A inocência que fica pelo caminho
Estendia-te a mão de bom grado. Vejo que precisas, vou assistindo ao teu solitário sofrimento. Estendia-te a mão já. Não era por pena, era por solidariedade. Estendia-te a mão…mas tu ias mordê-la.
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- Dúvidas existenciais
conhecerás por certo a historinha do escorpião que pede à tartaruga que o leve a atravessar o rio…
não importa quantas vezes o escorpião prometa não picar, ele nada pode contra isso, pois se é da sua natureza fazê-lo.
Pois conheço…mas quando escrevi isto, não era aplicado a escorpiões. É mesmo saber que não é aceite uma mão que se estende, por orgulho e medo que seja por pena. Pessoas que estão sozinhas, mas desconfiam de quem se aproxima delas.
Estender uma mão é um nobre gesto de carinho amor e partilha… gostei muito, obrigada…
É coisa que merece um post, o ‘estender uma mão’, mas noutro lado, mais eu.
Ou passar por ela indiferente. Talvez fosse ainda pior. 😉
Vale a pena arriscar uma dentada certa, Du?
a mordidela trata-se e cura-se… A solidariedade vai-se vendo cada vez menos, infelizmente. Arrisca,vale sempre a pena!
O truque é não a estender, é dá-la, deixá-la cair em cima de ombro porque o toque fala por nós.
Beijinho Catarina
Esqueci-me de dizer que gosto de escorpiões. 😉
Este estender a mão é fruto de que sentimento (não da Cat, mas em geral)? É que a substância deriva do seu fundamento. Fala-se de solidariedade, mais recentemente de compaixão, cuja significância nos advém, precisamente, da Paixão, daquele que dá sem esperar receber em troca.
O que a Cat escreveu (e de que maneira…) liga-se a esse sentimento, termos compaixão por e, então, estendermos a mão. Ora, ainda assim, e apesar de nada esperarmos em torca, a mordidela dói-nos.
Pessoalmente, tento adoptar não o estender a mão, mas o ter a mão estendida que, no meu imaginário, deriva de um intrínseco Amor pela Criação e mais adequado às muito esquecidas Palvras: «Perdoa-lhes, Pai, que eles não sabem o que fazem», para mim, o fim último da Paixão, não dO que foi dando mas dO que deu a vida por nós. E assim, não há mordidela que doa mais do que as que eu possa dar.
Olha, o Carlos já disse mais ou menos o que eu te ia responder. Não sei se vale a pena, Catarina. De um modo geral evito estender a mão quando não sei o que esperar. E se tiver a certeza que é uma dentada, então é que nada feito. Mas felizmente, há muita gente que não é como eu.
Catarina, que estilo (de escrita, claro). Mas nem precisava dizer não é?
Quanto ao conteúdo… morderia?
Continuo sem saber se é melhor a opção da Duende e do Carlos ou a da Maré e da Amita…o primeiro impulso é estender uma mão, não é? O resto, são as outras dentadas que levámos que nos retraem, ou o pudor de mostrar que se vê o sofrimento que alguém carrega escondido. É complicado ser ‘uma pessoa grande’. Perde-se qualquer coisa no caminho, essa inocência de dar sem pensar. E no entanto, penso que seria bem mais solidário estender sempre a mão. Enfim…
…se fosse ao contrário, eu provavelmente morderia…:)
O problema está exactamente aí. Eu provavelmente também…
…pois…:)