Um shot de vodka
Há dias assim. Não era vodka. Era uma garrafa com a cobra lá dentro a boiar e um gajo a olhar para o fundo do copo como quem não quer a coisa, que cobras a escorregarem pelo fundo da garganta provenientes de copos não é exactamente uma coisa que anime um tipo. Eu e ele, a fazer horas. Os outros a jantarem do outro lado da rua, era o tempo dos anjos pintados nas paredes (antes tinha sido o Pill ou Face, agora era a mão da Dalila) e nós, os únicos pastorinhos eramos nós os dois naquela noite, nem os verdadeiros lá estavam ainda, só a Teresa à porta, a rir e a espreitar enquanto nós emborcávamos o meskal, mais um que ainda temos tempo. Tinhamos tempo, tivemos tempo, tanto que quando voltámos, eles ainda não tinham pedido o café e nós estávamos os dois a tentar trepar para os bancos do bar, mas não sei porquê, não conseguíamos…é o que se chama uma verdadeira rapidinha, o resultado de meia hora de shots seguidos.
Não me lembro do resto. Deve ter sido o costume, as capelinhas todas. Tinhamos tempo, não tinhamos nada que nos agarrasse.
Mas a memória da garrafa com a cobra vai ficar para sempre agarrada a ele. Ao meu amigo.
- Um JB com gelo e água lisa
- Tenho saudades tuas, pá