100nada

O lirismo e o cepticismo

Estou aqui indecisa entre escrever aquilo que penso, escrever aquilo que creio ou escrever aquilo que gostaria de escrever; entre aquilo em que acredito e no que (não) acredito.

Já li uma data de blogs (e também os comentários neste). Quando digo uma data digo mesmo um monte deles, para além dos da minha lista de actualizados. Os outros que também leio, como leio jornais. Para saber e para entender, factos e opiniões. Para tentar verbalizar a minha ou, neste caso, escrevê-la. E também falei com pessoas: sobre a praia e o bom tempo e fins de semana e o euro. Quando muito, apareceu a frase, o Santana ahahahahah. É uma espécie de Carnaval no ínicio do Verão, em que ninguém acredita realmente.

Nos blogs que li e até nos jornais, vai uma revolução. Toda a gente diz qualquer coisa e esse qualquer coisa vai no sentido das eleições antecipadas, que não se vê outra saída airosa para todo este tufão político, em que estão mergulhados uns milhares (poucos) de pessoas. O resto (os restantes milhões) está de olho na bola.

Esse é o dado, a bola. A bola e, quando muito, que bom, livramo-nos da Ferreira Leite, (digo eu, que não vou com a cara dela: pessoalmente, chateia-me de morte todos os finais do mês, quando comparo o IRS e as contas do infantário, já que não consegui encontrar nenhum que custasse aquilo que é permitido descontar, e também não lhe encontro vontade política de cobrar impostos a quem sempre se safou, mas isso são contas de outro rosário).

Temos um cenário optimista no país. Toda a gente bem disposta. Ninguém está para se chatear muito e creio que se estão nas tintas. As vozes que berram antecipadas já! estão conutadas com a esquerdalha, a malta que empata e é muita chata.

Ainda não fiz sentido, pois não? Acho que não, provavelmente estou a escrever alto. Directo para o papel, a ver se faço algum, o tal sentido. Mas não sou capaz, porque isto é ridículo. É tão ridículo que me custa a acreditar.

Mas, e gostava muito de estar enganada, apesar de acreditar nas instituições, na legitimidade e na ética governativa, não acredito que os políticos (ou quaisquer outros), quando ‘tratam da vidinha’, não cubram todos os flancos. Ou, por outras palavras, já tenho as barbas de molho: vou berrar que nem um porco a ser sangrado, mas com a mesma certeza do dito porco: já estamos transformados em salsichas Lopes, é só uma questão de tempo. Não é uma opinião derrotista, é uma opinião realista.

0 thoughts on “O lirismo e o cepticismo

  1. catarina

    Pá. Espero bem estar completamente enganada. Mas eu acredito em muito pouca coisa, principalmente quando as pessoas estão a defender os seus interesses particulares. De qualquer maneira, olha ali para cima, no ‘absolutamente’: isso é aquilo em que quero acreditar.

  2. Mafalda

    A mim o que me custa a engolir é que muito boa gente considere isto normal…como se trocar de presidente fosse trocar de…de…professor, sei lá!

  3. Leonel Vicente

    É uma possibilidade real; dificilmente Jorge Sampaio quererá “assumir o ónus” de estar a criar uma situação de “desestabilização”.

    Infelizmente, parece-me que o “não fazer nada” será a pior opção; será apenas adiar o inadiável…

  4. duende

    E acho que estás mesmo. Se por um lado anda tudo a berrar por futebol, por outro estamos invulgarmente unidos. E ainda não encontrei uma pessoa que aprovasse Pedro Santana Lopes. Quanto ao banner já sabia qual ia ser mesmo antes de lá estar. É, quando respondi aqui já tinha lido o outro lá em cima e ainda nem o link tinha. :p

  5. catarina

    As pessoas andam distraídas com outras coisas, Mafalda. E a verdade é que, sendo constitucional, é uma situação ‘normal’.

    É isso que eu penso, Leonel. Mais: não acredito que o Durão aceitasse o cargo sem ter garantias da Presidência (fala-se nisso). Adiar o inadiável é a típica postura (detesto a palavra ‘postura’, mas não me ocorre outra) de quem prefere passar a batata quente para o futuro. Eu já vejo isso há tantos anos em tantas coisas que não me espanta nada.

  6. catarina

    Não sei como te explicar isto, Duende: o facto de ser o Santana Lopes é tão ridículo que ninguém vai acreditar mesmo até ao facto consumado. Espero estar enganada, como já disse. Mas mesmo o ‘unidos’ é relativo em termos numéricos, a grande maioria nem sabe, nem quer saber.
    Ah, não era o bannerzito catita a que me referia: era à frase ‘lema para hoje’ do 100nada. :)