100nada

Ora bem

agendas políticas.
(e assim escuso de escrever o post sobre o Prof. Freitas. Mas que fique bem claro que nada tenho contra agendas ou ambições políticas e estratégias que as levem por avante, desde que as pessoas sejam dignas, honestas e decentes, o que me parece ser o caso. Tem desde já o meu voto e muito provavelmente será o próximo PR.)


Um ano de um filho

Há um ano, nasceu um bebé muito especial. É uma criança que é um filho. Todas são, claro, mas poucas terão a sorte de ter um pai que é das pessoas que melhor escrevem. Não falo de blogs, falo para lá dos blogs, falo de um pai que é um escritor. Com todas as letras, com todas as palavras, com todas as emoções quando escreve sobre o filho, o seu amor de pai, os dias de desespero e de descoberta. Há muitas mães a escreverem sobre os seus filhos, mas nunca li nada como aquilo que este pai escreve. Chamar-lhe baby blog? Não, é uma história, um poema belo.

Os meus parabéns e a minha imensa pena pelo fim de um Um ano de ti.



Vocelências

induzem-me na discussão política, que é coisa que eu nem gosto nada, agora lá vou eu ter de escrever uma posta em papel, que isto de conciliar o papel de analista política com o de mãe solteira é uma porra…(será que há uma mesa nos escorregas?)


Os pré-derrotados

Sempre me fez confusão que se implorem votos como pão para a boca. A mão estendida, o olho murcho, o esgar de sofrimento tentando o sorriso. A cara de quem já sabe que perdeu e não sabe perder, a desculpa tu-cá-tu-lá da gripezinha, do cansaço, da falta de sesta…sem falar no amuo, no assim-não-brinco, no ninguém-gosta-de-mim-ninguém-me-liga-vou-perder-e-é-batota.

O que eu admiro nas campanhas eleitorais americanas é que todos os candidatos se comportam como se tivessem a certeza absoluta que vão ganhar sem margem de dúvidas. É o circo dos sorrisos seguros, da atitude prá-frente-siga, dos balões e do fogo de artifício, mas um político que quer ganhar não pode andar a arrastar os pés e a assoar-se para as televisões, só um momento, atchim…é humano como os outros? É, claro que sim, mas não pode perder a confiança nele. Se sabe que vai perder, que perca com balões e fogo de artifício, que perca com élan, que até ao fim se comporte como se fosse ganhar. Não é só uma questão de dignidade: é uma questão de angariar votos. Ninguém aposta no cavalo que já vem coxo antes da corrida.

Um dia destes estava a ver os vários candidatos e a pensar nisto.

O que vai ganhar está eufórico, entusiasta, aos saltinhos de contente, a imagem é de segurança, de entusiasmo: quase que fiquei à espera dos balões e das marchas, talvez até um John Philip de Sousa…se mantiver aquele ar, não me admirava nada que lhe fosse oferecida uma maioria absoluta.

Depois pegamos nos outros três mais pequenos.

Curisosamente, eu que continuo a pensar que o PC escolheu muito mal o seu candidato (um homem das bases não consegue acompanhar o tecnocracismo e a retórica dos políticos actuais – mesmo quando são mauzotes, todos eles – e, embora acredite que esse facto traga alguns votos, nunca serão tantos como os do anterior), achei que estava muito bem. Não se via ali qualquer indício de antecipação de derrota, talvez exactamente por ser um homem das bases: tem essa segurança, a de um PC que já não existe, mas no qual ainda há quem acredite cegamente.

Quando ao pai de família nacional, também ele é tudo segurança nos disparates que diz. Debita-os à lei da velocidade da luz, está tudo bem, qualquer coisa que diga é indiferente: vai ter mais votos e sabe, pode dar-se ao luxo de prosseguir com a sua campanha de pensamento ligado à boca. Vai sempre ter tudo quanto é intelectual que se preze atrás e não votar BE é parolice

Finalmente, o outro, um bocado à toa. O retrato da noiva já um bocadinho gasta de casamentos defraudados, um bocadinho de pé atrás, sabendo que depende sempre dos despautérios que o noivo faça, querendo desmarcar-se mas sem poder. Mas vai-se aguentando.

Adiante.

Estou aqui a pensar que sou capaz de me ter esquecido de alguém, mas é talvez alguém que se recolhe à cama com gripe: e nestas coisas da política, quem não está presente, é esquecido…

(PS – com propriedade – ainda não percebi bem se o Prof. Freitas do Amaral é um homem coerente com as suas convicções ou se está completamente gagá, mas uma coisa é certa: quase me convenceu com o artigo da Visão…tire-se-lhe o chapéu, o senhor escreve mesmo bem…)