100nada

letter to self

Segue, nâo penses muito, não penses nada, não penses em nada, apenas segue os dedos no teclado; há coisas que não mudam, templates brancos, os dedos a correr sobre as teclas, há hábitos (manias) que, não sendo iguais, podem ser replicados, mesmo que agora pareça ainda estranho, segue sem pensar, essa é a parte mais difícil a regressar.

tens um cinzeiro, um copo de ice tea, a música nos ouvidos (ainda ouves Moby?), um teclado e um monitor sobre a mesa, uma camisola de alças, a janela aberta à noite de um final de verão, precisas de mais alguma coisa? tens-te a ti, sempre tiveste e, embora aches que o teu pragmatismo realista te prega ao chão, quem andou a martelar os pregos não foi mais ninguém. Já usavas esse martelo no meio da testa a ver se abre uma brecha até porque, contrariamente ao muito apregoado pelos românticos, o coração não passa de um músculo que bombeia o sangue e a alma há-de estar atrás da parte do cérebro que (esse sim) aloja o raciocínio e o resto, essa amálgama sem nome, onde se misturam as coisas menos lógicas que, por vezes, nos fodem o juízo mas que nos fazem sentir vivos.

Não te queixes, portanto nem digas que sobra pouco para escrever, que estás mergulhada no alcatrão da estrada com as penas coladas, porque sabes perfeitamente que em cada semáforo da tua vida onde paras, olhas sempre para o céu.

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