100nada

Leucemia

Não sei muito bem o que hei-de escrever sobre o assunto. No Cedace está tudo muito bem explicado, toda a parte técnica, toda a parte relativa ao processo de inscrição como dador. Portanto vou contar a história do D.

O D. era um primo meu. Muito mais novo, os pais na geração que fica entre a minha e a dos meus pais. Não era primo direito, mas tenho a sorte de ter um sítio onde a família se junta em férias e fins de semana. Não é uma casa, é uma terra de casas de primos. O D. era mais um primo. O que acontece é que, nas gerações intermédias, há poucos bebés. Os primos tem todos as mesmas idades, depois, de repente, aparece um fora da faixa etária. O D. era assim, um bebé a quem todos os tios e primos davam mimos. O único filho daqueles pais.

Era um bebé e depois, mais crescidinho, um amor de menino Todos os meninos pequenos o são. Não interessa o resto, se comia bem, se fazia birras, se brincava com comboios, se abraçava a mãe antes de dormir e lhe dava um beijo muito molhado. Não interessa porque todos os meninos fazem isso, nada disto é diferente…mas o D. era um menino diferente. Tinha leucemia. E morreu, ainda menino.

Podia não ter morrido. Algures, alguém podia ser compatível.

Eu sou mãe. Podia ser o meu filho.

0 thoughts on “Leucemia

  1. smaug

    Merda…

    Tava pronto para ir para a cama e tiraste-me o sono.

    Mas se for uma noite em branco, é só uma noite em branco. Na realidade não tenho nada de que me queixar.

  2. RS

    Cara Catarina,
    Soube pelo Icosaedro da mudança, quando fazia uma ronda pelos “meus” blogs “pour le mérite” e pensei dar-lhe as boas vindas.
    Estão dadas, embora o conteúdo da entrada a que se refere este comentário não permita exuberâncias…
    A leucemia, como o autismo, são condições que me causam particular tristeza quando encontradas em crianças. É estúpido, pois são situações terríveis em qualquer idade e comparáveis a muitas outras, mas há algo nestas doenças que me choca particularmente e mais em caso de serem crianças as afectadas. Tanto dinheiro se tem gasto com tanta estupidez e a investigação destas e de outras doenças que se arrasta…

    Espero reencontrar o 100nada num tom mais jovial, na próxima visita, não querendo significar com isto mais que o prazer que a Catarina alegre me inspira. :)

    Um abraço, RS

  3. Rui

    A questão é que isto tudo poderia ser evitado com uma consciencialização das pessoas para o problema.
    Basta ser encontrado um dador compatível. Para tal, basta fazer-se uma pequena amostra. Basta dar vida. Não é dar a vida. As pessoas têm que aprender isso.
    Apenas isso.