100nada

Tiros de escrita

Roer palavras até ao tutano, mordê-las e mastigá-las, ruminá-las, por serem exactamente as que se querem escrever e não servem, nunca servem, faltam palavras ou são demais, ou são as que se queriam cuspir, puxar atrás todas as palavras e cuspi-las com força, como se fossem caroços ou balas, mas quem disse que as palavras não são uma arma? Mortífera, carregada, apontada ao coração de alguém, ou à própria cabeça (é o mesmo não é?), palavras que apontam e se guardam à cintura, nos bolsos e nas bainhas; ou que se disparam e matam, mesmo quando não se quer.

0 thoughts on “Tiros de escrita

  1. TheOldMan

    As palavras conseguem fazer tudo, desde dar vida até matar. São o recurso mais versátil que se pode ter, desde que alguém as oiça ou leia.

  2. duende

    Não sei quem disse tal e parece-me um disparate. Eu cá sempre ouvi dizer que as palavras eram a mais poderosa das armas. Quando escritas então, são implacáveis. 😉

  3. catarina

    ‘desde que alguém as oiça ou leia’…pá, fartei-me de rir quando li esta frase: é o que se chama sentido prático. Pois claro! Enquanto que uma bala dispara mesmo, quer se queira ‘ler’ ‘ouvir’ ou não.

    Pois não sei Nelson, nunca levei um tiro. 😉

    Duende, afinal em que ficamos? É disparate ou não é?

  4. duende

    “mas quem disse que as palavras não são uma arma?” O disparate é este. Tu perguntas quem disse, eu respondi que não sabia. :)