100nada

Uma volta, depois tropeço

Dou uma volta pelos blogs, leio aqui e ali, que não tenho tido tempo nenhum. Um passeio sossegado sem pressas, de um salto para outro, já sei mais ou menos os caminhos que me interessam. Vou lendo num torpor agradável, como quem vai folheando as páginas de uma revista (talvez a Kapa)

e de repente

tropeço numa frase: leio. Volto para trás. Releio. Li bem da primeira, confirma-se. E começo a rir, a rir, a rir, a rir…acordo dos blogs com a certeza absoluta que há gente muito muito burrinha em todo o lado, incluindo na net.


Vamos lá esclarecer as dúvidas todas!

A Lili telefonou agora, irritadíssima:

– olha apardalada…quié? Tou boa tou! Tou é sem tempo que vou a meio de um café com toblerones na companhia de uns olhos verdes de cair para a banda e só te estou a ligar porque ando enervadíssima com a minha amiguinha Ruiva e isso até me tira concentração para estes afazeres o que não pode ser de todo! Nunca tive uma reclamação de falta de atenção não vai ser agora que estes chocolates são do melhor que há e…isso não tens nada a ver com isso! Não me maçes agora que tenho mais que fazer! Lá por teres um vida de estúpida e seres uma cusca do pior, eu não te conto nadinha, ias logo espetar no blog, quase que aposto! Bem, não me interrompas, que ele foi só ali buscar o açucareiro e eu ainda preciso de dar um jeito ao cabelo que entretanto ficou coiso, bem adiante, diz lá à querida Ruivinha que, para acabar de vez com essas dúvidas todas vá ver isto

e manda beijinhos para todas da Lili!!!!:)))





Chuva de guarda-chuvas perdidos

Às cinco e meia em ponto, nunca pensei ver tanta gente. Afinal na NZ há mais gente do que eu pensava, que estranho. Por que portas entrará esta gente que eu nunca vi, não sei quem são; mas se cá estão, alguma coisa haveremos de ter em comum, pergunto-me o quê, não sei. Talvez um guarda-chuva perdido no dia em que a chuva parou, talvez nada mais nos ligue, um cabo, umas varetas, um pedaço de pano impermeável. Coisa pouca realmente. Mas a NZ é grande…porque é que faço esta ligação? Também não sei. O bom das viagens é não ser preciso fazer perguntas, só tirar polaroids com má luz, fotografias imediatas e únicas em papel cuja maior qualidade é que se vá esbatendo com o tempo.

É a praça dos meus dejá vus todos, sei exactamente que ruas daqui partem, vejo-as sempre, já sei onde são. É engraçado que a NZ que aqui pinto se pareça tanto com essa terra que nunca vi senão nos sonhos recorrentes das mulheres que partilham o mesmo nome que eu.

Eventualmente há-de aparecer uma onda, mas isso será mais tarde.

Por agora, são cinco e meia e eu aguardo a chuva de guarda-chuvas perdidos, sentada no último degrau do escadote que aluguei. Não fui a única: pelo meio da multidão há outros escadotes, os degraus todos ocupados (também emprestei os restantes degraus, reservei-me o de cima, não sou criatura alta)

começa a chover.

Assim, de repente, sem aviso, sem se ter dado por nada, sem aviso de nuvens no céu. Só água, água, ficamos encharcados num segundo, cabelos colados, caras para cima, olhos fixos não se sabe em quê. Perguntei antes de que se tratava afinal? Ninguém me soube responder, creio que apenas se vê uma chuva de guarda-chuvas perdidos uma vez na vida. Ou então há outras, segredadas entre os iniciados.

Não sei como, a chuva fica às cores, lá em cima. Manchas de cores a voar. E começam a cair. Todos os guarda-chuvas que perdemos na vida, todos os que nos esquecemos nas entradas de casa de alguém, nos cantos dos cafés, nos carros dos amigos, todos os que emprestámos só para aquela chuvinha, todos os que nos desapareceram inexplicavelmente. Todos os guarda-chuvas que já nem nos lembrávamos que existiam.

O mais curioso é que já não os queremos.
Acabamos a trocar guarda-chuvas, como se trocam histórias.
Dadas.


Ahhhhh que boooommmm!

Tá cá um calor aqui na NZ! Que boooooooooooooommmmmmmmmmmm! Dêem-me quarenta graus ao sol, guarda sóis e cadeiras de esplanada com almofadas, ice tea de pêssego gelado (ficava melhor aqui gin tónico, mas não me apetece), dêem-me camisolas de alças, cigarros acesos contra o vento quente, areia (não muito perto, pelise!), uns barquinhos ao longe para ficarem bem na fotografia, umas paisagens simpáticas mais ao perto…hummmmmmmmmm!


Gone now

À entrada da Nova Zelândia *

estranhíssima esta entrada, não conhecia. Há muitas entradas para a Nova Zelândia, nunca se entra pela mesma porta. Esta é uma porta escondida com fitas até ao chão. Podiam ser aquelas fitas de plástico às cores, mas não são. Mais estreitas, um pouco rasgadas…quando as afasto para passar percebo que estou a passar por uma porta tapada com fitas feitas de tirinhas de pano usadas e desfiadas, coladas umas às outras. Pelo meio ainda se percebem algumas letras, OM IM: agora já sei onde vão parar todas aquelas tirinhas descartadas por milhares de pessoas ao longo de anos e anos: é aqui, a esta porta, coladas umas às outras, para tapar a entrada. Não sei se me quero debruçar sobre algum significado esotérico de colagens de desejos que nem sei se se cumpriram…entro e pronto.

e à entrada da Nova Zelândia

está um placard que anuncia

Chuva de guarda chuvas perdidos hoje, às 17:30. Entrada grátis. Portas fecham após o início do espectáculo.
Favor desligar os telemóveis.

Vamos ver do que se trata…pelo sim, pelo não, vou alugar um escadote. Não vá o guarda-chuva que eu quero escapar-me; assim de mais alto, talvez consiga encontrar o meu.

(* New Zeland is an altered state of mind)



Muita coisa

e eu muito cansada.

Por causa de um comentário da Partilhas (agora não tenho o link do blog) ali num texto mais abaixo

Toma lá uma beijoca mulher e destila lá tudo de uma vez. Que há algum tempo, não me fazes rir…

fiquei a rir, mas fiquei a pensar nisso: realmente este meu tasco está uma neura que não se aguenta. É verdade. Pá…aguentem-se rapaziada. Melhores dias virão. :)
Eu vou prosseguir o meu caminho entre a choradeira e a fúria escrita. Não é por essa razão, mas façam de conta que estou numa contagem decrescente, sei lá, para fazer anos ou assim…;)