A minha ideia
de um fim de dia em que andei a
trabalhar como uma moura em casa e fora de casa, a correr entre casa infantário trabalho saldos de roupa de criança sanduiche e bica nas tias da esquina com passagem rápida por livrarias Barata e Bertrand trabalho infantário casa banho gravar digimons convencer filho que o fato de carnaval vai ser trocado porque afinal temos outro melhor que nem sabíamos porque a Etelvina o tinha guardado sem saber o que era quando veio cá parar a casa pela mão da avó loja de fatos de carnaval esperar meia hora que rapaz da loja dê um toque à chefe para a chefe telefonar e ensinar a fazer a troca no computador jantar ao lado uma fatia de pizza beber a bica a correr porque filho está com sono chegar a casa e filho já não tem sono e quer ver digimons comer gomas beber água tem fome não quer aquele pijama e quer a história do Elmer e conta lá outra vez mãe que não ouvi nada e arrumar roupa e fato de carnaval para amanhã e brinquedos na sala
NÃO É PASSAR MEIA HORA A LIMPAR TODOS OS QUADRADINHOS DAS SOLAS DOS SAPATOS DO MEU FILHO COM UMA FACA E UMA CAIXA DE TOALHITAS AJAX.
Não adianta. Todos os dias saio de casa para uma rua coberta de porcaria. Ao lado da garagem tenho um relvado inundado de cócós de cão. Ando aos saltinhos na rua. O meu filho sabe dizer muito bem ‘os donos é que são uns gandes pócos’ que me ouve todos os dias. Os cães, donos nem vê-los. Os da manhã passeiam-se por ali sem trela. Os da noite ninguém os vê. Não sei o que faça. Já me passou tudo pela cabeça. Meter papéis colados, escrever cartas, não adianta nada. Confrontar um dono de um cão e vem logo a indignação EU? O meu cão? O meu cão NÃO! (Ninguém os faz, ninguém os faz, mas a verdade é que aparecem feitos). Escrever para a Câmara, queixar-me à polícia? Não adianta, nada adianta. As pessoas são selvagens, mal educadas, não têm respeito nenhum pelos espaços públicos, estão-se nas tintas, civismo é palavra que desconhecem. Os bichos são elas e nós é que temos que levar com isto em cima, ou melhor, em baixo, na sola dos sapatos.
A minha última ideia peregrina acho que vou experimentar nos próximos dias. Cada dono de cão que apanhar vou avisar
– Olhe que andam aqui a fazer uma desinfestação! Veja lá o seu cão, não sei se os homens já meteram o produto!
É mentira? Pois claro que é. Mas faço o quê? Não vou fazer mal aos bichos que não têm culpa de ter uns donos, esses sim, realmente merdosos.
(caixinha de sugestões aberta)
- Cenas do Quotidiano
- Reservas de Ouro do BP (1)
Um de muitos post sobre o assunto que passaram pelo Adufe (24 de MArço de 2004)
Cães: Até na Finlândia!!
Depois de alguma mistificação, o seu reverso através de um excerto de um texto recente publicado no Fennia- Sob a estrela do norte pelo Homem das Neves, residente na Finlândia:
“Assim que o gelo acumulado começa a derreter as bermas e por vezes mesmo os trilhos aparecem pejados de merda de cão. É de certo modo surpreendente que de entre um povo que noutros domínios aparenta tanto ser respeitador do ambiente e zele pelo cumprimento das normas haja quem alivie o seu bobi em qualquer lado sem se preocupar em recolher os dejectos. Talvez sejam sempre os mesmos que aproveitam a neve e a escuridão para ocultar a sua falta de civismo; um canino de proporções médias produz muita merda ao longo de um inverno. E segundo os últimos dados há no país mais de 550 000 caninos, o que é mais do que um animal para cada 10 pessoas. É muito cão!”
Lembro-me bem dos teus posts sobre o assunto. Mas até as multas realmente assustarem as pessoas, parece-me ser uma batalha perdida.
Mas o meu favorito foi a muito colorida história por que passei à pouco mais de um ano (19 Janeiro 2004):
O cão é seu? Então a m*** do cão também é sua!
Eu, Frank Capra Character da Silva fui hoje pela hora de almoço protagonista de uma exaltação pública em plena Av. Morais Soares, bem junto ao Chile. Tudo se passou num passeio apinhado de gente e de outros animais.
Quem assistiu diz que foi assim:
“O cão é seu? Então a m*** do cão também é sua!
Pois bem… começa assim a notícia de hoje!
São 14h, está uma tarde agradabilíssima para passear o ricky… mijadela aqui, mijadela ali… deixando tudo marcadinho e perfumadinho…. ai que bom ser cão!
Oopsss… tenho que fazer mais alguma coisa…. hum, hum…. aaaaahhhhh… assim posso andar mais levezinho e ficar elegante. Tal como a minha jovem e perfumada dona!
Vamos continuar a passear! Eh lá, quem é este?
– Desculpe-me, mas a menina deixou cair ali qualquer coisa!
– Eu não!
– Sim, deixou sim… se o cão é seu, a m*** do cão também é sua!
– Mas eu conheço-o de algum lado para se dirigir a mim? A rua por acaso é sua?
– A rua é pública, tanto é minha como sua. Todos somos responsáveis por ela! E aquela merda ali no chão devia estar no seu bolso ou no lixo e não nos sapatos de desgraçado que topar com ela.
– E o que é que eu tenho a ver com isso? Se calhar são pessoas como você que andam a abandonar cãezinhos como este!
– Se eu abandono cães ou não a senhora não sabe, mas eu sei que o seu cão encheu o passeio com a m**** que lhe pertence! Por nunca ninguém ter a ver com isso é que as coisas estão como estão! E admira-me que sendo uma rapariga nova não queira ter cuidado com o que é seu e de todos também! Mas a educação não vem com a juventude, não é?
– Anda Ricky, vamos, anda!
Um transeunte:
– O Sr. teve muita coragem… se todos reagissem assim esta gente, mal educada, andava na linha!
Mónica”
O problema não são as multas, ou melhor ainda não são. Alguém algumas vez foi multado? Gostava que me respondessem a esta pergunta.
O mais valente contributo para resolver o problema (enquanto não há um bocadinho de persuasão/dissuasão das autoridades) terá de ser o constrangimento social, e para isso é preciso dar algum troco a figuras como a descrita ali no post em cima.
A exposição do problema e a sua discussão nos nossos respectivos quintais e condomínios também ajudam um bocadinho. Aos poucos, muuuuuito devagarinho, a questão asssume importância política, também. Por aqui (Lisboa) há lavagem de ruas mais regulares do que alguma vez imaginei acontecer (viviam perto de Sintra), de vez em quando passa o motocão, há alguns raros receptáculos para merda de cão com sacos de recolha. Coisas impensáveis há 10, 15 anos…
Pelo meu lado hei-de continuar a barafustar… e a usar o ajax.
A situação do post da Mónica é porreira e realmente é uma solução, envergonhar as pessoas. Aqui por estes lados, muito mais difícil, não se vêem as pessoas na rua. Saem de carro das vivendas e passeiam os cães na rua às quinhentas, para não ficarem com os jardins sujos.
Mas a lavagem de rua (que penso seja inexistente por aqui ou quase) é uma ideia excelente. Vou começar a melgar a Câmara.
Por aqui não tenho esse tipo de problemas, porque não é muito habitual haver cães como animais domésticos (aqui para nós, vão todos parar à panela – este aparte era a brincar) e ainda bem que assim é, pois aqui as pessoas ainda deitam o lixo para a rua (nomeadamente os jovens). Com tanto caixote pela cidade e acabam de comer o bolo ou de beber o sumo e pumba, chão, ou atiram da janela do carro (ou mesmo de casa, já vi). Nestes casos, sempre que posso, chamo a atenção. E chamo mesmo, faço cara feia, aponto para o lixo, falo em português e eles entendem, entendem bem. Não ligam nenhuma, mas entendem. De preferência dou um grande espectáculo, para toda a gente perceber.
Aí em Portugal, onde moro, tenho o mesmo problema com os dejectos dos cãezinhos. E tenho cãezinhos a sairem do prédio sem trela e a assustarem crianças, que se gostavam de cães, deixam de gostar porque apanham sustos. As pessoas não sabem ter animais, não sabem.
Devias ler as Crónicas Incongruentes do Miguelanxo Prado (BD), dá uma boa e assustadora perspectiva sobre o assunto 😉 além do desenho ser muito bom!
Vivo em Lisboa, numa zona residencial, e onde, por acaso, as pessoas têm mais gatos que cães.
Os que têm cães dividem-se em duas categorias: os que passeiam o bicho de dia e levam na mão o saquinho de plástico, e os que aproveitam as horas mortas da noite para deixarem os ‘presentes’ dos animais no passeio. Nunca vi um dono de cão deixar atrás a prendinha do seu bicho, se o visse não teria pejo em reagir.
Choca-me a falta de civismo, ainda por cima envergonhada e encapotada, de quem desrespeita os outros de forma vil, como um ladrão, pela calada da noite.
Há dias em que, apesar de na véspera ter sido lavada a rua, de manhã o passeio é um mar de porcaria. Cheira mal, incomoda, enoja. A junta de freguesia gasta rios de dinheiro a colar cartazes a exortar os donos de cães a apanhar a porcaria, porque a rua é ‘nossa’.
É uma questão cultural, de falta de civismo, de espertalhões que se sentem mais que os outros por driblarem regras básicas de respeito e boa vizinhança.
O português adora vingar-se dos seus maus dias em estranhos, quase consigo imaginá-los a pensar ‘não é nada comigo, se pisou olhasse por onde anda’ com uma satisfaçãozinha mesquinha.
Incrível também ver crianças a esconder-se com medo do cão grande e o dono responder que o Bobby não faz mal, afagando o rotweiller.
Certa vez, num jardim público onde brincavam crianças e a minha sobrinha, o meu irmão chamou a atenção aos donos de dois cães (bem grandes) que os deixavam correr sem trela, assustando os miúdos. Foram mal educados, que o jardim é de todos, e só vacilaram quando o meu irmão ameaçou chamar a polícia. À porta do jardim está um sinal a indicar a proibição de entrarem cães sem trela.
Ninguém vê, ninguém quer saber.
Resta apenas a indignação, e devemos exercê-la!
(excelente blog, passo aqui todos os dias. hoje não resisti a comentar, este assunto enerva-me cá de uma maneira!)
Lisa
Moras ao pé de mim, Cat, confessa lá… (a minha rua é um nojo).
Obrigada pela solidariedade. É um problema que está debaixo de todos os nossos pés…começo a ter vontade de o resolver como a Noite diz que se resolve em Macau (na panela…). 😉
Aqui também temos sorte. Não há muitos poios de cães na rua porque eles, enquanto animais domésticos, são raros e raras são as pessoas que andam com eles na rua. O problema aqui, nalgumas zonas, são mesmo os poios das pessoas… Há uns largos meses atrás, fui a uma zona complicada da cidade inteirar-me dos resultados de uma intervenção nossa quando, por alguma razão, a minha visão periférica chamou-me a atenção para a esquerda. Ao fazer a rotação para a esquerda deparei-me com 3 gajos lado a lado, de cócoras, a cagar na boa. Nem se mexeram. Quem se mexeu fui eu perante situação tão degradante.