100nada

Um post sobre um post erótico

Agora que me meti neste concurso do post erótico, estou fodida. É que esta coisa do erotismo sendo simples, sob a forma escrita já pia mais fino. Um post erótico, o que é afinal? Bom, para começar, é um texto onde não se podem chamar os bois pelos nomes. Uma grande maçada, é o que é.

Tome-se um exemplo: uma rapariga, num acesso de despudor e algum enervamento, quem sabe sob a pressão de certos manuseamentos, abre as pernas; lá no cimo, entre as ditas está o quê? Uma cona, dirão os meus leitores, e dizem muito bem, mas num post erótico, não está lá nada disso…estão a ver a complicação da coisa? Uma simples cona transforma-se num pássaro com asas, talvez até azul, quem sabe (prefiro verde, pode ser? sendo do Sporting e assim…), uma janela para o infinito, uma viagem para o interior da alma, uma data de coisas. Um parenteses: não sei se leram as Mil e Uma Noites na versão integral; aquilo é páginas e páginas de descrições poéticas de todos os buracos, saliências e outros afins do corpo, não falta nada: nem pedaços de carne humana, nem imagens que possam – até da forma mais longínqua – evocar os ditos pedaços. Depois de ler aquilo, está tudo dito e qualquer outra coisa é sempre pouco original…sinceramente prefiro a cona (a minha já agora). O que me dificulta muito a vida neste assunto do post erótico, não sei se estão a ver…eu é mais bolos e nesta coisa dos bolos, convem indicar explicitamente os ingredientes…

0 thoughts on “Um post sobre um post erótico

  1. M.

    Pois, Catarina, é complicado… ; )
    Aliás, precebo-te perfeitamente com essa das Mil e Uma Noites. Eu li em versão original, e aquilo, relamente, esgota todas as metáforas possíveis. Lembro-me perfeitamente de haver num dos contos (já não me lembro qual – também eram todos um bocadinho parecidos…) mais de meia página de metáforas para foda, todas seguidinhas (provavelmente, porque, se bem me lembro, os protagonistas tinham estado todo o dia naquilo). Impressionante.
    E o pior é que nem sequer as podes usar… Se no contexto até tem piada e se tem de gabar a imaginação dos tipos, imagina o que seria usar uma daquelas metáforas num texto qualquer, ou pior, num contexto qualquer… Uma pessoa era gozada até à morte, no mínimo!

  2. Eufigénio

    eheheheh….esta Catarina!!! … podes sempre escrever a coisa como deve ser e depois substituis aleatoriamente as caral… por nomes de hortaliças e animaizinhos.

    (De facto não te estou a ver a escrever um post erótico, que para isso é preciso saber escrever como não se pensa, coisa que tu não sabes … calma que isto é um ganda elogio!)

  3. catarina

    M., e não te fez uma confusão dos diabos ler todas aquelas histórias infantis conhecidas misturadas com fodas e coisas assim a cada três parágrafos? É realmente uma perspectiva nova!!! :DD Tens razão, aquilo só naquele contexto, noutro qualquer é de um exagero tal que seria impossível.

    Eufigénio, obrigada. Eu entendo perfeitamente o que queres dizer. :)
    Para mim a sensualidade não se mede em cenouras e grelos, mede-se naquilo que calhar na altura e sou perfeitamente capaz de escrever, mas ou soa falso ou então parece mais um capítulo de um Corin Tellado mais desavergonhado. :)

    Ok, Hipatia, mas não ers suposto. Eu depois escrevo outra coisa, mas será mesmo ‘outra’ coisa.

  4. M.

    Uma confusão dos diabos, Cat, podes crer.
    Ainda por cima porque li aquilo ainda na pré-adolescência (tive uma fase de leitura voraz e indiscriminada, que os meus pais tentaram controlar, coitados, sem muito sucesso… Claro qur as Mil e Uma Noites lhes passaram completamente ao lado, acharam muito bem, porque pensavam que eram contos de fadas, HeHe!) e aquilo é mesmo pesado, até mete sexo com animais, e o diabo a sete. Para mim, cuja leitura mais explícita até à época tinha sido, precisamente, as pasteladas do Corin Tellado (era uma homem ou uma mulher? Nunca cheguei a perceber… E como se vê, a minha fase foi mesmo de leitura indiscriminada, marcharam todos os romances cor-de-rosa da minha avó, e da minha mãe e da minha tia, tudo, desde Max du Veuzit ao Corin Tellado e à Barbara Cartland! Até hoje não sei como não fiquei com danos mentais irreversíveis…) foi um choque e uma revelação.
    E depois, as heroínas das 1001 Noites eram tão modernas, tão emancipadas, tão liberais… Eu que só tinha lido sobre virgens trémulas à espera do princípe encantado e que não caíam em tentação até ao casamento, achei um piadão a estas, que escolhiam os gajos que queriam (bem, era mais o primeiro que lhes aparecia à frente…) e faziam com eles o que bem entendiam. Claro que, no fim, os gajos eram sempre muita bons e elas ficavam sempre apaixonadas, mas pronto, também aquilo foi escrito por homens e tem de se dar o desconto…

  5. Nelson Santos

    Minhas amigas, também eu li as 1001 noites e senti exactamente o mesmo…aquilo é mais um livro com contos de fodas do que de fadas. Se calhar é uma gralha. Lembram-se do que é um zip (ou zit, já não me lembro bem)?

  6. catarina

    M.! Inacreditável, mas li tudo isso exactamente na mesma idade! Estava a rir a ler a tua lista e a pensar, ó meu Deus, também tenho danos mentais irreparáveis…o que me valeu é que li outras coisas igualmente inapropriadas para a minha idade e talvez tenha equilibrado a coisa. :)

    Mas acho que sim, toda a gente devia ler nessas idades. (eu agora já não teria paciência):)

    Nelson, é isso. Mas não sei o que é um zit/zip…(sabes que a minha adolescência já foi há MUITOS anos…)

    Duende, podes sempre contar comigo, já sabes. :DD

    Carlos (bons olhos te vejam e aos teus posts), isso é pergunta que se faça??? :)

  7. catarina

    Obrigada, Ricardo. Já fui espreitar, textinho violento, sim senhor. :)

    Já vi Duende! Que coisa! Enfim, deixei lá a minha resignação…

  8. Luis_Duverge

    Falar e escrever calão … ou tratar os bois pelos ditos penso que não tem muita arte.
    Não leves a mal …mas há fodas e fodas … a diferença …tu sabes onde está.
    Voltarei

  9. sharkinho

    Na terra do meu pai chamam-lhe senisga e eu acho muito bem. Mas na terra da minha mãe chamam-lhe passarinha e eu também acho muito bem. Não sei se a nomenclatura serve para definir estilos, até porque chame-se-lhe o que se chamar é bom, é bonito e não há volta a dar: a arte está nos olhos de quem vê e não nas bocas de quem apelida.

  10. catarina

    Não, não tem arte nenhuma, aliás um tipo chamado Henry Miller nem fez escola nem nada. :DDD
    Não levo a mal, mas nota-se que é a tua primeira vez; obrigada pela visita.

  11. catarina

    Eu também me parece que a apreciação de qualquer abordagem do tema é sempre subjectiva, Sharkinho. :))

  12. vieiradomar

    Pois eu nunca li as mil e uma noites…não sei, não calhou. Mas li os henry miller todos, lá pelos 14 anos (que a ingenuidade parental se limitou a relegar para a prateleira mais alta, como se não existissem cadeiras…) e achei aquela escrita crua absolutamente deliciosa. Foi a partir daí que comecei a perceber que o sexo nem sempre tem coraçõezinhos cor-de-rosa a pairar sobre os que o praticam. 😉

  13. jacky

    Não era zip era zefrit acho eu, os génios das mil e uma noites, é isso não é Nelson?

    Amanhã tento um mais sugestivo! Hoje saiu assim, um pouco tímido :)

  14. rititi

    Querida Catarina,
    Este texto é simplesmente maravilhoso!
    Já agora, também prefiro uma bela de uma cona ao “mel que emana da gruta” ou “as suaves pendentes dos seios”.
    Adorei, mesmo!

  15. mana

    o problema da maior parte da escrita erótica é o da escrita de muita gente. sabes, aquelas pessoas que a pontuar um texto só usam reticências ou pontos de exclamação? na escrita erótica o que eu gosto está na hábil gestão do tempo e do espanto. [:-))]

  16. mana

    é mesmo, mana, só faltou no rol da M. aquela Ethel M. Dell. max du veuzit! extraordinário. nem me lembrava do nome.

  17. Nelson Santos

    Não, Jacky, não estava a falar dos génios…era mesmo a dita pila! Infelizmente não tenho a colecção aqui senão ia dar uma olhadela!

  18. M.

    Pois, Catarina, é como dizes, outras coisas deram para contra-balançar. Um dia destes ainda tenho de agradecer ao meu pai, que a biblioteca dele é que me salvou dos tais danos permanentes… Curiosamente, era ele que tinha os Henri Millers, e foi por me ter apanhado a ler um deles que decidiu que tinha de começar a controlar, ou pelo menos a estar mais atento ao que eu lia. LOL

    E mana, como é que te podes ter esquecido do Max du veuzit!! O John, Chauffer Russo é um clássico!

  19. jacky

    Nelson, estive a ver nos livros. O génio era efrit e a pila (não encontrei) acho que era zeb, mas não tenho a certeza. Quando voltar das aulas procuro melhor.

  20. M.

    Ó Nelson, essa do zit também não me lembro… Mas tendo em conta que deiva haver mais de 1001 nomes para a pila nas histórias, acho que não é de estranhar…

  21. notasdeprova

    É elegante e poderoso.
    Firme!
    Muito atractivo, de fino recorte.
    Preto na cor. Quente, balsâmico intenso e muito vivo no aroma.
    Na boca sente-se o seu perfil em crescimento, a sua textura de couro macio e aveludado.
    Doce mas persistente.
    Pelo seu caracter tradicional, precisa de algum tempo para se mostrar, mas revela-se um verdadeiro corredor de fundo:
    Chega ao final sem pontos fracos!

    Tapada de Coelheiros
    Regional Alentejano Garrafeira
    tinto 2000

  22. catarina

    Vieira, Rititi e mana: acho que nos entendemos a todas. :DD

    Vieira e M., eu também li os Henry Millers muito nova: a partir de uma certa idade (bastante cedo) não me lembro de haver qualquer censura do que quer que fosse nas leituras. Se não percebessemos, perguntávamos.

    Aagat, como não tenho vida literária, não percebi o comentário, mas pelos vistos, como me pareceu entender dele uma comparação com o resto do que eu escrevo, depreendo que seja visita assídua. Agradeço a opinião (como acontece com outras coisas, cada um tem a sua).

    Obrigada também pela publicidade ao vinho.