Olha outro! Este até é re-post!
Acendo um cigarro e fico ali naquele silêncio de uma noite quase sem vento.
Imóvel penso, se me virem de longe, sou mais uma sombra que de repente
acendeu uma luz. Um pouco assustador, olhar para uma paisagem de arvores
cinzentas escuras num fundo apenas um tom mais claro e de uma delas aparecer uma luz.
Quem nunca imaginou gente nas paisagens, gente torcida e gente direita,
gente que afinal não passa de ramos e folhas? Quem nunca viu monstros nas
sombras imóveis dos cantos e se escondeu mais fundo na cama?
A noite tem essa cor, a de pintar pessoas nas figuras e nas sombras, medos
que se misturam nos sonhos, que os transformam em pesadelos. E agora sou eu, muito quieta a ouvir a noite, que com o meu cigarro transformei uma sombra em gente. Mas o medo é sempre de quem vê de fora, não é de quem está dentro, ao lado das sombras. Encosto-me a uma delas, mais um ramo. O meu cigarro um pirilampo.
Quando o cigarro se apagar, vou ser outra vez apenas sombra.
- Olha o enlatado fresquinho!
- Agora lembrei-me outra vez
isto tem muito pouco (eu diria nada) de irrelevante, mas prontes. a malta adora sempre. a sério: linda posta. beijinho