100nada

Ainda a pena de Isaltino Morais

Apenas uma pergunta:

– Todas aquelas pessoas que aceitam sem questionar o veredicto do juiz que condenou Isaltino Morais a sete anos de prisão efectiva, não colocando pois em causa a justiça relativa desta pena, se após o julgamento seguinte, decorrente do recurso, Isaltino Morais for absolvido, aceitam da mesma forma esse eventual veredicto?

É que aceitando que um tribunal não falha quando o considera culpado e lhe dá aquela pena, sem questionar, então segue a lógica que, se for absolvido, esse veredicto é igualmente válido, certo?

É que se não for assim nas vossas consciências, se ele agora for considerado inocente e acharem que continua culpado, então o julgamento foi feito por vós, na praça da opinião pública e não há respeito por instituição alguma.


A Zon 50 megas e a porta 6667

Na verdade, o que eu queria era escrever um post ou uma série sobre a experiência que tem sido ter Zon 50 megas, de fibra óptica que brilha na televisão, porque tem sido uma aventura que já vai em dois meses e dezenas de telefonemas. Não tenho tido tempo, mas agora fiquei de tal forma aparvalhada que sai um post mais telegráfico, sobre aquilo que acabámos de descobrir sobre a porta 6667.

Eu nem sabia e nem sei bem o que é a porta 6667 mas sei agora que é a porta do modem que dá acesso a algumas coisas como o IRC. O que eu sabia é que há algum tempo tentei entrar no Second Life e, cada vez que ligava, o modem desligava-se. primeiro pensei que era coincidência, depois pensei que seria mais uma avaria / período de manutenção /outra desculpa parva da zon e não me preocupei muito.

Mas acabámos de saber, através do apoio técnico da Zon que realmente há um problema na porta. Não funciona, ponto final. Não há IRC, têm queixas de problemas nisso e no MSN e “alguns” jogos online. Quais? Perguntei eu, não me sabiam responder. Mas não fizeram testes antes? Isso, o assistente (aliás impecável) que me ouviu, não sabia dizer. Bom, digo eu, pelo menos um: o Second Life não funciona.

Ora isto é uma estratégia de mercado do caneco. Vendem um serviço de net ultra rápida exactamente para quem? Não um serviço destinado ao cliente que precisa de ler jornais e consultar emails, esse não precisa de Zon 50 megas. O cliente alvo da Zon será o dos downloads / uploads e o dos jogos online, certo? Ora, aqui está a notícia: alguns jogos online não funcionam. E mais: estão cientes que o problema é do modem e estão a tentar resolver, mas sem qualquer ideia de quando e como, se alguma vez resolverem.

Isto não é absolutamente extraordinário?! Uma empresa que tem um cliente nos 18 megas (nós cá em casa) perfeitamente satisfeitos com o serviço, que resolve fazer o upgrade para os tais 50 megas (não fomos para os 100 porque nos avisaram na própria Zon que esse não estaria ainda completamente operacional) e não só o serviço 50 megas também não está operacional a 100%, como o apoio técnico dá informações completamente dispares sobre as razões, como agora ficamos a saber que Zon 50 megas não tem porta 6667.

Portanto se quer jogar jogos online, pense duas vezes em usar esse serviço. E se já tem e tem problemas, é chatear a Zon até à medula. Ou mudar de serviço, mas quem é que me garante que os outros não são a mesma coisa?

[nos foruns da Zon encontro este link, com soluções para geeks e dadas por geeks: porque é que a Zon não contrata um????]


7 anos na prisão para Isatino Morais, no país das bananas maravilhosas

Eu nem ia actualizar o blog, mas apanhei uma fúria que ia espatifando o carro na A5, quando ouvi no rádio. Entrei em casa danada, já em comício, furiosa com os 7 anos de prisão efectiva para Isaltino Morais.

Mas antes que comecem os comentos a chamar-me nomes e admitindo que esses comentadores lerão as primeiras cinco linhas deste post, digo antes de mais:
Sou absolutamente a favor da justiça, das instituições, da aplicação das leis e tudo isso. E considero-me pessoa honesta e de bem.
Portanto se Isaltino Morais é culpado, acho muito bem que cumpra pena, pague multas e expie os seus crimes, como se costuma dizer. Que a leis e a justiça sejam aplicadas a Isaltino Morais e a toda a gente.

E aqui é que começa a minha fúria. Na parte do “e a toda a gente”. Pura e simplesmente não consigo aceitar nem admitir que, num país em que todos os dias acontecem crimes violentos, onde existem centenas de processos de crimes de colarinho branco e toda esta gente sai incólume, em penas suspensas e pulseiras electrónicas, há uma pessoa de repente que apanha 7 anos de prisão efectiva. Não matou ninguém, não é pedófilo, não assaltou à mão armada, não deu tiros, não faliu bancos, não criou institutos fictícios para angariar subsídios, não, nada disso: esses são as penas suspensas, os casos prescritos, os “não se prova nada”, os “coitadinhos vítimas da sociedade que não sabem senão recorrer à violência, é falta de educação, coitados”.

E depois, esta história toda cheia a esturro político. Haja em vista a quantidade de comentários que já ouvi e que são todos mais ou menos na base do “finalmente há justiça! finalmente os grandes começam a ser apanhados! Isto agora vai mudar!” e ninguém se lembra que, por mero acaso, total coincidência com certeza, calha mesmo em vésperas de período eleitoral. E – oh que estranho – vejam lá que os outros arguidos do mesmo caso calha que foram absolvidos. E – mais factos que por certo não terão nada a ver com isto – o senhor é independente no seu partido, que o deixou cair por completo assim que cheirou a bode expiatório.

E depois, não estamos a falar do autarca de Cu de Judas Lá Longe. Não. É o autarca de Oeiras, conselho agora rico e em crescimento, cheio de empresas, centros de negócio, jardins, parques, estradas sem buracos e luzes nos candeeiros. Por – também mero acaso – foi graças a Isaltino Morais, que é um excelente autarca, um facto que não se pode negar, basta ir a Oeiras ver, basta ter visto como era antes e o que mudou. Será o mérito dele como autarca razão para o absolver dos crimes de que é acusado? Não, não tem nada a ver, concedo, embora me custe que o mérito não conte para amenizar uma pena, quando o desmérito, a coitadice da vítima da sociedade que desata a matar gente, isso já conta.

A minha fúria não é contra a aplicação da justiça. A minha fúria é contra os pesos e medidas. É não andar descansada na rua e fechar-me a sete chaves em casa. É saber que andam assassinos e ladrões à solta e toda a gente sabe quem são e ninguém os prende por medo. É saber que pedófilos podem dar aulas a crianças depois de serem considerados culpados. É saber que o estado mete a mão no nosso bolso para salvar empresas falidas e ninguém vai preso. A minha fúria é contra exemplos, estandartes políticos, bodes expiatórios. A minha fúria é saber que é preciso um político pertencer à nomenclatura e ao partido para ter uma melhor hipótese de se safar.

E, claro, é por (eventualmente, já que Isaltino Morais vai recorrer e mantém a candidatura) o país perder um excelente autarca e continuarem os medíocres todos por aí, impunes e incólumes.

Se há justiça, haveria de ser para todos. Se agora aparecerem os outros todos condenados a vinte anos, a perpétuas, os assassinos, os pedófilos, os outros ladrões todos, então nessa altura dou a mão à palmatória e tudo bem, aceito. Mas assim não. Assim não.


Onde é que fica a cortina?

Às vezes parece-me que estou do lado de lá da cortina, mas não é a assistir ao filme da vida e essas coisas todas. Não. É mais está a acontecer mas à pessoa ao lado que também sou eu. E, se me fosse embora, não por querer, não por querer, mas acontecia qualquer coisa, aquela placa tectónica mexia para o lado e eu ia em cima e deslizava e ficava desviada – ainda com a cortina ao lado, o que é muito estranho mesmo, a cortina ir ao lado – mas vá, provavelmente o varão estava pregado, quer dizer, as estacas onde o varão assentava estavam pregadas ou cravadas naquela placa tectónica e ia tudo comigo menos a minha vida onde eu também estava.

E preocupada em saber onde fica a cortina em vez de me preocupar com os ondes é que eu estava.


E de repente

a coisa dá a volta. Depois de me aborrecer, de me chagar (e aos próximos), de alternar entre o encolher de ombros e o roer, de fazer as minhas manobras de diversão e de a-ver-se-dá-a-volta, de repente, aparece assim, sem mais nem quê, do nada quase, de uma frase e fase em que é preciso dar uma mão, uma oportunidade.

E dou por mim a pensar que não é para o que se nasce. É para o que se aprendeu, se sabe e se faz bem. Já não me lembrava que dava tanto gozo sentir os neurónios a zumbir desta forma. Não, não nasci para isto, provavelmente. Calhou há muitos anos e tenho muito jeito: sou boa nisto, acontece. E um gajo, quando faz muito bem as coisas que sabe fazer, acaba por fazê-las por gosto, gozo e com imenso entusiasmo.

Suspeito que, daqui até ir de férias, vou ter ainda menos tempo disponível. Mas este vale a pena.



A Declaração de Hamburgo vista por uma leiga

Há uns anos eu comprava religiosamente a Visão. Não era semanalmente, nem sempre, mas quinzenalmente, não perdia uma: abria a revista na página da crónica de Lobo Antunes, li-a, rasgava a página, guardava e, eventualmente lia a revista ou não.

Eu, de 15 em 15 dias, pagava um conteúdo. Porque o queria ler, porque o queria guardar.

Cada pessoa compra jornais e revistas em papel porque sim, porque os quer ler, no todo ou em parte ou porque é suposto levar o Expresso para a esplanada ou o Publico para o café; quando eu ia para Lisboa de comboio, também comprava o Público todos os dias: conseguia acabar as palavras cruzadas todas até ao Cais do Sodré e o jornal ainda servia para ser lido pelo gabinete todo onde trabalhava. E aqui, diacho, levanta-se um bocadinho da base desta Declaração de Hamburgo, assinada pelos tycoons dos jornais, encabeçados por Pinto Balsemão, com a finalidade oficial de dar cobertura legal à propriedade industrial/direitos de autor e a finalidade real de salvar a imprensa como ela é actualmente, ie, algo obsoleta.

A base, como a entendo, pode ser simplificada ali naquele meu exemplo. Eu comprava o jornal e a rapaziada toda lia-o sem pagar direitos de autor. Embora eu – e creio, a maior parte das pessoas – pensasse que estava apenas a emprestar uma coisa que, dessa forma, teria mais divulgação e quem sabe, algum dos meus colegas até passaria a comprar o jornal (na realidade, cada um comprava os seus e íamos trocando) porque havia ali um conteúdo qualquer que quereria para si mesmo, nem que fossem as palavras cruzadas, que essas já estavam feitas. Mas o dono do jornal não vê a coisa por esse lado: vê a coisa como, caneco, ora ali tanto leitor que devia estar a pagar pelos conteúdos que forneço e népias, está a ler à borla e isto não pode ser.

Claro que há uns anos, esse problema era um bocado irrelevante, já que havia aqueles jornais, havia aquelas notícias e não havia mais nada. Mas depois chegou

a net.

E, na net, como toda a gente sabe, está tudo. Incluindo montanhas, toneladas de notícias ao alcance de um clique e mais uns himalaias de sites, blogs, foruns, redes sociais e o que for preciso, a comentar, a linkar, a copiar, a desmentir, a ridicularizar, a cascar, a aumentar, até a investigar, todas essas e mais umas quantas notícias.

Ora os donos dos jornais de papel que até têm já sites e tudo o mais, devem ter começado a sentir no bolso os efeitos desse enorme leque de escolhas dos leitores e utilizadores de notícias e, esse facto agora aumentado pela crise que faz toda a gente pensar duas vezes antes de gastar uns euros num pedaço de papel que traz as notícias de véspera, que já estão na net há horas, completamente requentadas, crónicas e artigos de opinião que podem ser bestiais mas também podem ter qualidade inferior àquele blog x ou y que até diz o mesmo de forma mais inteligente ou radical ou acutilante, passou a ser o mau da fita a abater. Essa gente toda, pensarão os donos de jornais de um certo (terceiro) mundo, essa maltosa frustrada que queria era trabalhar na redacção de um jornal, esses medíocres todos armados em jornalistas e cronistas, alguns até anónimos, meu Deus e mais todos os geeks que acham que o open source é a nova bíblia, são os culpados da crise que se abate sobre o jornalismo. Porque é essa gente toda que retransmite os conteúdos dos jornais e não paga direitos de autor! Temos que os obrigar. E vai daí, nasce essa tal Declaração de Hamburgo, que deve ser uma coisa muito maçadora que eu não li – avisei logo no título que era vista por uma leiga – mas também nunca ninguém leu o Novo RAU e toda a gente sabe tudo sobre arrendamento urbano. Aliás, eu não tenho que ler a Declaração de Hamburgo já que quem a assinou provavelmente ainda nem sequer percebeu que os jornais actuais de sucesso não serão exactamente naqueles modelos e também não deve ter lido grande coisa sobre o assunto.

O modelo? Bom, aconselho a ler o post do Paulo Querido e os do Pedro Fonseca (este último de um conjunto de cinco, ler também os anteriores) mas tiram-se dali os seguintes pontos básicos:

– Os donos dos jornais não estão contentes com os seus resultados líquidos;
– vai daí querem agora proteger os direitos de autor que é sempre uma causa nobre e assim;
– foram pegar-se com o Google, que os mandou pastar, dizendo que não tem que pagar direitos de autor coisa nenhuma, mas que, com todo o gosto, os retira imediatamente das listas de pesquisa, bastando para isso os sites introduzirem duas linhas de código;
– é possível que a coisa, levada ao extremo, significasse que os providers de internet retirassem aos utilizadores o acesso aos agregadores de notícias que não pagassem direitos de autor;
– é até possível que aqui este tasco, linkando uma notícia de um jornal, levasse com um processo de não ter pago direitos de autor;
– e por aí fora, numa espiral fantástica de delírio galopante, só falta mesmo quererem desligar a ficha da internet (coisa que se faz em alguns países e provavelmente, a causa oficial também será nobre e plausível)
(curioso, que se esqueceram do twitter, onde há mais links de notícias por segundo que noutro lado qualquer)

Estão, enfim, não querendo ofender ninguém, um pouco, vá, como direi, talvez com falta de antioxidantes e vitamina K.

Eu não tenho soluções, lá está, que a minha vida não é prestação de assessoria de formas de viabilização da imprensa. Mas também não sou defensora do agora é tudo do povo e quem escreve por profissão não tem que ser pago, e quem vende jornais não tem que receber por eles, como é evidente. O seu a seu dono e com certeza que conteúdos que custam a produzir, têm que ser pagos. Mas também me parece que esta não é, de todo, a resposta à crise. Não há uma internet papão, feita de parasitas de um lado e os desgraçados aflitos (até admito que estejam, hello, nas outras áreas todas da economia, anda tudo desgraçado e aflito, é a vida na crise!) dos tipos dos jornais que têm que ter os direitos de autor protegidos. Quando eu linko uma notícia sou uma parasita? Ou comentando-a, acrescentando valor (seja um valor bom ou ranhoso) e chamando a atenção para ela, não dou mais cliques ao jornal? Mais leitores, mais visibilidade? Cabe ao jornal arranjar formas de viabilizar e tirar proveitos dessa maior visibilidade, não é? Agora pagar direitos de autor, isso é que era bom, não linko mais nada, claro: haverá sempre um jornal que não se importará de ter mais visibilidade com essas referências, porque conseguiu maximizar esse aumento de leitores provenientes dos “parasitas” e, e esse, caríssimos leitores, esse é o jornal que irá sobreviver no longo prazo.



Eu tenho um favicon, olarilolé

Ou melhor, o 100nada tem um favicon. E o que é um favicon, perguntam os meus leitores e perguntam muito bem. Eu, o que é, mesmo, não sei exactamente, mas sei onde está: ora vejam faxavor, no vosso browser, se abrirem o 100nada, antes do endereço, o que é que aparece. Um quadradinho com um agapanto azul no meio? E se tiverem o blog nos favoritos, também aparece? Ahpoizé! É o favicon e é só meu! Fui eu que fiz..er…quando digo “fui eu” quer dizer, melguei aqui ao lado até o ter, é mais isso. Mas sei como é que se faz. Sei e não digo, sei e não digo, sei e não digo! :p