E no meu possível, tento protegê-lo de olhares indiscretos ou mãos que o possam levar (ele até vai com toda a gente, se eu deixasse).

    Como disse, não conheço os blogs em questão, não conheço a confusão instalada. Mas não creio que estejam a ser justos quando falam em ingenuidade ou alguma ‘burrice’ (desculpe a palavra mais ofensiva, mas é mesmo isso que quero descrever) pelas pessoas que têm fotos em blogs.

    O mundo dos blogs é uma coisa recente, mas há tanta coisa antiga que vai dar ao mesmo e nunca houve ninguém a ‘atacar’… Na internet haviam os sites normais, depois veio aqueles em que podemos colocar apenas fotografias
    Mas antes já haviam os CTT, uma loja de fotografias onde mandamos revelar os nossos rolos. Ou como alguém disse… aquelas fotos que tirámos desde sempre nas nossas infâncias e que inúmeros pais e tios e sei lá mais quem têm acesso ainda hoje.

    Eu sei, estou a exagerar um pouco, mas é para mostrar que isto é um problema recente. Apenas existe mais uma maneira de haver gente má. E há, não há dúvidas disso.
    Só não sejam radicais… o mundo era bastante mais cinzento se o fossem todos…

    (e mais uma vez, peço desculpa se não me exprimi bem)

    Já agora… não sei se é o caso, mas se alguém quiser um sitio onde possa alojar fotos e protegê-las com password e inclusivé ajuda para o fazer, digam… não me importo de ajudar quem quiser.

    Ana