Pena de Morte
Charlotte, a minha opinião é muito simples:
Em abstracto. Concordo com os argumentos contra. Que os tribunais não podem decidir sobre a vida e a morte, que não serve de nada como exemplo para outros psicopatas, que seja um castigo maior para o culpado uma pena longa e não uma saída rápida. E por aí fora.
Em concreto. Se alguém fizesse mal ao meu filho e eu soubesse quem era, não havia justiça que lhe valesse. Ia lá e dava-lhe um tiro. Como se fosse um bicho mau. Ponto final.
É que eu acho que há pessoas e há criaturas que largaram a humanidade. Só são pessoas por fora.
- Alta!
- Amanhã
E quando se larga a humanidade, apenas resta o lado de besta irracional. Quando assim é, não se tem capacidade para viver em sociedade. Um crime pode ser discutido por milhões de pessoas ao terem conhecimento dele, mas jamais terá discussão possível para quem sofreu na pele esse mesmo crime. De facto a morte do agressor não tráz de volta quem ás mãos dele pereceu, mas por outro lado fica a certeza de que não tirará a vida a mais ninguém. Beijinhos
É exactamente isso Naza.
Ora bem, só agora venho a este porque estava aqui a pensar numa maneira simpática de discordar de ti.
Em última análise, tuas ias presa e o teu filho, carregaria toda a vida o estigma de ter uma assassina por mãe. Ah, eu sei, eu sei. É fácil falar até porque nunca acreditamos que tal nos vá acontecer. No caso de o mal que fizessem a alguma criança que te fosse próxima (desculpa, não escrevo o teu filho aqui porque por vezes tenho tendência para a superstição)lhe causasse a morte, mesmo assim acabarias por te arrepender do que tinhas feito com a tua vida. Psicopatas e pedófilos não têm cura, já o sabemos. Sâo-no para toda a vida. Se eu os matava a todos? Bem, vontade realmente não falta. Mas quando me falam de pena de morte, tenho sempre obrigação de me recordar dos que foram executados e depois se veio a descobrir estarem inocentes. Só no dia em que a justiça fosse perfeita. O que é o mesmo que dizer, nunca.
Esqueci-me de dizer onde discordo.
Num caso concreto, eu não ia lá matá-lo. Tenho quase a certeza disso.
Podes discordar à vontade.:-) Tenho plena consciência de ter uma posição extremista neste assunto. Eu comecei por dizer que, teoricamente, sou contra. Se me perguntares a opinião, eu dir-te-ia sempre, sou contra a pena de morte. Esqueci-me de colocar no meu post essa razão que apontas e que é fundamental: se o culpado não poderia eventualmente o errado…e por isso escrevi ‘se eu soubesse quem era’. Sem qualquer margem de dúvida. Mas por mais que dê voltas ao assunto, quando me tento, (porque acho que não é possível) meter na cabeça das mães que perdem os filhos às mãos de psicopatas, não consigo, não consigo mesmo nem considerá-los como humanos, nem encontrar qualquer perdão.
Catarina , eu tenho dois filhos e percebo o que dizes mas isso não tem nada a ver com o assunto porque também é verdade que se eu fosse cirurgião e tivesse dois doentes a precisarem de um transplante e um fosse o meu filho ou filha …. Por isso é que com propriedade se afirma que a justiça é cega .
Catarina: precisamente, disseste o que eu também digo: não é a vida do monstro que está em causa. Se um familiar fizesse justiça pelas próprias mãos, sujava-as mas era um acto compreensível e eu esperaria que a pena fosse pequena. Mas isso é a tal vingança com risco, com sacrifício, sujando as mãos. O que me incomoda são aqueles que querem uma vingaça de mãos limpas, como o bacano do Memória bem referiu. A vingança de mãos limpas é entregue ao Estado e este encarrega um funcionário de pressionar o botão. E pronto, ficamos todos satisfeitos e podemos e a seguir vamos ao cinema ou à discoteca. A barbárie não está necessariamente na morte, está em torná-la pedagógica e praticada por um colectivo. Se ouver enganos o responsável é o Estado e depois há sempre um funiconário que se torna faccínora de profissão. Isso é que é cobarde e ninguém me convence que não seja uma regressão em relação a todos os valores que a civilização já atingiu. Nos países mais bárbaros a morte é fácil. Quer por assassinos quer por justiceiros. E não diminui por haver pena capital.
Não confundam emoções com leis, por favor.
houver, sorry esta também merecia pena capital “:o+
e eu ia jurar que esta ideia da pena de morte aparece agora defendida por tanta gente que se diz civilizada, precisamente porque se quer tudo fácil e sem risco.
As pessoas dizem que têm muita raiva, que se pudessem faziam assim e assado. Mas não fazem nada. Não fazem nada em lado nehum e todos sabemos que podemos estar a ser assaltados no meio da rua que não há quem se atire ao gajo. Podemos ser vítimas de agressão que não ha´vizinho que se lembre de denunciar. Depois, também não há amizade que seja capaz de fazer tudo por um amigo como noutras épocas mais bárbaras mas com códigos de honra que entretanto desapareceram. Hoje delegamos tudo, se possível longe da vista e longe do coração. Porque quando vemos e sentimos isso incomoda-nos. Incomoda porque vemos ao espelho a poltranice de que somos capazes. Então é bom que o Estado tire o que incomda da frente. E defendemos a eutanásia, e a pena de morte mas não partimos a cara a ninguém nem somos capazes de suprimir um amigo por muito que ele sogra- o médico que o faça, o carcereiro que carregue no botão.
ups, sogra não a sogra é lixada mas não mata.. sofra! “:O?
muito se ri o Freud com os nossos lapsos
Sempre pensei que a pena de morte seria a solução para enfrentar os erros humanos. Durante anos questionei-me e sempre pensei desta forma. Hoje, presentemente, oponho-me completamente a tal acontecimento, pena de morte NÃO. Quem somos nós para tirar a vida a alguém, mesmo que a pessoa que seja julgada o tenha feito? É tirando uma vida e sendo criminoso que se vinga os crimes de alguém? Quem julga ser o País ou o estado para o fazer? Não, ninguém tem o direito de fazer. Não existe nenhuma morte que não seja dolurosa. Até a própria Eutanásia provoca dezoito minutos de sofrimento. Existem formas da pessoa julgada ser ponida, tal como a prisão prepétua. Gostaria que todos nós pensassemos desta forma, mas quem diz que eu estou correcto? Daí a pena de morte ser um dilema moral.