100nada

Queremos uma portuguesa cara da Lacoste? Queremos!!!!

Claro que queremos. Claro que queremos mostrar àqueles franceses xenófobos que as portuguesas não são só mulheres a dias e porteiras. Também são manequins giros e famosos, como a Ana Lutetia (a Ana Lua mais RL, minha amiga e também autora no Get a Second Life).

Portanto, não sei de que estão à espera para clicar na Lacoste, procurar pelo concurso (rectângulo de cima do lado direito) e pela Ana Lutetia e votar nela para cara da Lacoste.


Encasquetar

Adoro esta palavra: encasquetar. Gosto imenso de palavras que não se usam sem ser na escrita, não das cobertas de rendinhas e armadas ao pingarelho, que essas têm tendência para serem manejadas por artistas menos cinco estrelas e conseguem quase sempre ficar com uns neons de “estou aqui armada em palavra para mostrar que o meu autor sabe escrever palavras difíceis” à volta, mas destas assim mais brutinhas. Encasquetar é bestial. A palavra, claro. O conteúdo já lá vamos, mas a palavra, (caneco!) a palavra é linda de morrer. Tenho pena que não se use. Um gajo poder dizer ao almoço, epá encasquetei que aquelas Galps hão-de subir até aos oito e não há quem me desencasquete desta ideia e alguém lhe responder, sempre foste um uma encasquetada e depois não te queixes de andar aí ópaiópai e rematar-se a coisa com um quando se me encasqueta uma coisa, sabes como é.

Quando se me encasqueta uma coisa, sabes como é. Fodido, claro. Não há como desencasquetar. Um gajo bem se organiza na via do pensamento mais abstrato, da análise racional dos dados que dispõe e que apontam todos na mesma direcção. Não há volta a dar-lhe. Quando se me encasqueta uma coisa, cravo-lhe as mandíbulas e só partindo mesmo.
Nada a fazer. É assim.


E eu, e eu, ó pra mim de dedo no ar!

Eu não sou nada de pegar numa revista de um jornal da semana anterior (quer dizer, sim, essa parte sou, até do mês passado se for caso disso, que não faz diferença ler algumas coisas agora ou daqui a bocado) e tentar equilibrá-la entre o monitor e o teclado, sempre a cair para cima das mãos, para copiar um pedaço de um artigo.
Mas este até o copiava todo.

Na Pública de 22.04.07, capa com o Sandokan dos filmes, o do olho azul cujo nome agora me escapa e o título “Salgari ele já era politicamente correcto”. Lá se era, se não era, na altura não tinha idade para saber o que era isso, de ser politicamente correcto, mas o artigo explica com alguma lógica.

Já que não posso meter aqui as páginas todas, aquilo que me apetece copiar do artigo do Paulo Varela Gomes (pessoa que não faço a mais pequena ideia de quem seja mas de quem fiquei logo a gostar) é esta parte:

(…) “Salgari foi muito provavelmente o escritor mais lido pelos rapazes europeus e latino-americanos (os rapazes, não as raparigas) entre o início do século XX e a década de 70. Deve ser muito difícil encontrar um italiano, um espanhol, um francês, um português, um mexicano ou um argentino, com mais de 45 anos de idade, que não tenha lido os livros de Salgari no início da adolescência. “(…)

Pois tá certo, O Paulo Varela Gomes não poderia saber que, pelo menos uma rapariga portuguesa e com menos de 45 anos, também tinha lido os livros de Salgari. Capas amarelas, lembram-se, rapaziada? Eram do meu pai e dos meus tios e eu uma espécie de peixe de prata, tudo o que fosse papel com letras, devorava. Li todos os que apanhei à frente e fiquei assim, uma criatura salgari-formatada, daquelas que não sai do seu tapete e pensa que se está a afogar assim que mergulha a ponta do pé numa onda, mas com o mar lá atrás dos olhos, cheio de barcos, piratas, espadas, países distantes e mistérios por resolver. E, também talvez por isso, tanta visão a preto e branco mas muito clara, de os bons de um lado e os maus do outro. Uma lírica, em resumo.

Não me fez mal nenhum, creio. Acabei de ler o artigo (que, entre outras coisas, refere o desaparecimento deste autor nos hábitos de leitura juvenis) e disse para o lado: quando fores mais crescido, vou contar-te umas histórias de piratas mesmo boas. O que é giro, nestas merdas, é que os miúdos, por mais nintendos e playstations que tenham, gostam mesmo é das espadas. Estou convencida que, aqui pelos meus lados, ainda se salgari-formata mais uma geração.


Eu há dias

que tenho espírito de sei lá o que é que agora nem me lembro da palavra e há dias que não tenho espírito nenhum e tenho um mau perder de merda.

Portanto

ora foda-se!

(ainda por cima vou ficar cheia de aftas que comi um pacote de nozes)







Rendi-me

Quando fui viver para a minha casa (algures já escrevi sobre isso mas agora dá-me seca ir à procura), que tinha comprado uns bons anos antes e estava fechada (também me tinha dado seca mudar-me e o tempo foi passando, com aquela certeza de ter uma chave no bolso se fosse preciso)chegou uma altura em que comecei a levar livros. Fui levando, todos os dias levava mais uns sacos.
Um dia, deu-me uma coisa de mudança, pedi ajuda para levar um colchão, alguma roupa e um tapete. Sem água quente, sem cozinha, sem telefone, sem móveis; nesse dia comprei uma aparelhagem e, à noite, deitei-me no chão da minha sala, a beber coca colas, a fumar e a ouvir música.
Foi uma das melhores noites da minha vida.

Hoje, cheguei a casa, agarrei na aparelhagem e instalei tudo na cozinha. Vencida pela televisão, mas não totalmente vencida. E se a vizinhança não gostar de Alan Parsons à hora de descascar batatas, pois temos pena.