100nada

Do pudor da pele

Há um outro pudor: o do corpo. É independentemente de processos mentais relacionados, racionais ou não, um pudor apenas físico, presente na pele não intocável, mas intocada. Uma pele lavada de sentido pelo tempo, as memórias (algumas difusas, outras cristalinas) ainda presentes no cérebro, mas esquecidas no tacto. O corpo separa-se da mente e a pele adquire uma transparência quase inocente (não intocável, mas intocada), indisponível a qualquer contacto, mesmo à fortuita oferta de uma linha de ternura. É uma pele agora enclausurada numa folha hermética de pudor, de resistência: até que o desejo seja tanto que rasgue a folha e marque essa pele como um ferro em brasa.

0 thoughts on “Do pudor da pele

  1. Marion

    Está lindo, é erótico e metafórico … para quem de diz “eu é mais bolos” … este doce saiu bem

  2. carlos a.a.

    Nem erótico nem metafórico, é mas é um texto do…, por pudor na língua e nos dedos não digo nem escrevo!
    Bem hajas!

  3. Luis_Duverge

    Ok reconheço que quando te cuidas, alto lá com ela.
    Muito bom…mesmo. Aliás fomos os únicos a colocar dois ;-).
    Virei visitar-te em breve.
    Bom fds.