Sem ideias…

Há uma leveza na vertigem que eu não sou capaz de apanhar agora. Como se esta treta me obrigasse, é isso, me obrigasse. Ou então é sono, também pode ser sono. Ou ainda o bolo, nunca mais quero ver aquele bolo na vida. Ou então é coisas, sei lá, aquelas que não se escrevem. Um dia destes estava na cama a escrever um texto. Na cabeça, claro, os textos melhores são sempre escritos, não, são sempre não-escritos na cabeça. No papel é a desgraça que se vê (não, não é choradinho, é mesmo assim), mas qual papel? Este, que coisa, não me habituo a escrever teclado ou monitor, e também já me desabituei de escrever em papel…no mans’ land. Bom, o texto era uma espécie daquelas merdas que até parecem uma coisa assim muito pensada, fruto de uma vida, dessas, na realidade estava ali a divertir-me imenso a escrever na cabeça, a mudar palavras, mas a coisa até parecia funcionar. Agora não sou capaz. Bof, também não interessava muito, era só uma receita para largar amores desfeitos, quem é que precisa disso? Claro, ninguém, pois era o que eu calculava, tão popular como a receita de tirar nódoas de vinho tinto do sofá; limpa-se com branco, mas não era essa a receita, embora em certos casos, resulte, eu escrevi certos? Era todos, mas não era essa a receita de qualquer modo, era uma coisa mais coiso, ai que sono, falta-me a palavra, mais palavrosa, não isso não era, mais (eu bem gesticulo, mas não se vê aqui nas letras) mais, deixa cá ver o gesto, mais empadão. Ou melhor, soufflé, mais soufflé. Muito corpo, cheio de ar. Picar o balão. Também não era essa receita. Mas era uma boa. Quando me lembrar eu digo…

…ah, já sei. A ver se consigo transcrever a coisa.

Não se esquece um amor desfeito (começa bem, hein? Original e tal)
Abraça-se. Abraça-se de tal forma que se torna tão nosso como se fosse um braço ou uma perna, um rim, um fígado, um pulmão.
Quantas vezes por dia se lembra um gajo do baço, hum?

Tava bem visto ou quê? Vou mas é dormir.

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