O som da Patagónia (temos cabras mas com botas)
Mais umas pedras, quase que se juraria que um camião tinha por ali passado e despejado aquela montanha de calhaus, ali mesmo no fim dos primeiros quinhentos metros do quilómetro que faltava. É sempre assim, a parte final de qualquer caminho: um monte de pedregulhos, trepa e desce, trepa e desce e um pé torcido. Para quem não usa botas. Mas as botas estavam a dar provas: aquele tempo todo mergulhadas em água salgada tinha sido afinal salutar. Marcou aquele pensamento com uma etiqueta de coisas úteis a usar mais tarde. E depois lembrou-se dos pés: azuis e inchados, tinha sido muito difícil arrancar aquelas botas, mas varreu logo essa memória como se varre o cotão para debaixo de um tapete: está lá; mas não se vê.
Poder-se-ia dizer (e ficaria bem dizê-lo) que saltitou as pedras todas. Mas não seria verdade, pois não era uma cabra montesa, apenas uma cabra de botas. E as cabras, toda a gente sabe, não usam botas roubadas a náufragos, sete números acima. Saberás tu que uso agora as tuas botas, perguntou ela ao náufrago, mas ele não ouviu, já que tinha ficado para trás, na jangada a meio do mar, onde o tinha encontrado. Ou teria sido ele a encontrá-la, uma rapariga descalça, a deslizar numa canoa agora enraizada? As raízes, arrancam-se se for preciso, mas o pescador está de guarda e o caminho de volta tem mais calhaus…melhor andar para a frente e, ao passar pelo lado de uma pedra mais alta, viu outra placa:
A Última Coca Cola Do Deserto, em frente. Aberto 24 h.
Em frente de quê que só vejo mais pedras, pensou ela, mas não teve tempo para mais nada, só cair para trás em cima de uma pedra (felizmente era lisa) para deixar passar a banda.
Não era uma banda alegre. Era um carnaval de enterro.
“Cães de caça da Nova Zelândia, especialmente treinados, vão se enviados para as Ilhas Galápagos para livrar o arquipélago das cabras que devastam a vegetação. O método consiste em transportar os cães de helicóptero para as zonas escarpadas, onde vivem as cabras. Estes cães caçadores de cabras valem, cada um, cerca de 1.020 contos e deverão .calçar. botas em couro, devido às cortantes rochas vulcânicas das Galápagos.”
Cuidado com os cães. :)))
Obrigada pelo aviso!
Cães com botas? Que coisa extraordinária, as coisas que tu te lembras!!! 
Que EU me lembro? Lol!
Ok, não te lembraste de lhes calçar as botas, mas lembraste-te da coisa, certo? :p Também gosto de Galápagos, fica bem num post, logo hei-de inventar qualquer coisa com esses cães, que me cairam mesmo bem…:)))
Sete números acima? Ou a Catarina tem pezinho de princesa ou era um grande náufrago.
36 – 43: não parece uma boa proporção? 😉
Confesso aqui uma fraqueza que ninguém conhece por rapazes de pés grandes, i.e. rapazes pra cima de metro e oitenta…;)))
“Ninguém conhece”??
LoL e LOL
ah…er…pois…sabias era? ;))))