A fada do meu lar
Ontem, no meio do meu duche matinal, aconteceu um daqueles twilight zones de banheira: de repente o chuveiro deixou de deitar água e a torneira passou a deitar água para baixo. Isto está confuso: não passou a deitar água para baixo pelo sítio certo, mas por um buraco que eu nem sabia que existia debaixo da torneira. Desatei numa berraria Ó Etelvina traga-me uma jarra de plástico a ver se eu consigo tirar o champoo dos olhos, merda para isto tudo (o ‘merda’ disse para mim mesma que não se pode dizer palavrões à frente das assalariadas domésticas senão elas começam a contar anedotas brejeiras) e acabei o duche de jarra (é logo uma boa maneira de começar um dia). Depois, quando lhe mostrei aquele mistério todo, do chuveiro deixar de funcionar e do buraco novo por baixo da torneira, a Etelvina agarrou no chuveiro e disse: ó menina, então a menina não vê que o chuveiro se desligou da torneira e o buraco novo é o sítio onde encaixa? e eu encaixei aquela peça de sabedoria canalizadora e enfiei a viola no saco, a sentir-me completamente burra (o que foi uma forma ainda melhor de começar o dia).
A Etelvina, que tem uma costela de construção civil e trabalhos de canalização, electricidade e gás, por parte do marido, prontificou-se a voltar a encaixar o chuveiro, embora eu lhe tivesse dito que era provável que, tendo caído assim sem mais nem menos, talvez se tivesse passado algum detalhe técnico que me obrigasse a comprar um novo. Mas ela, desde que partiu a torneira do lava-louça nas vésperas de eu ir de férias, anda cabisbaixa e culpada (só me avisou que aquele pano encravado debaixo dessa torneira não era o sítio novo de o arrumar e sim porque a torneira agora pingava, no dia em foi de férias, impedindo-me de chamar um canalizador, que toda a gente sabe aparece sempre entre as nove da manhã e as oito da noite, não pode precisar mais a hora e eu, sem ninguém em casa, não posso tratar dessas coisas domésticas) achou que não, que não e que tratava de tudo. E eu lá concordei, até porque discordar da Etelvina é tarefa inglória. Ela diz sempre que faz o que eu quero e depois faz o que bem entende (um pouco como um verdadeiro PM de trazer por casa: eu voto e ela veta.)
Ao chegar a casa, ontem à noite, poisei as chaves na entrada e fez ‘clink’. Não tem que fazer ‘clink’. Tem que fazer ‘toc’ porque a cómoda é de cerejeira. Olhei para baixo e vi uma peça metálica partida em duas. E um bilhete por baixo:
‘Menina afinal a torneira estava partida deve de comprar um chuveiro novo beijinhos Etelvina’.
Obrigada Etelvina. Foi um aviso atempado. Àquela hora dá imenso jeito sair de casa comprar chuveiros, para hoje não ter de tomar outro duche de jarra. Para a próxima vez que uses o meu telefone fixo para telefonar para a terra, cobro-te as chamadas, porque se não sabes usá-lo para me avisar sobre chuveiros a horas decentes, também não tens de o usar para saber da família toda.
- Natureza (mesmo) morta
- Nada mal
Tenho uma dúvida: Afinal, quem é q trabalha para quem?
Rita, anos de dúvidas sobre esse assunto, só me deixam uma certeza: eu trabalho para lhe pagar.
Acho que se tu fizesses um blog só sobre a tua relação com a etelvina, ultrapassavas a popularidade do abrup…melhor ainda, do 100nada. 😉
Etelvina, uma heroía popular. Só te digo Cat. Ontem era o blogger, hoje é o haloscan…não te cheira a sabotagem, cheira? 😉
Obrigada Mafalda, era capaz mesmo de ser um sucesso. Mas ando atrofiada desde que li uma crónica no Público a aconselhar às cronistas mulheres que o sucesso viria com descrições das empregadas domésticas…:((( Enfim, pelos vistos, é pró que servimos. 😀
Nelson, a sabotagem nem por isso, mas cheira-me a mais uma onda de comentários aqui na minha tasca hoje…:DDDD
etelvina no seu melhor, pois claro…! can’t live with her, can’t live without her! tens que contar mais aventuras domésticas dela…! a mulher é um prato! beijos!
Tinha material para todos os dias, podes crer, Lénia…e é tal e qual assim. Beijinhos.
Ah ah, mal falaste e o haloscan voltou…mmmm, mistério 😉
Nelson…são macumbas!
Deixa lá, há uma Belmira cá em casa que ontem resolveu dizer-me que ela é que é filha de Deus, “somos todos, mas eu sou mesmo filha de Deus”, entre histórias do senhor que atropelou uma cobra de 8 metros e a cobra lhe partiu o camião todo e que faz bem beber um copo de água antes de dar de mamar “pode é arrefecer o leite”… e eu a lembrar-me das histórias da Etelvina. Olha que duas!
É por estas e por outras que eu não tenho nenhuma Etelvina. mas sai-me do corpo. E as marcas que ficam? desde o fim de semana tem sido uma desgraça: ao fazer a cama dobrei uma unha pelo meio, até vi estrelas, no domingo queimei-me mais uma vez a passar a ferro, ontem cortei-me a lavar a varinha mágica..
Catarina, a próxima vez que isso acontecer a deshoras, liga-me.
Direi a ameu amo que estás no duche totalmente indefesa por causa do sabão nos olhos… Acho que insistirá em ir ele próprio; nem deve demorar mais que seis minutos e meio… ;-))
Cat que bom é ter um Etelvina em casa, por causa da porcaria da minha escritura que nunca mais sai, continuo com o sistema arcaico de botija de gás, assim e não sei porquê a porcaria daquilo a que chamamos gás acaba sempre durante o meu banho (acho que é porque só eu lá moro)ainda no outro dia mudei a butija com restos de champô na cabeça. Escusado será dizer que o meu vizinho que só vi umas 3 vezes apareceu nesse dia…
A Etelvina é um must, isso não há dúvida!
Aliás, as “Etelvinas”. Sim, pq A, The Etelvina representa uma classe, a doméstica portuguesa, profundamente instruida, dotada daquele sexto sentido q faria dela um agente secreto de sua majestade, assim tivesse nascido em Inglaterra.
Long live Etelvina
(para o bem dela e de todos nós)
(pá… e tu vai-te aguentando, azarito…)
:))))
Cat que bom é ter um Etelvina em casa, por causa da porcaria da minha escritura que nunca mais sai, continuo com o sistema arcaico de botija de gás, assim e não sei porquê a porcaria daquilo a que chamamos gás acaba sempre durante o meu banho (acho que é porque só eu lá moro)ainda no outro dia mudei a butija com restos de champô na cabeça. Escusado será dizer que o meu vizinho que só vi umas 3 vezes apareceu nesse dia…
T..tou ga.gaga….:)
Tu és muito engraçada, realmente. Eu queria ver se não estivesse lá a Etelvina para te levar a jarra com água. No mínimo daria uma belíssima sessão fotográfica. :)))
Ai que saudades que me deu agora da nossa Capitolina. Sim, era mesmo assim que a assalariada doméstica dos meus pais se chamava ! Uma verdadeira força da natureza em todos os sentidos… e completamente indomável como só a natureza sabe ser. Muitos beijinhos.
Olá! Eu não tenho nem nunca tive nada destas modernices das Etelvinas (raio de nome que a senhora tem, mas pronto!), mas dava-me um grande jeitão, isso dava! Odeio passar a ferro, podia ser que ajudasse. E a sua parece ser um desastre, mas sempre ajuda, não é? PS: parabéns pelo seu blog! Gosto muito!
Nada que não aconteça a quem usa duche. Alegra-te mulher. Pior seria dares de caras com um bicho pavoroso na casa de banho.
apreciar as deambulações domésticas da azáfama do champô na cabeça, da queimadura do ferro e outras diáfanas paixões só se for por má consciência… ou desperdiçar o tempo de não ter tempo de apreciar a rotina da doméstica no confessionário da banalidade.
A empregada doméstica da minha avó pariu 13 filhos, o último dos quais em plena actividade de lavar roupa no rio. Teve o rapaz e foi para casa.
-Oh Etelvina! ETELVINA!!! Traz-me o champô!
-Está aí ão lado da banheira!
-Este não serve!
-Não serve???!!!
-Não! Este é para cabelos secos e eu já molhei o meu!
Nelson e Mafalda, basta insultá-los que aparecem logo.
Maria João, essa Belmira deve ser prima da Etelvina (mas o copo de água está certo, a água faz leite). Entretanto acabo de ver que vou conhecer mamã e Francisca no sábado…:))))
Ana: a Etelvina é bestial e é bem capaz de vir a ter dias para dar…:DDDD Isso por esses lados estou a ver que é um não acabar de acidentes domésticos, está na altura de experimentar a ajuda profissional. :))
Tu não gostas nada de mim, Oldman, para me desejares uma dessas! Ou pensas que eu não leio as tuas descrições do teu amo? 😀
Não percebo nada disso Telma. Só lá vives tu e no dia em que estavas a mudar a bilha (ai a língua portuguesa que é tão traiçoeira…) apareceu o vizinho? Então afinal há vizinho? E tem a chave da tua casa? Essa história tá muito mal contada e deve ser por isso que ficaste gaga! :DDD
Ginger, é realmente uma instituição. Ou pelo menos tem tamanho para ser. 😉 Eu cá me aguento, brigadinhes…:-/
Duende. Olha que isto é um blog de respeito e não há lugar a pics de raparigas de joelhos na banheira ao pé da torneira a fazer chap chap…bom adiante…hoje a Etelvina não veio, foi o número do copo de dentes. 😉
Renada, Capitolina é um nome bestial!!! Um dia ainda a meto nestas histórias como colega de lugar na carreira que a Etelvina apanha.
Vénus, dá uma grande ajuda principalmente a desiquilibrar o orçamento todos os meses.
E muito obrigada pela visita. Já fui às Encalhadas – gostei imenso – e ia recomendar-vos um blog, mas já vi que o conhecem (A Falta de Sexo e a Cidade).
Malta toda: vale a pena escrever sobre a Etelvina, pois passo o dia a rir com os comentários e as histórias que aqui me contam sobre outras Etelvinas. Muito obrigada a todos.
Oops, errata para a Maria Joãoe o encontro baby-blogs: era a ‘próxima’ vez e não desta. Oh!!!! :(((( Paciência.
Um crocodilo ou assim, André? 😉
José Carlos Silva, obrigada pela visita. Não percebi se estava a elogiar o meu post ou o contrário, mas não faz mal. Quanto às avós, a minha pariu 11 filhos e não tinha empregada doméstica.
Essa é cena da Loira e a sua Etelvina, SCita. Eu é mais ‘está aqui um buraco novo na torneira!’
Cat estás a ser maldosa…o vizinho mora no mm andar e as bilhas estão provisóriamente no Hall…Mas nada de intimidades até porque acho q ele mora sozinho e agora arranjou um gato que mia todo o santo dia, vocês não acham isto uma cena um bocado “abichanada”
Catarina: A Etelvina faz despedidas de solteiro?!!
É que ela parte-me a rir a sacana, através das tuas histórias, não era piada com teor sexual, ok, people?
Mas vais fazer alguma despedida de solteiro???
ahhhhhhhh Telma…ahhhhh muito grande…tá bem, vizinhos, gatos, bilhas, o hall, miar o dia todo, champoo no cabelo…:D
Kalvin, ela é uma senhora de respeito! Só dá dias!
Ruiva, coméqué essa história mesmo? Chiba-te lá, anda lá, queremos saber tudico…:))
Pois é… o encontro dos baby blogs é só para o próximo :´(
a Francisca ainda é pequenina!
Mas lá está….o que importa é ter em casa uma boa fadazinha…faz milagres ao humor 😉
Desculpem a intromissão, mas estou curiosa: alguma das vossas Etelvinas chama “frango enrabado” ao frango assado com limão?
É que, em 34 anos de vida, só ouvi isto da boca da minha saudosa D. Antónia, bendita alentejana
Não, Mi. Aqui em Santa Cita a esse frango chamamos é “frango paneleiro”.
Eu tenho uma “menina Etelvina”, mas nem sei o nome dela…nunca a vejo 😛
Paciência, Maria João, mas da próxima tem mesmo de ser! Já fica combinado!
Sim, Nelson, a avaliar pelos comentários todos, as Etelvinas é só rir…:)
Mi, essa é demais, demais! :DDD Eu tive uma que lhe chamava ‘frango paneleiro’ como diz o SCita, mas essa é nova para mim. :DDD