100nada

Agradecimentos e coisas assim

Há uma coisa gira no meio disto tudo: aqueles posts deram-me imenso gozo escrever. E passei o dia (enfim, os intervalos) a pensar como é que se seguiria a série. E isto, parecendo uma coisa perfeitamente normal, não é.

Deixem-me aqui personalizar um bocado: a minha amiga Sofia Vieira volta e meia insiste que eu deveria escrever mais posts de matérias que eu domino bem (e não, não sou professora, nada disso!). Já escrevi um ou outro mas respondo sempre que, para mim, é uma seca descomunal escrever sobre um tema que, de alguma forma, me lembra trabalho. O blog serve exactamente de contraponto a coisas sérias e sisudas do dia-a-dia.

Mas, desta vez, diverti-me mesmo muito. Talvez porque trocar alguns pesos pesados por moedas de cinco cêntimos, seja um exercício que me dá imenso gosto, que é um desafio e que, pelos vistos, explica qualquer coisa. Não se pode querer mais.

Os agradecimentos aos leitores e comentadores (já respondo!) e às amabilíssimas referências da Sofia Vieira no Controversa Maresia, da Hipatia no Voz em Fuga, do João Marchante no Eternas Saudades do Futuro e do Paulo no Do Melhor (neste último, votam-se os melhores posts, não sei se percebem o que quero dizer…sim, são uns simpáticos, claro que podem! ;))

E ainda obrigada ao principal culpado disto tudo, o Vítor I, que me picou para escrever uns posts sobre a crise.

E à @na, minha companheira de loops e patos, muito obrigada (não sou professora!)


Ai que vergonha!

Chego aqui e vejo isto cheio de comentos (já agradeço!), montes de referências noutros blogs (já agradeço tudo!) e aquela porra diz IMOBILIÁRIOS! Foi ali um leitor atento (já agradeço!) que apontou que tem um I a mais, pois tá claro. Que vergonha.

Obrigada! Deixem-me só ir mastigar umas solas de vazia importada de qualquer lado onde as vacas se devem fartar de correr e já volto!



2. A crise financeira trocada em moedas de cinco cêntimos – A Bolsa de Valores Mobiliários

A Empresa Empresa Primos Sociedade Anónima (porque passou de uma sociedade por quotas para uma sociedade em que o capital é representado por acções, ie, uma sociedade anónima) tem agora suficiente capital para os novos investimentos e para contratar uma carrada de gente e começa em força a produzir coelhos, galinhas, alfaces e maçãs. É evidente que o sabor não é exactamente o mesmo, mas as galinhas e os coelhos são todos gordinhos, as alfaces e as maçãs são todas do mesmo tamanho e, de qualquer forma, já ninguém tem hortas ou galinheiros e coelheiras, porque estão todos a trabalhar para a Empresa Primos SA. A produção é vendida na Aldeia Regional Central (ARC) e a rapaziada vai toda lá às compras de novidades, quiwis e patos e mais uns quantos plasmas e LCD’s.

A Empresa Primos SA tem sucesso, aumenta a produção, investe mais, endivida-se mais e resolve até fazer aumentos de capital através da venda daqueles tais papéis que dão direito a participação nos lucros (dividendos), decidindo que não é preciso ter 51% da empresa para tomar decisões de estratégia e de implementação da estratégia (nas economias anglo-saxónicas, há uma Administração – que tem representantes dos donos da empresa, ie, os accionistas – que decide da estratégia e um corpo executivo que a implementa e cujo principal executivo se chama CEO (Chief Executive Officer), normalmente contratado pela Administração, aka, pelos principais accionistas). Nada disso. Já há tanta gente que tem acções deles, que arriscam aumentar mais o capital, embora fiquem em situação minoritária. Mas por um lado não têm capitais próprios para continuarem a manter os 51%; e, por outro, a pulverização das acções é tão vasta, que todos os outros são pequenos accionistas e nunca se lembram de se juntarem todos e ir à Assembleia Geral Anual votar contra alguma coisa em bloco. Até porque estão é preocupados com o que vão receber no fim do ano, de parte dos lucros da empresa que lhes vai calhar (os dividendos).

Mas todos estes donos destes papéis, ao verem que aquilo até paga alguma coisa todos os anos, resolvem que há mais empresas que também estão a vender acções. E vão comprar umas. sendo um mercado onde cada empresa mete uns papéis à venda e, como os donos e gestores e trabalhadores não têm tempo de estar ali a vendê-los (esta parte efabulo, não faço ideia, mas deve ter sido assim, no início), há uns tipos especialistas, que sabem os preços de todas as acções de todas as empresas.
Mas essas acções são limitadas. Daquela empresa que está cheia de sucesso não há mais, estão todas vendidas, e o senhor Adosindo Silva, que tem acções da Empresa Primos SA, quer trocar de carro e precisa de dar uma entrada para um Audi6. E pensa “bem, tenho aqueles papéis, posso vendê-los” e vai lá perguntar se alguém lhos vende. O tal especialista, o corrector, responde, “olhe veja lá, até tenho dois interessados, que sorte já viu?” e o senhor Silva, que não é parvo, diz-lhe que se é assim, então que vende ao que der mais.

Portanto, aquele papel que na realidade valia imagine-se, um pneu de um camião de carregar coelhos (é preciso não esquecer que esse dinheiro são fundos para a empresa investir), agora vale o pneu e mais um x que o senhor Sousa quis pagar, só para ter ele aquela acção. Porque é que o senhor Sousa pagou mais? Porque acha que na realidade aquela acção vale dois pneus, já que pelas contas dele, a empresa vale mais do que aquilo que está na contabilidade, tem credibilidade, tem futuro, tem uma marca boa, ninguém mais vende coelhos, galinhas, maçãs e alfaces (tem o monopólio daquela área de negócio), enfim, porque quer pagar mais agora pelo papel que acha que vai valer ainda mais no futuro. Já o senhor Silva quis vender para dar entrada para o carro.

E mais gente compra aquelas acções daquela empresa excelente. Como toda a gente quer comprar e ninguém quer vender, o preço aumenta, porque quando há para vender, há sempre mais compradores que vendedores. Aquela acção vai subindo, apenas por força das expectativas das pessoas.

Só que

é preciso não esquecer a palavra Aldeia.

E, no largo da Aldeia, juntam-se um dia umas pessoas numa conversa mais ou menos assim:

– Ouvi dizer que a Maria dos coelhos está muito doente, coitada!
– Tu não me digas! Mas ela é que manda na Empresa Primos SA! Os outros primos fazem o que ela diz!
– Se ela se vai, aquilo não sei não…
– Por acaso, agora que dizes, ouvi dizer que as alfaces andam um bocado amarelentas!
– Ai é? Eu ouvi dizer que as galinhas estão cheias de hormonas…
– Caramba, e eu com aqueles papéis deles lá em casa.
– Olha eu cá já vendi os meus!
– Não me digas, vendeste as acções?
– Vendi e mais! O João da Esquina tinha-as vendido na véspera e conseguiu melhor preço!
– Epá isso é uma merda! Amanhã vou já vender as minhas!
– Caneco, eu também!
– E eu!

E, no dia seguinte, na Bolsa de Valores Imobiliários, as acções da Empresa Primos SA, que até aí, estavam a subir, com tantos vendedores e menos compradores, começam a descer…

E a Maria acorda, ainda não recuperada de uma brutal gripe, e não só vê as acções da sua empresa a descer no site da Bolsa, como, olhando lá para fora, vê passar a caminho do mercado da ARC, uma data de camiões TIR com alfaces, maçãs, galinhas e coelhos e uns caracteres esquisitos escritos ao lado…

(à suivre)


1. A crise financeira trocada em moedas de cinco cêntimos – A Aldeia Global

Quando se fala em Aldeia Global, a malta pensa logo em coisas simples, como a redução da distância, a facilidade com que se passa férias na Nova Zelândia, a rapidez da viagem da tia Mariazinha quando visita os compadres em Newark, as comunicações tão rápidas, a net e o comércio electrónico, enfim, pensamos muito na palavra Global, de globo curto e pequeno, o mundo ao alcance da mão.

Esquecemo-nos da outra palavra: Aldeia. Uma aldeia não é uma vila ou uma cidade. É um pequeno burgo, com pouca gente e onde toda ela se conhece. Onde realmente se vai daqui para ali num pulinho e tudo é muito perto e fácil. Mas uma aldeia tem outras características e não são muito diferentes da nossa Aldeia Global.

Na nossa Aldeia Básica Nº1 (AB1) toda a gente tem uma horta e uma coelheira. Toda a gente come coelho com alface e toda a gente é feliz (menos os pobrezinhos que, em qualquer aldeia, comem restos de folhas de couve e as cabeças dos coelhos quando sobram, portanto vamo-nos esquecer agora deles, embora seja um bocado desumano, mas é assim que as coisas funcionam na realidade).

Um belo dia, o Zé vai a casa da Maria e diz-lhe “ó vizinha, eu não sei lá o que dá aos coelhos, mas os seus têm muito melhor aspecto que os meus; mas olhe que não devem ser alfaces, que as suas estão pra lá de murchas. Então, eu vinha aqui propôr que a vizinha me dava uns coelhos e eu, em troca, lhe dava umas alfaces, já que os meus coelhos estão a morrer todos com excesso de vitaminas”. A Maria olha para as alfaces do Zé, pensa um bocado e diz, realmente é capaz de ser uma boa ideia. E cada um deles passa a especializar-se num só produto. Claro que, passado um tempo as alfaces do Zé são as melhores alfaces da aldeia e os coelhos da Maria os mais tenrinhos, uma vez que os dois dedicam o tempo inteiro a aperfeiçoar aqueles produtos.

E, como têm a mais e o resto da aldeia também só tem hortas e coelheiras, os dois resolvem juntar-se e ir falar com a Aldeia Básica nº 2 (AB2) e explicar a uns primos que lá têm que, se se especializassem em galinhas e maçãs, poderiam trocar todos os seus produtos. Como a procura passa a ser o dobro e com a especialização da produção dos quatro primos, os produtos têm maior qualidade, as outras pessoas de ambas as aldeias passam a trabalhar para a Empresa Primos e Cia, que entretanto resolveram formar, com a finalidade de ir vender alfaces, maçãs, coelhos e galinhas, à Aldeia Central da Região (ACR).

A ACR acha tudo muito bem, mas tudo aquilo é pouco, porque fornecem trezentas aldeias e, ou a quantidade da Empresa Primos e Cia é suficiente ou não compram a produção. Os primos juntam-se e resolvem contratar uma data de gente de outras aldeias e comprar umas máquinas que apanham as maçãs e as alfaces e uns aparelhos que dão de comer aos coelhos e às galinhas automaticamente. Fazem umas contas e verificam que precisam de dinheiro para aqueles investimentos e para pagar ordenados, segurança social, planos de reforma, seguros de saúde e subsídios de almoço.

E é então que a Maria (que é gaja e é esperta) se lembra: e se pedíssemos a toda a gente que nos emprestasse o dinheiro que têm escondido debaixo do colchão? Os primos acham uma ideia linda e lá vão eles angariar fundos. Só que a resposta que levam é a seguinte:

“sim senhor, o eu empresto o dinheiro que tenho debaixo do colchão; mas como aquilo me ampara a cama e fica mais suportada, vou ter que comprar uma tábua para meter no lugar das notas. Tá bem que não me pagam a tábua agora, se não podem, mas quando mo devolverem, é o meu e mais o preço da tábua”

Eles concordam e assim se concretiza o empréstimo com pagamento postecipado de capital e juros.

Mas depois, algumas das pessoas pensam assim:

“Olha lá! estes tipos aqui desta empresa vão ficar ricos! E eu só recebo o preço da tábua? Nem pensar. Eu quero sociedade!”

e os primos, que já são sócios em partes iguais, cada um tendo entrado com respectiva coelheira/galinheiro/horta ficam naquela, epá mais sócios não…e a Maria, que é uma gaja esperta, inventa o seguinte:

“Ora nós já temos aqui as nossas coisas e não queremos mais ninguém de sócio; mas como precisamos de dinheiro para investir nas tais máquinas novas e o que nos emprestaram não chega, fazemos um aumento de capital e damos a estes um papel que diz que são donos e que têm direito a uma parte dos lucros; mas claro que esse aumento nunca será no seu todo maior do que aquilo que nós já temos: fazemos a coisa assim: o total, 51% fica para nós e assim decidimos tudo; e os restantes 49% ficam para eles. Se tivermos lucros, damos-lhes (se não voltarmos a investir esses lucros) e se tivermos prejuízos, paciência, não recebem nada.”

(à suivre)



O fim do mundo em cuecas

Não sei de nada! Nem crashes, nem DowJoneses a descerem, nem planos de salvamento que afinal não são aprovados, por mim pode falir tudo e mais um par de botas, que eu estou nos patos! Não quero saber, tenho patos e loops of zen e aposto, aposto! que a esta hora a outra maluca com quarto com vista para Moscovo também tá a jogar patos! Com uma caçadeira, ok, nós é mais aos cliques…

E mais um a entrar ali, é a desgraça, ora a ver!


As nossas "amiguinhas" do peito

Ninguém tem obrigação de gostar de nós. Tá bem que somos extraordinárias e maravilhosas e fora de série e tudo o mais que agora não me está a ocorrer ou está mas a modéstia não me permite mais do que tantos auto-elogios (por linha), mas ninguém tem obrigação de gostar de nós. Mais, nós gajas lindas, simpáticas, giras, elegantes, inteligentes, charmosas, nem sequer nos importamos por aí além que nem toda a gente goste de nós, estamo-nos absolutamente cagando, nem damos por essa gente que não nos grama e fica lá no sítio. Mas o problema é que não ficam. Essas tipas que não têm outro nome (embora eu já lhes dê mais alguns) não se ficam por não gostarem de nós, lá no canto delas, sem chatear; não. Têm que se armar em nossas “amiguinhas” do peito. E isso é que me tira do sério. Essas tipas são umas ranhosas que não são como nós. Falta-lhes qualquer coisa, talvez, por exemplo, ser mais como nós. São umas estúpidas de merda que gostavam de ser como nós. Umas galinhas acéfalas que gostavam de ter os nossos sapatos. Umas criaturas de buço farto que queriam ter as nossas bimbys ou batedeiras de claras. Umas parolas das berças que ambicionavam ter as nossas unhas aguçadas e sem falhas. Umas saloias de treta que adoravam rir-se com os nossos risos. Umas assanhadas carentes que não queriam outra coisa senão comer os nossos homens. Umas vacas de pasto que amariam ter as nossas cinturas. Umas bardamerdas que queriam era ter os nossos blogs. E essas amebas coliformes não nos largam um minuto, a roçarem-se por nós, a chegarem-se por tudo quanto é lado, a encostarem braços suados, a passarem as mãozinhas pelos nossos lombos, enfim, a sacudirem-nos os pós de perlimpimpim a ver se sobra algum para elas. É vê-las a quererem “combinar coisas”, a convidarem para almocinhos, a mandarem sms, a telefonarem, a enviarem emails, a comentarem nos nossos blogs, a chagarem-nos o juízo até à molécula, como se não tivéssemos mais nada para fazer e como se não estivéssemos carecas de perceber que não nos gramam nem com molho de bifes com cogumelos e só estão ali porque

sinceramente não percebo porquê, mas deve ser de mim que, quando não gosto de alguém, até lhe digo bom dia se for caso disso, que não há necessidade de não se ser educado, mas de resto, siga, andando, bazem, real caralhinho, conhecem?

É que não se aguenta!